domingo, 4 de dezembro de 2016

COMIDA PARA ACOLHER

O pirarucu do meu pai, adaptado, bom para acolher...



Quando eu era criança, a maior parte das vezes quem cozinhava em casa era meu pai. Sempre tivemos uma ajudante, pois minha mãe trabalhava fora e longe de casa. E com quatro irrequietas crianças e um quintal cheio de árvores, dá para imaginar a confusão. E sim, não tinha computador nem filminhos viciantes na TV. Aliás, quando eu era muito pequena, nem TV. Era correr para escutar as novelas do rádio, grudada para não perder nada, subir em árvore, andar de bicicleta, jogar futebol com os irmãos, ler muito e brincar, brincar e brincar.

Meu pai tinha trabalhos mais próximos de casa e nunca deixou de meter a colher, ou melhor, todas as colheres, na comida das ajudantes. E cá entre nós, a comida dele sempre foi mais gostosa. O feijão com jabá e banana comprida insuperável, o repolho cortado o mais fino possível para a salada e os bifes caprichosos sempre foram uma alegria. E no dia que tinha pirarucu com leite e batatas, pra mim era dia de festa.

Eu era muito enjoada pra comer. Eram tantas as restrições que eu fazia, que sobravam apenas bife, arroz e salada. A salada e o feijão, ambos do meu pai, comidas em tigelas separadas. Não me lembro de bacalhau quando criança, apesar do meu avô português. Mas o pirarucu que o meu pai fazia, sim, sempre. Ele o preparava numa panela enorme, cheio de batatas e cebola. Não usava leite de coco, acho. Eu não tomava leite de vaca, mas uma vez perguntei e acho que era o leite com o qual ele fazia o pirarucu. E eu adorava.

Esses dias tive a alegria de acompanhar a chef Mara Alcamim, chef e proprietária do restaurante Universal Diner, de Brasília, que veio a convite do Governo do Estado do Acre e Federação das Indústrias, com o apoio de vários parceiros, ministrar oficinas e palestra. Levei-a, é claro, para conhecer as delícias da terra e fomos à Ceasa e depois ao Mercado. Foi um divertimento acompanhá-la, enchendo as sacolas de compras, do feijão à goma, açúcar mascavo, jambu e tudo o mais que encontrou de diferente.

Não resisti e comprei um lindo filé de pirarucu, para mim, até hoje, comida de alma, como diz a escritora Nina Horta. Comida para acolher e cuidar. E após esta semana, em meio a uma crise de Ler/Dort, lembrei-me do pirarucu. E pedi à minha fiel escudeira Ivone que o cortasse e dessalgasse. Com as verdurinhas cortadas e a carne já com o sal na medida, fazê-lo é muito simples. Usei o leite da nossa castanha, hidratada antes e batida na hora, para não fermentar. Os acompanhamentos ficam a seu gosto. Usei cebolas, tomates cereja, couve e batatas. Um arrozinho branco e o conforto de uma comida simples, carregada de referências afetivas. Igual abraço. Faça e convide os amigos e os familiares, fica uma delícia!

Pirarucu ao leite de castanha do Brasil

Ingredientes

Para o pirarucu

Aproximadamente 450 g de pirarucu já dessalgado, cortado em pedaços não muito grandes, escorridos
01 cebola roxa média, cortada em cubinhos bem pequenos
02 dentes grandes de alho, amassados
02 colheres de sopa de azeite
03 cebolas descascadas (usei a roxa, mas podem ser brancas), cortadas em quatro, cada
04 folhas de couve, cortadas em pedaços grandes, com os talos
tomates cereja, a gosto, ou tomates médios, cortados em quatro
03 batatas médias, descascadas e cortadas em pedaços grandes
Cebolinha para enfeitar depois de pronto
Ovos cozidos e azeitonas pretas (a gosto, opcionais). Não usei desta vez.
08 a 10 castanhas do Brasil cruas, deixadas de molho em água, batidas na hora com 1 xícara de água quente

Modo de fazer 

Numa panela de barro ou uma de fundo grosso, coloque o azeite e em seguida o alho, mexendo um pouco. Coloque a cebola roxa picadinha e deixe suar. Arrume as postas do filé de pirarucu já dessalgado (ou do peixe sem peles e espinhas, já dessalgado, caso não use o filé) e por cima arrume as cebolas, a couve, os tomates e batatas. Bata as castanhas com a água quente e se desejar, coe. Vá acrescentando à panela aos poucos, para que o peixe e as verduras/legumes cozinhem no líquido. Se desejar acrescente os ovos cozidos e azeitonas. Prove o sal. Tampe a panela e deixe cozinhar até que estejam macias as verduras e legumes, sem desmanchar. Enfeite com cebolinha picada. Sirva com arroz branco. 




EU PROMETO...

OBSERVAÇÃO: Esse cordeiro foi preparado há alguns meses mas eu não tinha finalizado o texto para postar, por vários problemas. O projeto menos cinco ainda está de pé, pois ainda não perdi nenhum dos quilinhos a mais! Bom apetite!




O prato pronto para servir, acima.




Não sei quanto a vocês, mas tenho um grave problema, recorrente: vivo prometendo, me prometendo e prometendo aos outros que desta vez, sim, faço dieta. E sofro, porque não consigo cumprir esta determinação que não me determina nada. Vejam só, não tenho que perder mais do que meros cinco quilos.

Olhando assim, parece muito, muito pouco. Claro que se eu pegar nas mãos um saco de cinco quilos de qualquer coisa, garanto a mim mesma que desta vez, sim, cumprirei a promessa que faço todo dia a mim mesma, particularmente a cada pedaço de pão integral, doce de leite ou brigadeiro de chocolate meio amargo que vejo pela frente.

Não pensem vocês que eu como muito. Nada disso. Mas a idade, o prenúncio da menopausa, o exercício que eu até consegui fazer mas estou em parada técnica, o hipotireoidismo, a vontade louca de experimentar comidinhas e a absoluta capacidade de me boicotar estão me engordando um bocado. Vivo em briga constante comigo mesma.

Em mim, cada colherada, pelos problemas já relatados, rende por três. Não gosto de doce com muito açúcar (abro uma exceção para um pedaço de quindim), tomo suco de limão e cupuaçu ao natural sem fazer careta, café em noventa por cento das vezes sem adoçar nem um tico mas...não tem jeito.

