quinta-feira, 29 de agosto de 2013

CARNE DE SOL E SOMBRA

A carne de sol, já pronta, com cebola e alho...

Paçoca feita com uma parte da carne frita e boa farinha


Diz meu marido que tudo acontece por uma razão e um fim e isso nos serve. Precisei pagar uma conta, caminhei um pouquinho mais até à padaria Nossa Senhora do Rosário ali no Bosque para nos abastecer de um pão manual quentinho e bem na frente da padaria, numa esquina imprensadinha, tem um açougue. Pensei, pensei e a intuição me mandou atravessar a rua. Afinal, amanhã não ia dar tempo de comprar carne e o filé de lá é ótimo.

Conheci o açougue através do meu irmão. O proprietário é simpático e os preços são justos, então sempre que dá, passo para abastecer as ferinhas lá de casa. Mas, bem na hora em que entrei havia um freguês escolhendo uma carne diferente, mais escura e seca. Meus vinte anos de Ceará me fizeram perguntar o óbvio, apenas para confirmar: "que carne é essa?" 

O freguês foi logo respondendo, antes que o dono falasse: "Olha, é a carne de sol que ele prepara, ótima, no ponto de assar ou fritar, nem precisa fazer nada". Resolvi experimentar. Adoro esse tipo de carne, perfeita para juntar cebola e alho e uma manteiguinha para finalizar. Pode ser servida como tira-gosto e acompanhar uma cervejinha, ou prato principal com macaxeira cozida e banana frita ou até mesmo dentro do pão feito sanduíche, opção inventada hoje pelo filho mais velho.

Conversei um pouco com o Paulo, o autor da preciosidade para fregueses fiéis. Perguntei como ele a preparava. Ele desconversou, mas me deu vários toques com muita generosidade. Todos os dias à noite uma certa quantidade de contrafilé recebe sal e é pendurada para secar até o dia seguinte. De manhã, as peças são penduradas no balcão refrigerado, onde sentem o gostinho do sol que entra porta adentro. Depois, é só retirar e embalar. 

Ele me orientou a não tirar o sal, pois a carne já é preparada ao ponto. Ela realmente não precisa, mas para mim, que sou aprendiz de hipertensa, é necessário uma rápida lavada. Cortei em cubos, coloquei numa frigideira quente com um pouco de óleo e azeite e fui fritando aos poucos. No final, joguei cebola e alho e deixei dourar, acrescentando uma porção de boa manteiga.

O cheiro se espalhou pela casa e meu filho, como bom cearense, quase come o prato inteiro.
Misturou ao pão e fez um sanduíche, que ficou muito bom, junto com a cebola frita. De uma parte dos cubos, fiz uma paçoca. Não tenho pilão para socar a carne, então foi o jeito bater no liquidificador. Antes fiz uma farofa com a ótima farinha de Cruzeiro do Sul. Separei os pedaços de carne e coloquei no liquidificador, batendo rapidamente. Misturei depois a farofa e juntei pedaços de cebola crua, ficou muito bom.

Portanto, se quiser experimentar uma carne deliciosa, passe no Paulo e encomende a sua, você não vai se arrepender!  

Carne de sol e sombra

01 pedaço de carne de sol cortada em cubos, sem limpar (sugiro uma passada muito rápida em água ou se usar outra carne que não seja a do Paulo, é necessário dessalgar em várias águas)
01 cebola fatiada
04 dentes de alho médios fatiados, ou a gosto
Azeite e óleo para a fritura
Manteiga para finalizar
Farinha para a paçoca

Modo de fazer

Numa frigideira de fundo grosso, coloque um pouco de óleo e azeite, espere esquentar e junte a carne.Vá virando aos poucos, de forma que ela doure por igual. Quando estiver no ponto, com uma cor uniforme, acrescente as cebolas e o alho fatiado. Se desejar, pode acrescentar pimentão em rodelas. Quando as cebolas murcharem e o alho estiver frito, acrescente uma porção de manteiga a gosto, frite rapidamente e sirva. Para a paçoca, acrescente mais manteiga ou azeite e misture cubos de carne a gosto e uma porção de farinha como se fosse para uma farofa de carne. Mexa para que a farinha pegue gosto, com cuidado para não queimar. Reserve numa tigela. Retire a carne da farofa, bata no liquidificador e após, despeje na tigela com a farofa, misturando bem. Enfeite com cebola crua e banana crua cortada em rodelas, se desejar. Bom apetite!




