domingo, 18 de janeiro de 2015

NEM TUDO É O QUE PARECE

Pronto para servir, em pequenas porções...


Há uns quatro anos atrás, ganhei uma muda de pitanga, delicadamente plantada em um vaso e importada de Plácido de Castro. Adoro pitangas e havia provado umas deliciosas lá em Plácido, razão pela qual a amiga gentilmente me produziu e enviou uma muda. Mesmo desafiando as regras e correndo o risco de que a coitada ficasse com as raízes tortas, não a replantei de imediato. Após um bom tempo, troquei-a para um balde maior e assim fui levando.

Não me entendam mal. Tenho um amor danado por plantas e as frutas então, merecem toda a minha atenção. Mas íamos mudar de casa, todos os prazos estouraram e me vi com esta muda por muito mais tempo do que deveria confinada em um balde, mas recebendo regas e sombra da mangueira que lhe servia de abrigo. Assim que nos mudamos, há cerca de dois anos, plantei imediatamente a pitangueira e dois pés de limão siciliano, que por sinal, cresceram de modo completamente desigual. Um já passou da cerca e minha esperança é que até o próximo inverno ele nos mostre nem que seja uma de suas flores.

O outro, mirradinho, não desiste nem se deixa intimidar pelo irmão maior. Segue com um galho verde como a mostrar que não se entrega e assim vamos levando. Um dia desses, a moça que trabalha aqui em casa me entregou duas frutinhas e me informou serem da pitangueira. Fiquei meio entre decepcionada e chateada. Queria ter colhido o primeiro fruto, ver como estava a árvore, enfim. Mas, quando os peguei, fiquei mais surpresa ainda: a pitangueira tinha virado um belo pé de acerola.

Não lembrava direito como era a árvore da pitanga e tão certa estava de ter no quintal uma pitangueira que jamais me passou pela cabeça estar ali outra fruta. Acho que o pé de acerola é bem maior mas como ela passou muito tempo com as raízes espremidas, agora é que está lançando seus galhos mais longe. E por estarmos em pleno inverno, o que significa chuva em um dia e no outro também, hoje fui colocar a seus pés um pouco de estrumo.

E para minha surpresa e alegria, há várias flores dando o ar da graça. Por desencargo de consciência, pois até agora ainda não entendi como um pé de pitanga virou um pé de acerola, captei a mensagem da flor,  como diria aquele antigo personagem da Escolinha do Professor Raimundo, Rolando Lero (interpretado magistralmente pelo ator Rogério Cardoso, já falecido) e fui pesquisar.

Não há mais dúvida nenhuma: por quatro anos cuidei de um pé de pitanga que virou pé de acerola. Agora, é se preparar para as futuras safras e correr atrás de uma mudinha de pitanga, que caso o leitor ou a leitora saiba onde existe, estou pronta a adotar esta pequena. Enquanto isso não acontece e minhas acerolas não aparecem, que tal chamar os amigos e preparar um ceviche de cupuaçu? É fácil, é rápido e pelo menos numa mordida inicial, talvez eles pensem que estão comendo peixe. Assim é se lhe parece, alguém já disse lá atrás.


A minúscula flor do pé de acerola da minha casa, vulgo pé de pitanga... 


Aproveite para se deliciar com um dos pratos mais queridos do vizinho, esse país tão especial e mergulhado em cultura que é o Peru, acrescentando ao prato um pouco da nossa história, com uma de nossas frutas de mais personalidade. Essa entradinha é leve e refrescante e fará sucesso! Experimente!

Ceviche de cupuaçu

Ingredientes

1/4 de xícara de polpa de cupuaçu (é importante que seja in natura e de preferência cortada com tesoura, como se faz de forma caseira por aqui), ligeiramente amassada e bem gelada
01 colher de sopa de suco de limão espremido na hora (talvez seja necessário um pouquinho mais)
01 castanha do Brasil crua, mas não fresca, cortada em tiras fininhas
02 colheres de sopa de cebola roxa bem picadinha
1/2 a 1 colher de sopa de leite de castanha levemente adoçado 

Obs: Para fazer o leite, bati no liquidificador 200 g de castanha do Brasil crua com 03 xícaras de água. Coei numa peneira bem fina, congelei o bagaço para usar depois e levei o leite ao fogo com 02 a 03 colheres de chá de açúcar e 01 pitada de sal. Deixei reduzir e usei no ceviche a quantidade solicitada, ou um pouquinho mais, a gosto. O restante usei em outras preparações, como para acompanhar a torta de maçã do post anterior ou como parte dos ingredientes de um suco. Pode ser feita metade ou 1/4 da receita, mantendo as proporções ou ajustando-a ao seu paladar.

Modo de fazer

Numa tigela de louça ou cerâmica, coloque a polpa bem gelada, o suco de limão, a castanha, a cebola e misture bem, amassando um pouco. Caso necessário, coloque um pouquinho mais de suco de limão. Acrescente o leite de castanha levemente adoçado, prove e ajuste, se necessário. Deixe descansar por cinco minutos e sirva em pequenas porções, como entrada, acompanhados de castanha do Brasil em pequenas fatias e limão cortado em pequenos gomos, com a casca mas sem a parte branca. Prepare pouco antes de servir, de preferência, embora se mantenha bem na geladeira. Não coloque sal, nem cebolinha ou coentro, nem qualquer tipo de azeite, mas se desejar, fique à vontade. Pode ser servido com pequenas torradas de pão integral.  



Fase de teste, ainda sem o leite de castanha...

Nenhum comentário:

Postar um comentário