O universo das gordices é infinitamente maior e mais tentador do que as comidas saudáveis. E até entre elas, há que ter cuidado com os vegetais e legumes que podem piorar uma ou outra situação. O gengibre, por exemplo, tão saboroso e de tantas propriedades terapêuticas, precisa ser usado com parcimônia por quem, como eu, tem hipertensão arterial. Minha sorte é que adoro todo tipo de salada, não gosto de comida gordurosa e não faço questão de muito sal.

Mas vivo cheia de boas intenções ladeada por bocadinhos de rabo comprido e chifrinhos, carregados de queijos e geleias, pães e tortinhas, macarronadas e risotos...meu universo de trabalho gira hoje em função da comida, o que me dá muito prazer. Degustar, experimentar, ler bons livros de gastronomia, participar de eventos, cozinhar, tudo isso me relembra sempre uma frase dita para mim por meu filho mais velho: "Mãe, se você trabalhar com o que gosta, isso não é trabalho, é diversão".

Claro que ainda temos muitos percalços, mas adoro o que faço. E desta vez, decidi dividir com os amigos e leitores deste blog a minha futura dieta. Já estou com o endocrinologista marcado e minha querida amiga nutricionista virá logo em seguida. Até lá, somos eu e vocês. Se eu fizer alguma experimentação nova, serão vocês que irão degustar. Portanto, fiquem atentos. O projeto MENOS CINCO vai começar! E para não perder o costume, posto a receita da ótima paleta de cordeiro produzida aqui no Estado. Marinada de um dia para o outro e assada devagar em forno baixo, ficou deliciosa!

Paleta de cordeiro com arroz sete grãos, tomate recheado com castanhas e frutas secas e farofa de pão caseiro de fermentação natural    

Para a paleta

02 paletas de cordeiro (propositadamente não retirei a gordura e não furei a carne)
Sucos de 01 laranja e 01 limão
Sal e pimenta do reino moída a gosto
01 colher de chá de sementes de coentro, levemente esmagadas
01 pedacinho de anis estrelado, levemente triturado
Hortelã seca e fresca, a gosto
Pitadas de garam masala caseiro (usei o que ganhei de presente de meu amigo David Sento-Sé)
Pitadas de páprica doce
Vinagre de maçã para borrifar as duas peças
700 ml vinho branco (aproximadamente)
02 colheres de sopa de vinho do Porto
Um pouquinho de qualquer calda doce para pincelar (usei calda de laranja, caseira, mas na falta dilua duas colheres de sopa de geleia de laranja com um pouco de água e use) 

Para o arroz sete grãos

Compre o arroz de sua preferência e o prepare de acordo com as instruções do fabricante. Depois de pronto, misture um pouquinho de azeite e passas escuras, a gosto.

Para o tomate recheado

tomates maduros mas ainda firmes (01 para cada convidado)
Figos secos, castanhas do Brasil, passas brancas, sementes de girassol e amêndoas para o recheio, a gosto
sal, açúcar
azeite, manteiga

Para a farofa de pão caseiro de fermentação natural

Sobras de pão caseiro, assados como para torrada e depois moídos grosseiramente no liquidificador (na falta, use pão de boa qualidade)
Manteiga e azeite em partes iguais conforme a quantidade de pão
01 colher de sopa de cebola bem picadinha
passas pretas ou ameixas secas picadas, a gosto
sal a gosto

Modo de fazer

Para a paleta

Retire o excesso de gordura e/ou pele das paletas, se for necessário. Numa assadeira grande, tempere as duas peças com todos os ingredientes da marinada, mas deixe metade do vinho branco para ir regando durante o período do forno, caso seja preciso. Deixe de um dia para o outro, virando de vez em quando. No outro dia, cubra com papel alumínio e leve ao forno quente. Olhe de vez em quando, vire e se precisar, coloque um pouco mais de vinho e um tico de água, para não secar. Quando estiver macio, tire o papel para que a carne possa ir dourando. Nesse momento, se tiver alguma calda doce em casa (de laranja, por exemplo), pincele a carne para que o caramelizado fique mais bonito. Depois de pronto, reserve. Se desejar, retire a paleta, coloque um pouquinho de vinho branco ou água na assadeira e leve ao fogo para aproveitar melhor esses sucos da carne. Retire, peneire e regue as paletas ou reserve para a hora de servir.

Para o tomate

Corte uma tampinha na base de cada tomate, sem furar. Corte a tampa de cada um e reserve. Retire o miolo com muito cuidado, polvilhe cada tomate com uma pitada de sal e uma de açúcar (minúscula) e coloque-os de cabeça para baixo por uns minutos. Em uma frigideira, coloque os frutos secos picados (castanha, amêndoas, sementes de girassol) e deixe torrar um pouco. Misture o tomate picado, os figos e as passas e acrescente uma pitadinha de sal e uma colherinha de manteiga, para que não resseque. Prove a mistura, ajuste o tempero e recheie cada tomate. Prenda a tampa, arrume-os numa assadeira pincelada com azeite e leve ao forno médio para que eles assem um pouco mas ainda mantenham a forma. Reserve. 

Para a farofa de pão

Normalmente, uso sobras de pão caseiro feito com fermentação natural, torrados no forno e depois passados no liquidificador, bem grosseiramente. Não deve ficar uma farinha fina. Numa frigideira, coloque a mesma quantidade de manteiga e azeite (a depender da quantidade de pão, mas em torno de 01 colher de sopa de cada, para mais ou menos uma xícara de farinha de pão. Se ficar seco, acrescente mais um pouco). Acrescente a cebola, deixe murchar e em seguida agregue as passas ou ameixas picadas. Junte a  farinha de pão caseiro. Misture, acrescente sal a gosto e reserve. (Na falta de pão caseiro, use qualquer pão de sua preferência).

Para montar

No prato de servir, coloque o arroz (molde-o, se desejar, em uma pequena tigelinha), um pouco da farofa de pão ao lado e por cima da farofa disponha um tomate recheado. Ao lado, coloque pedaços da paleta desfiadas de forma grosseira e um pouco do molho que se formou na assadeira por cima. Sirva.

Observação: as sobras do cordeiros foram desfiadas no outro dia, misturadas com um pouco do molho do cozimento e um pouco de castanha picada 

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Obs: Usei as paletas de cordeiro do Frigorífico Anna Sara, disponíveis no supermercado e produzidas aqui em nosso Estado. 
Da mesma forma, as castanhas do Brasil são de produção do grupo Miragina, também encontradas em supermercados e mercados locais. Os tomates vieram da minha pequena horta e o pão feito em casa, com fermento também produzido por mim. 