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Para não passar vontade:

Panificadora Nossa Senhora do Rosário - Rua Cel. José Galdino, n. 306 , tel.: (068) 3224-6080, Bosque, Rio Branco-Ac

Loja de Carnes Boi Bonito - açougue do Paulo e da Dinha - Rua Cel. José Galdino, n.309,   tel.: 99815911/99471851, Bosque, Rio Branco-Ac (pode ligar e encomendar a carne, com os donos Paulo ou sua esposa Dinha).

terça-feira, 27 de agosto de 2013

CONSERVA COBIÇADA




Tem muita gente que aproveita a viagem de férias para ir aos cinemas e teatros, conhecer bons restaurantes, ir naquela praia badalada ou simplesmente descansar à sombra de um coqueiro, numa rede preguiçosa. Alguns outros, entre os quais me incluo, acrescentam à essas atividades prazerosas uma outra, tão especial quanto: ir aos mercados de frutas e verduras da cidade, encher a mala de ingredientes especiais e não tão corriqueiros, livros de culinária e aquela faca que corta até no vento, como se diz por aqui.


Para essa categoria de pessoas, cozinhar é muito mais do que um prazer, um estilo de vida ou vontade de agradar. Expressa antes, uma cultura, um pertencimento ao lugar de onde se vem, aos produtos da região ou é claro, aos produtos e modos de fazer de outras terras, que vem há séculos se misturando entre os povos e provocando uma globalização não tão reconhecida como tal, mas muito clara.



Por isso aqui no Acre adoramos a culinária árabe, fruto de uma leva de imigrantes que aqui se estabeleceram e foram misturando sua cultura, adaptando suas receitas e criando outras que hoje fazem parte do nosso inventário gastronômico local. Assim também foi com os pratos indígenas, com a manipueira, com os pratos portugueses, que por sua vez já sofreram a influência árabe, entre tantas outras e se formos puxar o fio dessa história, talvez ela não tenha fim.



Por sua vez, a curiosidade por novos produtos faz com que sabores e cheiros fiquem na minha memória por anos, escondidos em pequenas caixinhas, aguardando pela identificação futura e pelo uso ou usos possíveis para determinados ingredientes. Foi assim que já adulta, ao comer um prosaico cachorro-quente em um dia comum, na lanchonete das Lojas Americanas em Fortaleza deparei-me com um sabor perdido no tempo das minhas primeiras lembranças gastronômicas.



Tal qual o crítico de Ratatouille, que mergulha no seu próprio passado ao alimentar-se do prato que dá título ao filme, ao provar aquele pão com salsicha, à época adornado com um molho de cebolas, tomates e pimentão verde, vi-me com cinco anos de idade, na frente do prédio dos Correios de minha cidade natal. Na mão, um cachorro-quente com o mesmo, inconfundível cheiro de cominho, especiaria até então desconhecida para mim. Lembro que na hora pensei: "Achei o sabor daquele prato, que tanto me fascinou o paladar"



A partir daí, jamais deixei de utilizar o cominho no molho do cachorro-quente a ainda ampliei para outras preparações o seu uso. Por isso, quando também em Fortaleza, frequentei um restaurante alemão chamado Hofbrauhaus durante um bom tempo, não descansei até descobrir que sementinha era aquela que quando mordida, dava um gosto tão especial aos seus picles. Tanto fiz que consegui reproduzir em casa o seu sabor, depois de alguns testes. Açúcar junto com o sal, a água e o vinagre, pimenta de cheiro inteira e a estrela maior, o zimbro.



É por isso que essa conserva de carne, feita com lagarto, cebola e pimentão verde usa e abusa desse toque diferente e delicioso. Aqui em casa, meu filho mais novo despeja um pote no prato e em minutos só ficam as lembranças. O zimbro não é vendido ainda em Rio Branco, mas nada que um amigo frequentador do mercadão de São Paulo ou de algum empório bacana em outras paragens não possa providenciar. Se não conseguir, não se aperte. Faça apenas com a pimenta do reino inteira e inclua-o  na sua próxima lista de compras, vale a pena!


