sábado, 28 de julho de 2012

BAIÃO DE TRÊS PARA O DOMINGO

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Baião de três na panela e no prato, pronto pra comer...com maxixe e couve frita com alho por cima...







A sobremesa, maçãs e peras em cubinhos, com manteiga, açúcar e baunilha...



Estou nesses dias procurando comidinhas que não doam no estômago. Penso que os meus "quinze anos", aliados ao sedentarismo e um pouco de ansiedade e muita correria, tem gerado algumas dores indevidas, ainda em observação. Voltei a comer minhas frutinhas e estou no leite de soja, que eu adoro. Nem sei se estou autorizada, mas nesta semana tiro a dúvida, com a minha querida nutricionista Katia. Enquanto isso, prudência.

Hoje assisti um programa chamado Cozinha Brasil, na SKY. A exemplo de outros, uma nutricionista acompanha uma família com hábitos muito, mas muito ruins. Açúcar, cerveja e refrigerante em demasia, brigadeiros, verdura zero. A justificativa consciente da mãe, agora avó, para o consumo de  tanta porcaria, me remeteu a um problema que acometa talvez a quase todas nós, mães que também trabalham fora: compensação afetiva.
Sair cedo, passar o dia fora, atenção capenga aos pimpolhos e lá vamos nós compensar com pizza, bolo, doce, refrigerante.

Certo, não estou na mesma situação. Meu filho mais velho, mesmo com toda a pressão do meio, só comeu açúcar com quase quatro anos. Eu levava litros de mel para a escola e quero crer que não fui enganada. O mais novo já não teve tanta sorte e entrou no açúcar mais cedo. Mas, pelo hábito ou pelo exemplo, eles sempre gostaram muito de frutas, água de coco e verduras e nunca gostaram de gorduras.

Mas, tudo que é bom dura quase sempre pouco. Eles cresceram e nenhum coleguinha levava o lanche de casa, nem bolo caseiro nem pão que eu esperava horas para crescer bonito e rechear com algum creme feito no capricho. Resisti até onde pude, mas capitulei. O mais novo, ainda consegui até o primeiro ano do ensino médio, que pelo menos tomasse vitamina de frutas e salgado assado, ao invés de refrigerante e pastel. O mais velho, bezerrinho quando criança, ainda adora café com leite, uma tigela de salada de frutas e, como ninguém é perfeito, uma bela sobremesa.

É claro, tenho minha parcela de culpa. Adoro experimentar receitas de pães e bolos e biscoitos e tortas e os pobres coitados, junto com o maridinho, são os alvos preferidos. Os amigos e parentes, por outro lado, tem ganho presentinhos doces, que é pelo menos para diminuir a culpa. 

Vi crescer o consumo de refrigerante. As escolhas, ainda que discutidas, já me fogem do controle e às vezes penso que fiz o que pude. Mas, sinto certa frustração de vez em quando. Nesta semana, o rapazinho mais novo fez a festa. Acordado até de manhã, perdeu a hora do almoço quase todos os dias e o café foi engolido meio dormindo, levado por uma mãe tão preocupada quanto protetora.  Ele dormindo e eu do lado, ansiosa, menino, desse jeito não se aguenta, olha a finura e por aí vai.

Meu filho mais velho e filósofo de plantão precisou me conter, até que me convenci que a vida é feita de fases, umas melhores, outras nem tanto. Ainda os vejo atacarem um prato cheio de alface e tomate e rúcula, com um molhinho leve. Ainda os vejo comendo um prato de feijão com arroz e carne e isso me salva. Ainda comem uma bela salada de frutas e o mais novo nem é muito de doces. Paciência e equilíbrio, talvez seja a chave.

Ando meio com saudade de prato único, para resolver numa tacada só a proteína, o carboidrato e tudo o mais que a boa nutrição manda. E aí, domingo no mercado é dia de alegria e portanto, ver aqueles feijões verdinhos, debulhados ali na minha frente, com um molho de maxixe e uma couve fresquinha, foi juntar a fome com a vontade de comer. Resgatei no freezer uma carne de sol caseira, feita lá em Ocara (Ce) pelo avô dos meus filhos, o querido seu Leão, cheio de sabedoria e histórias e a mesa estava posta.