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

PARA ALEGRAR OS AMIGOS

As costelinhas cozidas no suco de cupuaçu reduzido, com farofinha de maracujá e sambal de cupuaçu. Nem cachorro come...


Ando muito atrasada com as postagens aqui no blog. Já fiz e refiz dezenas de textos na minha cabeça. Às vezes estou dirigindo e as frases vão dando o ar da graça, tão amarradinhas umas nas outras que a vontade é de parar o carro, sacar o computador ou até mesmo o celular e iniciar a escrita. Mas aí já estou em cima da hora, o sinal já abriu e aquele quase pronto pensamento dilui-se junto com as inúmeras obrigações do dia.

De outras vezes, é a preguiça pura e simples que me acomete. Porque é preciso escrever, colocar as fotos, a receita bem explicadinha e o conjunto todo tem que estar perfeito e sem falhas. Meu tempo livre, vocês já sabem, é na cozinha. A não ser que eu esteja com uma febre muito alta ou como agora, no meio de uma crise de Ler/Dort que teima em não me largar, mesmo assim, fazer comida é um prazer tão absoluto que me tira do tempo presente e me joga em um universo paralelo. Bem Beco Diagonal. Sim, confesso, li todos os livros do Harry Potter e estou ansiosa pelo próximo, fazer o quê?

Mas, mesmo aos trancos e barrancos, nada é mais gratificante do que encontrar alguém no meio da rua, às vezes um bom amigo, outras vezes uma pessoa que ainda nem conheço e ouvir: "Olha, vi você fazendo aquele prato na TV, vi uma postagem na internet ou mesmo comi um pedaço daquele bolo que você mandou para fulano e achei delicioso!". Comida para mim é isso. Acolhimento, alegria, felicidade, experimentação e principalmente, zero de obrigação. Acho que por isso nunca pensei em me profissionalizar, com medo do prazer virar uma correria cheia de problemas. Há exceções, é claro. Aproveite e faça essas costelinhas, ficam uma delícia. 

Eu as fiz numa panela de ferro que é o meu xodó e na minha opinião, um item indispensável na cozinha. Comprei essa panela quando conheci o indigenista José Meirelles, com quem aprendi a fazer um ótimo filé com cogumelos (veja em http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2012/11/o-velho-do-rio.html). Eu a uso para fazer porco e cordeiro, assar pão e tudo o mais que precisar de um calor infernal. Ela é boa. Inclua na sua lista de compras de natal, você não vai se arrepender.

Desculpem o nome pomposo do prato, não tenho muita ideia se está correto, mas como reduzi o suco de cupuaçu antes de acrescentá-lo à receita, deixei assim mesmo. O sambal (molho de pimenta) adaptei de uma receita da querida Neide Rigo, do ótimo blog Come-se (www.come-se.blogspot.com.br, só que usei polpa de cupuaçu e óleo de castanha do Brasil). Faça que é bom!!


COSTELINHA DE PORCO EM REDUÇÃO DE CUPUAÇU, FAROFINHA DE MARACUJÁ E SAMBAL DE CUPUAÇU E PIMENTA DEDO DE MOÇA

Ingredientes

Para a redução de cupuaçu

400 g de polpa de cupuaçu industrializada (de saquinho)
03 xícaras de água
1/2 xícara de açúcar refinado
01 pitada de sal

Para a costelinha

12 a 14 costelinhas de porco já limpas (ou uma peça, que depois de limpa e cortada dê mais ou menos essa quantidade, aproximadamente 1,2 a 1,3Kg)
02 colheres de sopa de azeite
Sal, pimenta do reino, alho, vinagre de maçã a gosto para a marinada
01 folha de louro
01 colher de chá de sementes de coentro inteiras
04 xícaras de suco de cupuaçu reduzido
01 xícara de água e um pouco mais, se precisar
Gomos de laranja para servir (opcional) ou arroz branco (opcional)

Para a farofinha de maracujá

03 colheres de sopa de manteiga
01 colher de sobremesa de azeite
01 colher de sopa de cebola branca picadinha
01 colher de sobremesa de cebola roxa picadinha
1/2 maracujá (polpa e sementes) grande
01 colher de chá de açúcar
01 colher de sopa de suco de laranja
01 xícara de farinha de mandioca de boa qualidade bem fina ou batida no liquidificador
Sal a gosto

Para o sambal de cupuaçu e pimenta dedo de moça

3/4 de xícara de pimenta dedo de moça sem os cabinhos, com as sementes (se não gostar muito de pimenta, reduza para 1/2 xícara)
01 cebola roxa média
1/4 xícara de óleo de castanha do Brasil (na falta pode usar azeite ou uma mistura de azeite e óleo de milho, de preferência)
1/4 xícara de açúcar
04 polpas de cupuaçu industrializadas (400 g)
1/2 colher de chá de sal

Modo de fazer

Para a redução de cupuaçu

Bata a polpa e a água no liquidificador. Despeje numa panelinha, acrescente o açúcar e o sal e deixe reduzir um pouco. Reserve.

Para a costelinha

Numa panela de ferro (de preferência) ou numa de fundo grosso, coloque o azeite. Em seguida, retire as costelinhas da marinada e vá colocando-as aos poucos na panela para que fiquem seladas e possam ir pegando cor. Não coloque todas de uma vez, para que não cozinhem e crie água na panela. Vá retirando à medida que pegarem cor de todos os lados e reserve-as numa travessa. Não jogue a marinada fora, ela será incorporada à panela. Depois que todas as costelinhas já estiverem seladas, junte-as novamente na panela de ferro, coloque a folha de louro e as sementes de coentro inteiras e vá mexendo de vez em quando. Acrescente o líquido da marinada e continue a mexer, fazendo com que os resíduos do fundo da panela sejam incorporados às costelinhas, para que elas fiquem mais escuras e douradas. Quando chegar nesse ponto, acrescente a primeira xícara do suco de cupuaçu e tampe a panela. Vá colocando as demais quando a primeira xícara do suco já colocado for secando e mexa de vez em quando. Coloque a xícara de água, mexa e verifique se a carne já está macia. Ajuste o sal, se necessário e veja se precisa de um pouquinho mais de água. O molho fica encorpado, mas se você preferir, pode deixar um pouco mais de líquido. Reserve.