Conserva de lagarto com zimbro

Ingredientes

01 pedaço de lagarto com aproximadamente 1,2 kg, sem limpar
1/2 xícara de água
1/2 xícara de vinagre
sal a gosto
Pimentão verde sem sementes e cebola branca em rodelas, quanto baste
alho fatiado a gosto
grãos de zimbro e pimenta do reino, inteiros, a gosto
Azeite de oliva quanto baste (por favor, use o melhor azeite possível)
Vinagre de maçã quanto baste
Sal, se necessário
Potes esterilizados

Modo de fazer

Numa panela de pressão, coloque o lagarto, a água, o vinagre e o sal. Leve ao fogo e deixe na pressão até que o líquido seque. Tenha cuidado para que a carne não queime, ela não precisa ficar totalmente macia, pois será cortada em lâminas finas. Retire da pressão, embale em papel alumínio após esfriar e leve à geladeira de preferência até o dia seguinte. No dia seguinte, retire a carne da geladeira, descarte o papel alumínio e numa tábua, retire pele e gorduras, se for o caso, deixando apenas a carne limpa. Com uma faca afiada, corte em fatias finíssimas. Reserve. Em um pote esterilizado, disponha três ou quatro fatias da carne, uma pitada de sal, rodelas de pimentão e cebola e alho fatiado a gosto. Acrescente grãos de zimbro e pimenta do reino inteiros e se desejar, esmigalhe alguns grãos de zimbro para dar mais sabor, pois é um tempero bem suave. Coloque azeite e vinagre aproximadamente na proporção de três partes para um e vá intercalando as camadas, apertando-as de vez em quando até chegar à boca do vidro. Complete com mais azeite e vinagre e uma pitada de sal, prove o tempero, vede com filme plástico ou papel alumínio, tampe e coloque na geladeira, sacudindo de vez em quando. Maravilhoso para comer com pão ou puro, acompanhando uma boa cerveja!

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domingo, 25 de agosto de 2013

UMA TIA NA COZINHA








Ainda me lembro exatamente da primeira vez em que fui chamada de tia. Estava no banheiro do shopping Iguatemi, em Fortaleza, cidade onde morei por quase vinte anos e na mão, segurava um belo batom vermelho, meu preferido. Eu devia ter aí uns vinte e seis a vinte e sete anos, não mais do que isso. Ao meu lado, uma adolescente sapeca me viu e disparou: "Tia, me empresta o batom?"

Confesso que na hora, tive uma sensação de estranheza. Percebi que estava começando a me tornar uma senhora e o sentimento de que talvez não desse mais tempo de mudar o mundo, como eu tanto queria, ficou mais forte. Entreguei o batom com um sorriso, não sem antes dar uma olhadinha para o espelho, procurando por rugas ainda inexistentes. Dei-me conta, naquele momento e por isso gravei a cena por completo, de que a vida é muito, muito breve.

Por isso não me arrependo de ter lutado muito pela democracia e pela liberdade e ainda hoje, arregaçar as mangas sempre que for preciso na defesa dessas mesmas bandeiras, por um mundo mais justo e sustentável. Nesta semana, recebemos a visita no estado do ex-presidente Lula, nosso eterno amigo. Ele veio para inaugurar a primeira fase de um complexo de psicultura que alimentará milhares de pessoas no Acre e fora dele. Será a fábrica de pescados mais moderna do país e as sugestões dadas por ele ao nosso governador Tião Viana para fomentar essa atividade no Acre fez com que ele viesse cortar a fita inaugural. Nada mais justo.

Ver o Lula aqui mais uma vez, das tantas visitas feitas por ele ao nosso Estado, ver o carinho de um dos presentes ao ato, um trabalhador rural agradecendo por hoje ter uma faculdade e uma pós-graduação, coisa impensável há uns anos atrás me dá a certeza de que os anos passados não foram em vão, nem para mim nem para uma multidão de sonhadores que acreditaram que era sim possível, ter inclusão social de fato. Os números estão aí para mostrar.

Isso tudo para dizer que após essa atividade no complexo de piscicultura, cheguei em casa cansada e não cumpri algumas ações que havia me proposto a fazer, entre as quais um bolo para o lanche das crias. De noite, meu filho mais velho chegou do trabalho com um grupo de amigos, para deixar o carro e ir tomar uma cervejinha. Álcool zero, é claro. Mas aí, antes da balada, vem a comida ou o lanche, que não tinha.