E como o domingo aqui em casa anda enriquecido com os amigos do mais novo, aumentamos o caldo do feijão e só deu eles. A sobremesa foi servida numa tigela coletiva e é muito simples de fazer. portanto, mãos à obra!

Baião de Três (Com arroz, feijão verde e carne de sol)

(As quantidades são aproximadas e sinta-se à vontade para alterá-las conforme o seu gosto pessoal)

Ingredientes

2 xícaras de arroz agulha, lavado
500 a 600g de carne de sol cortada em pedacinhos, dessalgada (na falta da caseira, use carne de sol de boa qualidade. Se desejar, pode colocar menos)
2  a 2 1/2 xícaras de feijão verde, aproximadamente, lavado, fervido em água e um pouquinho de sal, reservado com a água do cozimento
1 molho de maxixe, já lavados e limpos
2 fatias grossas de queijo de coalho ou da região, cortado em bastões
alho amassado, a gosto
colorau, a gosto
1 cebola roxa, picadinha
coentro, cebolinha, salsinha e chicória, a gosto
03 folhas de couve, cortada em tirinhas, refogadas em azeite e alho
Ovos cozidos (opcional)
água fervente
Azeite ou óleo

Modo de Fazer 

Numa panela que acomode bem as quantidades acima, coloque azeite ou óleo, o alho amassado e deixe fritar levemente, sem queimar. Acrescente a carne cortada em cubinhos médios e deixe até que frite por igual. Acrescente o arroz e vá fritando na mesma gordura. Coloque um pouco da cebola picadinha e deixe refogar junto, até que murche. O sal que restou na carne deverá ser suficiente para temperar o arroz. Após esse processo, acrescente colorau a gosto e despeje o feijão com a água do cozimento, até cobrir o arroz. Acrescente os demais temperos (coentro, cebolinha, salsinha e chicória) a gosto, o maxine cortado em metades e os palitos de queijo, enfiando-os na panela. Se for necessário, complete com água fervente e ajuste o sal. Tampe a panela e vá acrescentando água até ficar macio e cozido. Ao ficar pronto, arrume a couve já refogada no centro da panela. Sirva com um bom molho de pimenta, de preferência o feito pelo Clerton, marido da Solange Marinheiro, que gentilmente nos trouxe um pote de um molho denso, perfumado, com cebolas, batata e azeitona (mas, caso não seja possível, amasse umas boas pimentas). Se desejar, na hora de colocar no prato, deixe ovos cozidos para que cada um se sirva a gosto. 


Compota rápida de maçãs e peras

Ingredientes

2 ou 3 maçãs vermelhas, maduras, sem a casca e caroços, cortadas em cubinhos
2 a 3 peras maduras, sem a casca e caroços, cortadas em cubinhos
açúcar demerara, ou na falta dele, branco ou mascavo, de maneira a recobrir parcialmente as frutas e formar um caramelo
2 colheres de sopa de manteiga
1/2 fava de baunilha (ou 1 colher de chá de essência de baunilha), opcional
Canela, opcional (caso não tenha a baunilha, pode ser usado canela)
2 a 3 colheres de sopa de rum, vodka ou outra bebida semelhante, de sua preferência, opcional
Creme de leite gelado, ou azedado com um pouco de suco de limão, ou sorvete de creme, opcional

Modo de Fazer 

Numa frigideira, coloque a manteiga, as frutas e o açúcar. Acrescente a fava de baunilha ou a canela, a bebida se for usar e em fogo moderado, deixe até que as frutas cozinhem sem desmanchar e se forme uma calda. Ajuste o açúcar ou acrescente algumas gotas de limão, caso esteja muito doce. Sirva morno com creme de leite, creme azedo ou sorvete. Rápido e muito, muito bom!






quinta-feira, 19 de julho de 2012

NOVOS SABORES

A tarte de banana comprida, deliciosa...