Para a farofinha de maracujá

Numa frigideira grande de fundo grosso, coloque a manteiga e o azeite e acrescente a cebola branca e a roxa. Deixe fritar um pouco. Acrescente a polpa de maracujá com as sementes, o açúcar, o suco de laranja e mexa. Junte a farinha de mandioca e vá mexendo bem, de maneira a ficar bem crocante. Coloque sal a gosto e retire para uma travessa.

Para o sambal de cupuaçu

No liquidificador, bata as pimentas dedo de moça com sementes, sem os cabinhos, junto com a cebola roxa e um pouquinho de água, só para facilitar a batida. Reserve enquanto leva ao fogo uma frigideira grande com o óleo de castanha (ou o azeite e óleo de milho). Deixe esquentar um pouco e acrescente a pimenta batida, sem peneirar, com cuidado. mexa e deixe fritar até que o oléo se separe um pouco. Nesse momento acrescente a polpa do cupuaçu, o açúcar e o sal. Deixe reduzir um pouco e cozinhar a polpa. Coloque em vidros esterilizados e use na montagem do prato e em outras preparações.

Para montar o prato

Em um prato, coloque um pouco do sambal e puxe com a colher. Coloque um pouco da farofa, enfeite com uma pimenta dedo de moça cortada pela metade. Perto da farofa, coloque duas costelinhas e um pouco do molho. Se desejar, enfeite com dois gomos de laranja,  para dar mais cor. Sirva. Mas você pode servir também com um pouco de arroz branco junto com a farofinha. Aproveite, é uma delícia!

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Para saber mais:

Neide Rigo - www.come-se.blogspot.com.br
http://come-se.blogspot.com.br/search?updated-max=2016-10-04T13:11:00-03:00&max-results=50&start=11&by-date=false


domingo, 16 de outubro de 2016

COMO ANTIGAMENTE

O bolo, recheado de brigadeiro de tamarindo e coberto com doce de leite de latinha, hummmmm....




Dez horas da noite e o luminoso do celular deu uma bela piscada. Olhei e a mensagem da sobrinha era clara: "Tia, a vovó ainda está acordada?". Meus pais estavam nessa noite hospedados lá em casa, para escapar do cheiro forte da tinta fresca que havia colorido cedo as paredes do quarto deles. Respondi de imediato, já preocupada. Pedi que ligasse.

Um segundo depois, o telefonema não deixava dúvidas sobre a natureza e a urgência do problema, um bolo que a sobrinha estava a fazer para a outra avó e ao dobrar a receita, não tinha muita certeza do que fazer com a medida do fermento. Ao ver minha mãe responder alegremente com todas as dicas, toda importante, lembrei-me de uma ocasião bem parecida onde eu, sentada ao lado de minha avó materna, já velhinha mas ainda bem lúcida, tomei coragem e pedi: "Vovó, pode me dar sua receita de bolo?". 

Meu filho mais velho era recém-nascido e portanto, eu já tinha uma responsabilidade futura muito clara: casa sem bolo não se põe de pé e feito ou comprado, desconheço quem em algum momento da vida não se jogou sobre uma bela fatia de bolo feito colo de mãe. Parece que estou vendo a minha velhinha explicando a medida, sentada na cama comigo do lado, anotando tudo.

Ainda hoje e até hoje, é a receita básica que uso, já se vão lá quase trinta anos. Misturo suco, coloco grãos, troco a farinha mas a proporção, o esteio é o mesmo. As receitinhas antigas, às vezes escritas em caprichosas letras e passadas de mãe para filha ou filhos, de avós para netos, de tios para sobrinhos, reproduzem e mantém um vínculo de carinho e afeição que é que nos torna quem somos. É a nossa certidão afetiva, que nos conecta com o prazeroso mundo das lembranças familiares.

Nem sempre elas serão todas boas, é verdade. Muitas vezes o bolo pode ter desandado, o pão deixou de crescer, o açúcar foi colocado a mais ou no meu caso, uma panela cheia do meu suco preferido (cajás fresquinhas amassadas na mão que deram um trabalho enorme pra juntar) levou colheres cheias de... sal! Imaginem aí o desgosto.

Hoje é dia das crianças. Meus filhos estão bem ali pertinho, a uns seis mil quilômetros de distância. Mas como sempre, estão dentro do meu coração. E embora não tenhamos muito a comemorar para o futuro dos nossos netos, com todas essas medidas estapafúrdias e verdadeiramente imorais aprovadas recentemente por parlamentares desprovidos de ética e respeito, não perdi a esperança. Quero que meus filhos e netos, sobrinhos e afilhados possam viver em um país melhor e mais justo. Luto para isso.

Então aproveite o dia e faça esse bolinho. A massa, mexi ligeiramente, mas ainda é a receitinha da minha avó. Experimente, ouse, se reinvente. Hoje, vale botar o pé no chão e sair correndo pra brincar com a meninada. Peça ajuda, eles adoram botar a mão na massa. Depois me conte o resultado!! Bom apetite!!

(Post escrito no Dia da Criança e dedicado a todas as crianças do mundo. Incluindo meus filhos, que no meu coração vão estar sempre pequeninos)

Bolo de laranja com recheio de brigadeiro de tamarindo e cobertura de doce de leite

Ingredientes

Para o bolo

200 g de manteiga sem sal
02 xícaras de chá de açúcar refinado
03 ovos inteiros em temperatura ambiente
01 pitada de sal
01 xícara de leite
1/2 xícara de suco de laranja natural
03 xícaras de chá de farinha de trigo peneirada
Raspas de 01 laranja baía (na falta, use de outro tipo)
01 colher de sopa de sementes de linhaça
01 colher de sopa de quinoa em flocos
01 colher de sopa de fermento para bolo 

Para o brigadeiro de tamarindo

01 lata de leite condensado
01 colher de sopa de manteiga sem sal
01 pitada de sal
01 pacote de tamarindo fresco (mais ou menos 12 a 15 frutos in natura, não tão grandes)
3/4 xícara de água 
Nozes e castanhas a gosto, para enfeitar (opcional)

Para a cobertura

01 lata de leite condensado cozida em panela de pressão até ficar bem cremoso (mais ou menos 40 m a 45 m. Espere esfriar bem para abrir).