Corri para fazer um café e umas tapiocas e ri muito quando um deles perguntou: "Tia, a senhora pode me adotar?". O outro amigo saiu-se com uma "Tia, se eu pedir uma tapioca para a minha mãe, ela me bate!" Falei para ele, "Minha ídola! Aqui em casa fico oferecendo comida direto!" Bom, mas as tapiocas eram poucas e lembrei de fazer bodó (ou bolinho de chuva em outras terras). O bodó é nossa merenda da tarde mais típica, polvilhado de açúcar com canela e comido com café ou café com leite.

Meu bodó faço com suco de laranja ao invés de leite, o que provocou suspiros dos meninos. Essa troca me foi sugerida por dona Franca, uma querida amiga já falecida, trabalhadora do interior do Ceará, que criou muitos filhos e netos com o que havia à mão. Usei açúcar de confeiteiro ao invés do açúcar normal para polvilhar os bodós, o que diminuiu um pouco a doçura. Os rapazes comeram tudo e de barriguinha cheia, foram tomar uma cerveja, porque ninguém é de ferro. Então, para os filhos e sobrinhos adotados ou não, experimente fazer esses bolinhos no fim de tarde, é impossível comer um só! Bom apetite!

Bodó do meu jeito (ou bolinhos de chuva) 

Ingredientes

01 xícara de farinha de trigo
1/2 xícara de açúcar refinado
Suco de 03 laranjas (pode não ser preciso usar tudo)
01 colher de chá de fermento químico
01 pitada de sal
01 ovo
Açúcar de confeiteiro para passar os bodós ou uma mistura de açúcar com canela
Óleo para fritura

Modo de Fazer

Numa tigela, coloque a farinha, o fermento, a pitada de sal e o açúcar. Acrescente o ovo e o suco de laranja, mexendo até ficar uniforme. Numa panelinha ou fritadeira, coloque óleo suficiente para a fritura (aproximadamente três a quatro dedos do recipiente)  e deixe esquentar. Com uma colher, despeje com cuidado o equivalente a uma colher de sopa (aproximadamente) e vá banhando no óleo, para que frite rápido, sem queimar. Observe para que o óleo não fique quente demais e os bodós fiquem crus por dentro. Frite três a quatro por vez e retire-os com cuidado, colocando-os em um prato forrado com papel absorvente. Passe-os no açúcar ou na mistura de açúcar com canela e sirva-os ainda quentes com chá, café ou chocolate. Fica uma delícia!

sábado, 24 de agosto de 2013

PAGANDO UMA DÍVIDA



Pão de mel,  o preferido das cunhadas...



Considero-me uma privilegiada. Tenho irmãos, cunhados, cunhadas, concunhados e ex-cunhado maravilhosos. Cada um deles gosta de um petisco (ou vários) diferentes e aqui e ali recebo uma cobrança leve: "Cadê meu brownie, que nunca mais comi?" ou "É, aquela conserva não sai mais, tá em falta" e por aí vai. Quando dá, a casa atende, de forma bem aleatória. Às vezes vai um pão para um, uma geléia para outro e assim vai, mas continuo numa dívida eterna.

Um desses exemplos é o pão de mel. Duas de minhas cunhadas, a Arileide (que nem gosta de doces) e a Rachel Moreira (que adora chocolate) ao me verem, antes de qualquer assunto, a pergunta é a mesma: "E o pão de mel, vai sair quando?" Então, resolvi colocar a preguiça de lado e pagar parcialmente a conta, já que desta vez elas receberão virtualmente o doce, enquanto faço nova fornada. Esta receita pode ser feita nas forminhas próprias para pão de mel, mas eu confesso que morro de preguiça de passar manteiga e farinha em cada uma delas.

Então, faço na forma grande, coloco o chocolate por cima e salve-se quem puder nesta corrida. Se quiser um bolo mais compacto, use fermento ao invés do bicarbonato de sódio, as bolhas ficam bem menores. Para cobrir, use sempre um bom chocolate meio amargo (aqui, usei chocolate a 55%), o que dá um bom contraponto ao doce da receita. Se preferir, é claro, pode colocar chocolate ao leite, ficará um pouco mais doce mas igualmente gostoso.  

Esta receita vem de uma publicação antiga da Cláudia Cozinha e se quiser, você pode dobrar as quantidades para uma forma dupla. O mel de ótima qualidade veio dos Forneck, produtores locais aqui de nossa cidade.