Esta semana teve um sabor diferente. Recebemos aqui no Acre uma delegação peruana, da cidade histórica de Cusco, que nos presentearam com sua rica história, sua cultura, suas danças e sua culinária. Parte de uma integração que começa de fato a se desenhar entre Brasil, Bolívia e Peru, com o apoio do Governo do Estado, a I Semana de Cusco no Brasil teve de tudo um pouco: rodadas de negócios, seminário com eminentes catedráticos, antropólogos e historiadores, desfiles de roupas e bijuterias, companhia de dança, música e orquestra e é claro, como não poderia deixar de ser, a apresentação de uma gastronomia com produtos tão marcantes quanto deliciosos.

O jantar degustação, beneficente, foi um show a parte: desde tabule de quinoa com manga na entrada até a sobremesa, uma espécie de rosca frita, entre o nosso bodó e o churro, com um creme a base de quinoa e uma calda de chicha morada (a chicha morada é uma bebida, feita a partir de um tipo de milho escuro), um pecado! Não tirei fotos e nem tenho as receitas, mas fiquei tão encantada que já comprei quinoa no supermercado e já me arrisquei numa livre interpretação a fazer o tabule. Recomendo, é muito bom!



O tabule de quinoa em livre interpretação...

E, para não perder o costume, depois do tabule veio o surubim assado com alho, um arroz sete grãos com legumes, caldeirada de mandim fresquinhos do mercado com arroz branco e para rebater, uma tarte tatin. Mas, uma tarte tatin de banana comprida. Claro, esse festim com alguém pra lavar a louça, que eu não sou de ferro! Bom domingo a todos!



A caldeirada de mandim na panela de barro...


Tarte Tatin de banana comprida (ou da terra, ou pacovan)

Ingredientes

Para o caramelo (adaptado do livro de Alice Waters, A Arte da Comida Simples):

6 a 10 colheres de sopa de açúcar branco (a receita original pede 6 colheres, mas acrescentei aproximadamente 4 colheres de sopa de açúcar demerara. O caramelo deve cobrir o fundo da assadeira).

2 colheres de sopa de manteiga (mesmo com o aumento do açúcar, mantive a quantidade de manteiga, mas pode ser acrescentado mais uma colher).

Para a banana:

2 a 3 bananas compridas maduras mas ainda firmes, descascadas, cruas, cortadas em três pedaços, cada pedaço cortado em quatro, no sentido do comprimento (a quantidade pode variar em função do tamanho da forma ou das bananas). Deve ser suficiente para cobrir todo o caramelo.


Massa (adaptada da Revista Casa e Comida deste mês)

1 xícara de farinha de trigo
1/2 xícara de manteiga gelada
2 colheres de sopa de açúcar
1 pitada de sal
3 colheres de sopa de água gelada

Modo de fazer

Misture delicadamente os quatro primeiros ingredientes da massa. Após, acrescente a água gelada. A receita original pede de 1 a 3 colheres, mas nas duas vezes em que fiz, foram necessárias as três. Depende da farinha. Faça uma bola com a massa, deixe descansar uns minutos e reserve na geladeira. Pegue a forma (sem buraco no meio) e coloque o açúcar e a manteiga. Leve diretamente ao fogão e mexa devagar até formar um caramelo dourado. Tenha cuidado para não queimar. Reserve. Arrume os pedaços de banana por cima do caramelo, em círculo. Abra a massa reservada com um rolo entre duas folhas de filme plástico. Arrume a massa na assadeira ou forma, de modo a cobrir toda a área, por cima das bananas. Leve para assar em forno moderado, até a massa ficar dourada. Desenforme ainda quente, num prato de servir maior do que a forma, pois pode ter líquido do caramelo. Sirva com creme de leite azedado com umas gotas de limão ou puro.


Tabule de quinoa (livre interpretação)

Ingredientes

1/2 xícara de chá de quinoa real, mista em grãos (adquira em supermercado ou casas de produtos naturais)
1 xícara e meia de água
suco de 1/2 limão tahiti
1/2 cebola roxa, bem picadinha
pedacinhos de manga haden, a gosto
1 colher de sopa de mostarda
sal a gosto
folhas de alface

Modo de fazer

Coloque a quinoa em uma panela e acrescente a água. cozinhando por aproximadamente 10 a 15 minutos. Ela deve ficar macia, porém firme. Escorra em peneira, acrescente o suco de limão, a manga em pedacinhos, a cebola e o sal, misturando bem. Na hora de servir, se desejar, acrescente folhas de alface e coloque por cima um pouquinho de mostarda. Delicioso!