Modo de fazer

Para o bolo

Preaqueça o forno em 180 graus. Unte duas assadeiras redondas médias ou outras a seu gosto. Enfarinhe e reserve. Bata muito bem a manteiga com o açúcar e a pitada de sal. Coloque os ovos inteiros um a um e bata bem. Acrescente aos poucos a farinha peneirada, o leite e o suco de laranja, alternando-os e apenas misturando bem. Acrescente a linhaça, as raspas de laranja e a quinoa e por último o fermento, misturando-os com a massa. Distribua-a nas duas assadeiras e leve para assar. Reserve.

Para o brigadeiro

Descasque o tamarindo e bata-o com as sementes e a água no liquidificador. Peneire apertando bem. Numa panela de fundo grosso misture o leite condensado, a manteiga, a pitada de sal e aproximadamente 1/2 xícara do suco reservado ou um pouquinho mais, se necessário (é preciso sentir o sabor. Não deve ficar azedo demais nem tão suave que não seja possível perceber o gosto da fruta). Leve ao fogo baixo e mexa até começar a desgrudar do fundo da panela, mas não deixe ficar muito firme. Espere esfriar e recheie o bolo. 

Para a cobertura

Abra a lata de leite condensado já cozida, coloque em uma tigela e bata com um garfo, até ficar bem cremoso. Aplique. 

Tamarindo, imagem salva do link http://www.remedio-caseiro.com/tamarindo-beneficios-e-propriedades/

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Para saber mais:

http://www.mundoboaforma.com.br/15-beneficios-do-tamarindo-para-que-serve-e-propriedades/

http://www.remedio-caseiro.com/tamarindo-beneficios-e-propriedades/

terça-feira, 11 de outubro de 2016

PELOS QUINTAIS



A abóbora pronta para servir...


E antes de ir novamente ao forno, só para derreter o parmesão...



Quando éramos muito pequenos, lá em casa, nosso quintal só não era maior que o Mundo. Nele cabiam inúmeras árvores frutíferas, cada uma em sua época. Cabia o jogo de futebol com os amigos e o nosso campinho doméstico tinha um cajueiro plantado bem no meio, mas não atrapalhava, era o que dava charme e confundia os adversários. Como boa menina, filha única entre quatro irmãos, eu liderava um time e era tão briguenta quanto eles, sempre que preciso. 

Tinha a goiabeira que me cabia perfeitamente, para ler e para dividir os dramas da adolescência. Tinha os pés de graviola, que produziam tanto o ano todo, que não dávamos a menor bola para as frutas. Manga não se comprava em supermercado nem em feira. Pelo contrário, depois que nos fartávamos, era um favor dos vizinhos e amigos quando aceitavam sacolas e mais sacolas, ninguém dava vencimento naquela montanha de polpa amarela sumarenta, que escorria pela cidade toda.

Ainda hoje, muito da safra de manga se perde nas ruas, deixando um mar de frutas apodrecendo pelo chão. Nossa cultura ainda não a utiliza totalmente para sucos, doces ou mesmo um chutney, tão saboroso. Naquele quintal, nunca houve medo, a não ser de levar uns gritos por ter pulado a cerca dos vizinhos pra roubar fruta. Até hoje, nunca entendi porque o fruto proibido é sempre melhor do que o que está à mão, mas que é mais doce e mais bonito, lá isso não resta a menor dúvida.

Marilana, uma fruta que não se acha mais pela cidade, já era difícil naquele tempo. Alaranjada, meio macilenta e docinha, não sei porque desapareceu dos quintais. Quando tínhamos gripe ou febre, o chá de folha de laranjeira era sem igual, conforto imediato, colo de mãe. Que, a bem da verdade e apesar de farmacêutica formada, nunca dispensou um banho de cozimento bem fervido para nós, muito menos a reza da dona Santa nos casos de espinhela caída, doença de que padeciam dez entre onze crianças. 

Havia cristas de galo no nosso quintal, flores vermelhas firmes e orgulhosas. Ainda hoje, quando as encontro, sinto-me em casa e imediatamente acolhida. Para dor na barriga, chá de cascas de laranjeira. Mastruz batido com leite condensado era infalível para secreções do peito e gripe forte, mas eu o tomava de nariz tampado para não sentir seu cheiro, capaz de me embrulhar o estômago . O leite caramelado tomado quando se tinha dor na garganta levava também, se não me engano, cascas de jatobá que mamãe fervia antes.

Os quintais não serviam só para entreter nossa fome de brincar e encher a barriga. Eram lugares mágicos, onde treinávamos as táticas e as estratégias para a vida adulta. Lugares de sonho onde dava para conversar com as árvores e até onde sei, os segredos ali ouvidos jamais foram passados adiante. Nos momentos de raiva, era o quintal quem nos acolhia. Na alegria, suas árvores eram sacudidas pelos nossos pulos, subindo o mais alto que conseguíamos. Quem nunca ouviu um "Menino, desce já daí!!" não vai saber o que é ser criança. Ai eu ia buscar pimenta malagueta para o meu pai e queimava as mãos e às vezes os olhos. Muito cedo aprendi a macerar as folhas para aliviar o ardor, tiro e queda.

Com o tempo, os quintais da cidade tem devagarinho perdido espaço para os quintais eletrônicos, mais limpos e controláveis.Nos nossos, de verdade, arranhões e suor, roupa cheia de terra e aqui e ali alguma briga faziam parte da rotina. Manja, macaca (amarelinha), cantigas de roda, pera, uva e maçã, bandeirinha, futebol, eram os Mário de antigamente e hoje, nem mesmo sei os milhares de nomes para tanto jogo virtual. Sem contar os inúmeros zumbis às voltas com os recados e curtições inadiáveis do facebook e whatsapp , que não olham mais por onde andam, nem com quem estão nas mesas e lugares.

Não, não sou totalmente isenta...também faço minhas concessões e fotografo pratos antes de começar a comer e respondo mensagens e faço curtições. É difícil resistir à enorme onda que vai nos empurrando, ainda não descobri como mudar de planeta. Mas posso pelo menos conter o fluxo. Conversar, olhando no olho. Rir de verdade, sem kkkk. Ficar à toa.
Diminuir na mente a velocidade do acúmulo de informações. Voltar para o meu quintal de criança antes de crescer e ver que ele nem era tão grande. Mas era o meu porto seguro contra qualquer tristeza. E continua sendo.

Por isso, lanço aqui um desafio: se tiver quintal, plante árvores, nem que seja só uma...se não quiser uma fruteira, flores ficam lindas. E chás de todos os tipos, erva-cidreira, malva, hortelã, capim-santo...e me convide que vou dividir uma xícara, com muito gosto!!

A receita de hoje, fiz num improviso. É mais comum com camarões e até carne-seca. Decidi fazer com charque e achei deliciosa, então a divido aqui. A abóbora e  o charque foram produzidos aqui mesmo, na região. Mais garantia de sabor! Aproveite e chame os amigos. Se desejar, sirva com arroz, mas nem precisa. Basta meter a colher na abóbora assada e pronto, já tem o acompanhamento ideal. Bom apetite!!

Abóbora assada com charque cremoso

Ingredientes

01 abóbora inteira, de tamanho mediano ou a gosto
230 g de charque (dianteiro), aproximadamente, cortado em cubos não muito grandes
01 colher de sopa de azeite
01 colher de sopa de manteiga
01 cebola média, cortada em cubinhos
01 pimenta dedo de moça sem sementes, em cubinhos
04 dentes de alho amassados
1/2 xícara da água de cozimento do charque
02 colheres de sopa de queijo Camembert em pedaços (na falta, use outro de sua preferência, que derreta bem)
02 colheres de sopa de queijo Brie com a casca (na falta, use outro de sua preferência, que derreta bem)
02 colheres de sopa de queijo Minas em cubinhos
01 colher de sopa de parmesão em lascas (evite o queijo ralado de saquinho)
200 ml de creme de leite (industrializado. Se tiver o fresco, ajuste a quantidade, para que não fique tão fino)
Cebolinha verde cortada finamente, flores de jambu e pitadas de páprica doce, para enfeitar (opcionais)

Modo de fazer

Lave os cubos de charque em bastante água. Escalde os cubos em água fervente por umas quatro ou cinco vezes, deixando uns minutos de molho a cada vez e escorrendo a água. Prove sempre após as últimas lavagens, pois o ponto de sal pode variar. Se necessário, escalde mais um pouco, com cuidado para não retirar o sabor da carne. Coloque numa panela de pressão e cubra com água limpa, deixando cozinhar por uns 10 a 15 minutos, até ficar macia. Reserve meia xícara da água do cozimento.  Envolva a abóbora em folhas de alumínio, vede bem e a coloque numa assadeira, em forno médio, por aproximadamente 30 a 40 minutos, ou até ficar assada. Retire o papel da parte de cima, corte uma tampa e com bastante cuidado, retire todas as sementes e filamentos internos. As sementes, se quiser, lave bem e toste-as com uma pitada de sal. Ficam ótimas em um tira-gosto. Raspe um pouco da polpa interna já assada, com cuidado para não desfazer a abóbora nem furá-la. Reserve. Numa panela de fundo grosso, coloque o azeite, a manteiga, o alho e deixe uns minutos, sem deixar queimar. Acrescente a cebola e a pimenta e misture. Coloque a carne, mexa bem e deixe absorver os temperos e fritar um pouco. Acrescente a água do cozimento, os queijos Camembert, Brie e Minas (ou outros de sua preferência) e a abóbora reservada. Mexa e coloque o creme de leite. Prove e ajuste o sal, se necessário. Assim que os queijos derreterem e a mistura encorpar um pouco, desligue o fogo. Encha a cavidade da abóbora com a mistura. Se sobrar, sirva à parte ou use em outra preparação. Coloque por cima o queijo parmesão em lascas e leve ao forno, sem tampar, apenas para gratinar. Retire do forno, enfeite com a cebolinha e as flores de jambu (se usar), pitadas de páprica doce e sirva. Bom apetite!

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O FEIJÃO DO MEU PAI

O feijão inspirado no que meu pai fazia, na linda sopeira da minha mãe...


Trago do meu pai o gosto e a paixão pela cozinha. Desde pequenos, fomos criados com uma mesa simples, porém farta. Não havia espaço para doces sempre e nem mesmo comidas muito diferentes. Minha mãe nunca foi apaixonada por peixes e até mesmo frango ela torcia um pouco o nariz. Então, não havia muita variação. Algumas coisas entretanto, não mudavam: o repolho cortado finíssimo por ele e temperado com azeite e vinagre, o arroz sempre fumaçando e bem soltinho, cheio de alho, o feijão com jabá e banana comprida, os bifes enfeitados com bastante cebola...

Fui chata para comer quando criança. Até hoje, no meu prato fica tudo separadinho. Quando menina, o feijão e a salada tinham que ser colocados em pratos ou cumbucas separadas. Adoro baião de dois mas não misturo porções de arroz e feijão na mesma tigela. Feijoada em casa de amigos como com a cumbuquinha de arroz ao lado, para não misturar os caldos com as partes secas...e durante alguns anos parei de comer manteiga, pois gostava tanto que um belo dia coloquei no pão tal quantidade que o ensaboei por fora...foi o bastante para passar muito, muito tempo sem conseguir nem sentir o cheiro.

Então em nossa casa, em dias de festa, comíamos frango desfiado, uma farofinha, o vatapá feito com as latinhas de camarão salgado e seco e um arroz feito na água grande, como se diz por aqui e depois escorrido em uma peneira. Ainda quente, jogava-se por cima uma boa colherada de manteiga e estava feito.

Em casa havia ainda as comidas do meu pai, sempre deliciosas: charutos e o pirarucu ao leite com batatas, a macarronada, as saladas que ele nos obrigava a comer sob pena de apanhar e de sobremesa, aos finais de semana, às vezes tinha rabo de galo, uma massinha de pastel recheada com goiabada e enrolada como bombom, com uma calda de açúcar para acompanhar...dos deuses!

Nos dias de feijão com jabá e banana eu praticamente dispensava o resto. O sabor da fruta contrastava muito bem com o salgado do jabá eu não precisava de mais nada. Os grãos enormes do tipo de feijão que ele usava davam um caldo grosso, perfeito. Como não está na safra, usei outro tipo, mas você pode experimentar com qualquer um de sua preferência.

Fica uma delícia e uma saladinha e o arroz branco complementam muito bem este prato. Eu o como puro com pimenta, mas fica a seu gosto.