Veja mais informações sobre a chicha morada aqui:
www.culturaperuana.com.br/2011/?p=705

domingo, 15 de julho de 2012

AMIGOS...

O queijo Minas Frescal, com azeite e condimentos...

Não posso dizer que estou sem tempo. Diria, isto sim, que continuo desorganizada para usar o que me resta entre meia-noite e seis horas da manhã, mas faz parte. Um dia darei aulas melhor do que qualquer manual sobre como planejar cada minuto do meu dia e quem sabe, ser mãe, mulher, profissional, cuidar do blog, ter amigos, ficar bonita e, o principal, continuar feliz, tudo ao mesmo tempo agora, com um lindo sorriso nos lábios, cabelo arrumadinho, unhas feitas e dieta em dia.

Mas, enquanto esse dia não chega, tento usar os conselhos do meu filho mais velho.  Quando me vê muito aperreada, ele me diz: "Mãe, faça como Jack, o estripador, vá por partes..." Eu rio e tento seguir em frente e penso que mulheres são seres multidisciplinares, que trabalham em rede sempre, fazem dez coisas ao mesmo tempo e no meu caso, ficam às vezes à beira do caos.

Para que ninguém pense que os dias são todos iguais, ainda me recupero de uma pequena folga, onde retornei à Fortaleza, cidade onde morei por quase vinte anos e onde, além de familiares, deixei muitos amigos. Fiquei muito estressada tomando água de coco e comendo caranguejo na praia, mas considerem, alguém precisava passar por isso.

Reencontrar os amigos foi uma farra: não deu para ver todos, é claro, mas me diverti muito em cada encontro. Do jantar especial na casa do Prudente e Climene, aos dias na casa da Rosa, ao almoço na casa de Artemisa e Joaquim, arraial na Cleide, camarãozinho na Tia Néca e pequenos mimos culinários como a carne de sol caseira do seu Leão, tudo rendeu boas risadas e carinho, muito carinho.

Num desses encontros, reunimos uma parte da turma na casa do Válter, outro amigo querido. De repente, vê-los descascando alho, lavando arroz, picando temperos me encheu de orgulho, já que ninguém ali costuma cozinhar. Foram muitas histórias engraçadas e comida produzida para um batalhão, mas valeu a pena!

Parte da tropa, em breve descanso: Valter, eu, Roza, Rosinha e Gláuria

Na casa do Valter, o anfitrião da noite...
Do queijinho Minas frescal regado com azeite, orégano e pimenta calabresa às batatinhas com vinagrete e pimenta biquinho (receita já mostrada aqui no blog), passando pelos camarões ao alho e óleo e com catupiry e fechando com o velho pudim de leite (receita já mostrada aqui no blog), foi tudo perfeito. Veja as dicas e aproveite!

Forma com a calda dourada de açúcar para o pudim, que foi esfriado na geladeira...

Os camarões antes de receber alho picado, para finalizar...
As batatinhas com pimentas do reino e biquinho, alho, vinagre, sal e azeite...

Uma saladinha com alfaces diversas, rúcula, tomatinhos e lascas de queijo parmesão, temperada com uma mistura de azeite, vinagre e um pouco de mostarda. Ao lado, o camarão ao catupiry e molho branco, gratinado no forno...


Queijo Minas Frescal com azeite, orégano e pimenta calabresa

Ingredientes

01 queijo minas frescal ou outro queijo fresco de sua preferência
orégano e pimenta calabresa a gosto
azeite de boa qualidade, a gosto


Modo de Fazer

Coloque o queijo em um prato de servir, corte em fatias sem separar. Regue com bastante azeite, inclusive entre as fatias. Polvilhe com orégano e pimenta calabresa a gosto e sirva com torradinhas.