Ingredientes

(para 04 a 06 porções)

01 xícara de feijão cru (pode ser gorgotuba, carioca ou outro de sua preferência)
04 xícaras de água fervente
230 g de charque (ou jabá, como chamamos por aqui), dessalgada
01 banana comprida (da terra) descascada, mas com as sementes, madura mas firme, cortada em 05 pedaços
Cebolinha para enfeitar

Modo de fazer

Coloque a xícara de feijão cru, já lavado, em um recipiente. Adicione a água fervente e reserve.

Corte em pequenos pedaços o charque (ou jabá), lave-os e coloque-os em um recipiente. Adicione água fervente até cobrir. Deixe por alguns minutos, jogue a água fora e repita a operação. Numa panela de pressão, coloque o feijão e a água do molho, o charque (jabá) escorrido e leve ao fogo. Após iniciar a fervura, deixe por uns quinze minutos. Retire do fogo, verifique o ponto da carne e do feijão, veja o ponto do sal e tampe novamente a panela. Deixe em repouso com a panela tampada por umas duas horas. Após esse tempo, adicione os pedaços de banana crua. Leve novamente ao fogo e deixe por uns cinco minutos na pressão. Desligue o fogo, veja se a carne está macia e a banana e o feijão perfeitamente cozidos. Sirva com um pouquinho de cebolinha cortada e os acompanhamentos de sua preferência. 

domingo, 25 de setembro de 2016

O MELHOR ACOLHIMENTO




As madeleines prontas para o chá...



Escrevo neste domingo nublado, com muita saudade dos meus pequenos grandes filhos que estão longe, longe. Para me confortar, digo sempre que eles estão longe dos olhos, mas perto do coração. E como não dá para fazer comidinhas para eles, sigo engordando o marido e os amigos e muitas vezes, nem dá muito tempo de postar as experiências aqui pelo blog. O mundo gira rápido e a escrita, por mais que tentemos, é incapaz de acompanhar esse redemoinho que gira cada vez mais rápido.


Então, paciência, mes amis, as receitas aqui vão estar provavelmente sempre um pouco atrasadas, ou como gostamos de dizer, juntas e misturadas. Hoje ainda não está tão quente e portanto, esses bolinhos formosos e delicados acompanham muito bem uma xícara do seu chá ou café predileto. Para quem não tem as forminhas, dá para usar as de empada.

Para compensar a heresia, certifique-se de estar com algum volume do grande Marcel Proust bem à mão. Talvez assim dê para entender o fascínio irresistível que as madeleines provocam em quem as degusta e o certo ar de nostalgia que as cerca. Para os amigos queridos, dê madeleines. Embaladas em um belo saquinho, eles se sentirão especiais ao recebê-las. Essa versão, em que utilizei o jambu, é muito, muito suave. Mas dá um toque divertido e quebra um pouco a tradição. Experimente!!


MADELEINE DE JAMBU 
Ingredientes
(Rende aproximadamente 36 madeleines de tamanho médio)
Para o suco de jambu

1/3 de xícara de jambu (folhas, talos e flores) cozido em água, bem apertado na xícara
1/3 xícara da água do cozimento

Modo de fazer

Cozinhe um ou dois maços de jambu (com flores, talos e folhas) em água suficiente para cobrir, até que fique bem macio. Aperte bem após cozido para retirar toda a água, mas não a descarte. Meça 1/3 xícara desse jambu espremido bem apertado na xícara. Coloque no liquidificador e acrescente 1/3 de xícara da água do cozimento. Bata bem, até ficar muito bem moído. Peneire e retire do líquido 60 ml (1/4 de xícara) para o preparo da madeleine. O bagaço que sobrou também entrará no preparo.

Para a madeleine

03 ovos inteiros em temperatura ambiente, de preferência com as gemas passadas pela peneira
130 g de açúcar refinado
01 pitada de sal
20 ml de mel
100 g de manteiga sem sal derretida e fria
60 ml de suco de jambu
O bagaço do jambu
200 g de farinha de trigo peneirada
02 colheres de chá de fermento para bolo
30 g de castanha do Brasil fatiadas finamente e levemente tostadas (opcional)
Splits de chocolate (opcional)
Açúcar de confeiteiro para polvilhar

Modo de fazer

Numa tigela, coloque os ovos inteiros e o açúcar e uma pitada de sal. Bata como para pão de ló por uns dez a quinze minutos. Acrescente o mel e a manteiga sem sal, aos poucos, misturando de baixo para cima, com muito cuidado. Aos poucos vá colocando o suco de jambu e o bagaço, da mesma forma. Por último, acrescente a farinha peneirada e o fermento, aos poucos, apenas até homogeneizar. Cubra com filme plástico e leve à geladeira, por uma ou duas horas, de preferência de um dia para o outro. Após esse tempo, unte e enfarinhe 36 forminhas para madeleine ou faça isso aos poucos, se não tiver essa quantidade de forminhas. Ligue o forno em temperatura baixa (em torno de 160 graus) uns quinze minutos antes. Retire a massa da geladeira e vá colocando porções em cada forminha. Adicione as lascas de castanha por cima, se usar, apertando suavemente. Não encha demais as forminhas. Leve ao forno até dourarem. Aguarde esfriar e polvilhe um pouco de açúcar de confeiteiro ou splits de chocolate para enfeitar e sirva com chá ou outra bebida de sua preferência. O jambu dá um sabor bem suave.

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Para saber mais:

http://biblioteca.folha.com.br/1/25/sinopse.html 
http://oglobo.globo.com/cultura/os-cem-anos-de-em-busca-do-tempo-perdido-10717483

domingo, 18 de setembro de 2016

UM ANO DE CAMINHADA E UMA RECEITA SELECIONADA




Pronto para servir...


Meu marido há cerca de um ano resolveu entrar em um projeto pessoal de saúde. Ainda faltam algumas coisas para completar o ciclo, mas ele tem conseguido melhorar a alimentação e caminha todos os dias, numa disciplina militar. Tenho acompanhado todo esse esforço e muitas vezes é dele que me socorro quando a preguiça teima em me afastar dos exercícios.

Ele adora peixes e costuma tomar muitas vitaminas cheias de castanhas e bananas. Resolvi homenageá-lo com uma receita que juntou um pouco tudo isso e ao mesmo tempo, agradecer-lhe por todo o incentivo que sempre recebi. Amo gastronomia e cozinhar sempre foi um hobby e uma forma de distribuir carinho aos amigos. Quando nos reencontramos e recomeçamos uma história de amor que havia acontecido na nossa juventude, ele não entendia isso.

Às vezes eu chegava em casa muito cansada e ia direto para a cozinha. Ele ficava preocupado e me pedia para ir descansar. Aos poucos entendeu que ali eu descansava, esvaziava a cabeça de problemas e me fortalecia. Então ele passou a curtir as comidinhas, os encontros com os amigos e família regados a receitinhas especiais...do macarrão instantâneo que era o almoço dele de quase todo dia, não quer nem ouvir falar.

Hoje ele curte os pães integrais e de fermentação natural que eu sempre faço, saladas especiais e os pratos de massa, carne ou peixe. Os bolos e pães preciso esconder, para que não os ataque e comprometa a dieta, mas os amigos estão sempre a postos para partilhar.

Então, para festejar esse momento, mandei esta receita para o concurso Receitas de Família, da revista Casa e Comida, que leio desde o seu primeiro número e adoro. Qual não foi minha surpresa, ao ver que fui selecionada, na categoria peixe e frutos do mar, uma honra! Até o dia 22 deste mês, todos podem votar quantas vezes quiserem. Serão escolhidas as três mais votadas de cada categoria, num total de 27 receitas, para serem submetidas à degustação. A grande vencedora irá para Paris com um acompanhante e assistirá aulas na Le Cordon Bleu!!

Por isso, estou pedindo o seu voto: no notebook ou celular basta acessar o link http://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Comida/Receitas/Premio-Receitas-de-Familia/noticia/2016/09/3-fase-vote-nas-suas-receitas-de-familia-favoritas.html, baixar o cursor até a categoria peixe e frutos do mar, escolher a receita Cubos de Pirarucu Fresco ao Molho de Castanha e Purê de Banana Comprida e ao final, clicar em enviar ou submit.
No celular é preciso baixar o aplicativo gratuito da revista Casa e Comida na Apple Story ou Google Play!
A receita é uma delícia e fácil de fazer. Bora?


CUBOS DE PIRARUCU FRESCO AO MOLHO DE CASTANHA E PURÊ DE BANANA COMPRIDA

Ingredientes

(Para 02 porções)

Para o caldo de legumes caseiro

2,5 a 3l de água
01 cenoura grande com casca, cortada grosseiramente
01 cebola grande limpa, inteira
½ maço de salsão, folhas e talos, cortado grosseiramente
01 pedaço pequeno de anis estrelado
10 grãos de zimbro
10 grãos de pimenta do reino
01 pitada de sal

Modo de fazer

Numa panela grande, coloque a água, a cenoura, a cebola e o salsão. Deixe ferver por aproximadamente 30 minutos, acrescente o anis, o zimbro, a pimenta do reino e o sal. Deixe ferver mais uns 10 a 15 minutos. Espere esfriar, coe e use. A sobra guarde em garrafa na geladeira para o uso que precisar.

Para a castanha assada

03 castanhas do Brasil assadas no forno até ficarem tostadas. Cuidado para não queimar.

Para o peixe

200g (aproximadamente) de cubos de pirarucu fresco, cortados do lombo, no tamanho de 3x3 (em média), lavados em água e limão e depois novamente em água (aqui temos esses cubos já disponíveis em supermercado. Na falta, use o lombo do peixe cortado em cubos)
03 colheres de sopa de azeite
30g de castanha crua (não fresca), deixada de molho em 1/2 xícara de caldo de legumes caseiro
1/2 colher de chá de alho espremido
02 colheres de sobremesa de cebola branca picadinha
02 colheres de sopa de tomate picadinho
01 colher de sobremesa de pimentinha doce vermelha, picadinha
Sal a gosto

Modo de fazer o peixe

Primeira parte

Enxugue bem os cubos do peixe e sele-os em uma frigideira de fundo grosso com duas colheres de sopa de azeite. Reserve. Em outra panela, acrescente a colher de sopa de azeite restante, o alho e deixe por alguns minutos sem deixar queimar. Acrescente a cebola e mexa bem. Adicione os cubos de peixe e deixe por um minuto. Acrescente o tomate picadinho e a pimentinha doce. Desligue o fogo e reserve.

Segunda parte

Liquidifique as castanhas cruas com o caldo de legumes em que ficaram de molho. Triture bem. Numa peneira fina ou chinois, peneire e guarde o bagaço para usar em biscoitos ou bolos. Reserve o líquido.

Imediatamente, coloque novamente a panela com o peixe no fogo. Adicione o caldo de legumes que foi batido com a castanha e peneirado, tempere o peixe e o caldo com sal a gosto e ajuste se for necessário. Deixe em fogo baixo por alguns minutos, apenas para cozinhar o peixe e o caldo engrossar um pouco, virando um molhinho mais encorpado. Reserve por alguns minutos enquanto finaliza o purê.

 Para o purê 

01 banana comprida (da terra) grande, madura mas bem firme, sem casca (mas com as sementes)
02 xícaras de chá de caldo de legumes caseiro
01 pitada de sal
03 colheres de sopa do molho da castanha do refogado do peixe, com um pouco do tomate e da pimentinha que foram adicionados ao molho
20g de manteiga sem sal, gelada

Modo de fazer

Coloque a banana cortada em rodelas sem a casca para cozinhar no caldo de legumes. Acrescente uma pitada de sal. No liquidificador coloque os pedaços de banana quentes e cozidos e o caldo restante da panela em que elas cozinharam. Acrescente 20g de manteiga gelada sem sal, 03 colheres de sopa do molho de castanhas do peixe junto com um pouquinho do tomate e pimentinhas cozidos, sal a gosto e bata até virar um purê. Reserve.

Finalização

Para montar o prato, coloque uma porção do purê de banana, alguns cubos de pirarucu e um pouco do molho de castanhas por cima.  Polvilhe castanha do Brasil assada e ralada na hora, a gosto.  Acrescente um pouco de cebolinha picada e um raminho de salsa, para enfeitar. Sirva.


O prato finalizado, servido na linda louça do enxoval da minha mãe...

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Revista Casa e Comida - publicação da Editora Globo - http://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Comida/Receitas/Premio-Receitas-de-Familia/noticia/2016/09/3-fase-vote-nas-suas-receitas-de-familia-favoritas.html

Instagram: @casaecomida

Cubos de pirarucu - usei os cubos da empresa Peixes da Amazônia, disponíveis no supermercado Araújo. Na falta, use o lombo do pirarucu, cortado em cubos.