Pão de Mel (receita da Revista Cláudia Cozinha)

Ingredientes

1 1/2 xícara de açúcar mascavo
1 xícara de água
2 ovos em temperatura ambiente (clara e gema separados)
2 1/4 xícaras de farinha de trigo peneirada
1/4 colher de chá de cravo em pó
1/4 colher de chá de canela em pó
1 colher de sopa de chocolate em pó (usei 1/2 colher de cacau e 1/2 colher de chocolate)
1/2 colher de sopa de bicarbonato de sódio
1/2 xícara de leite
1/2 xícara de mel
01 barra de chocolate meio amargo (usei com 55% de cacau) para a cobertura ou 600g, caso deseje colocar nas forminhas próprias

Modo de Fazer

Numa panela média, ferva o açúcar e a água até dissolvê-lo e a calda encorpar um pouco. Deixe esfriar. Unte e enfarinhe uma forma retangular média padrão. Preaqueça o forno a 180 graus. Na batedeira, bata as claras até formar picos moles. Reserve. Numa tigela, misture a calda já fria, a farinha, o cravo e a canela. Acrescente o chocolate, o bicarbonato dissolvido no leite e as gemas. Por último, junte as claras batidas e o mel, misturando delicadamente. Coloque na forma e leve ao forno até assar. Retire do forno e desenforme. Sem abrir a embalagem, quebre o chocolate em pedaços dando várias batidas numa superfície dura. Coloque os pedaços por cima do bolo e quando derreter, passe uma faca ou espátula para espalhar bem. Corte em pedaços e sirva, acompanhado de um bom café.
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Serviço: Apiário Bom Mel - Mel de Abelha Africanizada - Estrada Velha de Porto Acre, Km 12 - contato: Anselmo Forneck, tel.: 9964-6133







terça-feira, 20 de agosto de 2013

PARA GARANTIR O JANTAR




Explico: andava com muita vontade de comer uma carne de panela (eita, fui no fundo do baú culinário agora), feita mais ou menos do meu jeito. Gosto quando ela se desmancha toda em fiapos compridos e suculentos com um molhinho grosso e untuoso. E é claro, o que sobra, serve para um delicioso sanduíche no jantar, sem mais nada do que carne, pão e molho.

Como os comilões aqui de casa já estavam por um fio, nem deu tempo de engrossar o molho, mas ficou boa mesmo assim. Acompanhamos com um purê cremoso de mandioquinha (na falta, pode ser usado macaxeira ou batata), quiabo frito, quibe de arroz,  farofa de ovo, arroz e feijão, além de couve em tirinhas passada no alho. Comi feito rainha e embora tenha sobrado pouco, consegui fazer meu amado sanduíche à noite, acompanhado de um pãozinho de leite macio. Aproveite!

Carne de panela do meu jeito

Ingredientes 

01 corte de coxão mole (chã de dentro) de aproximadamente 1,2 kg, inteiro
01 cebola
Cebolinha e coentro picados, a gosto
Sal, pimenta e alho, a gosto
Vinagre de maçã para a marinada
Colorau ou pimentão em pó, a gosto
Óleo
Água quente, quanto baste

Modo de Fazer 

Coloque a carne inteira, depois de limpa, numa tigela. Eu faço alguns furos (medida não recomendada pelos puristas), para que o tempero penetre melhor. Coloque sal, pimenta do reino, alho e o colorau ou o pimentão em pó, a gosto. Regue com o vinagre, para formar uma marinada. Deixei descansar por meia hora, pois comecei o almoço tarde, mas o ideal é descansar mais, virando a carne de vez em quando. Decorrido esse tempo, coloque 02 colheres de sopa de óleo na panela de pressão e junte a carne e o líquido da marinada. Apenas tampe, sem colocar na pressão e vá virando até secarem os líquidos e a carne fritar de todos os lados. Nesse momento, acrescente água fervente até cobrir e prove o líquido para ajustar o tempero, se for o caso. Deixe ferver na pressão por aproximadamente meia hora. Abra a panela, coloque 01 cebola inteira descascada e cortada em quatro, cebolinha e coentro a gosto. Caso a carne ainda esteja dura, coloque novamente na pressão e vá olhando de vez em quando. Quando estiver macia, retire da pressão e vá acrescentando um pouco de água fervente para que o caldo engrosse. tenha cuidado para que não queime. Se preferir, você também pode usar uma panela de ferro, só vai aumentar o tempo de cozimento e readequar as quantidades de água e tempero, se for o caso. Sirva com arroz branco e feijão, além do purê de mandioquinha e o que mais desejar. Bom apetite! Se sobrar, desfie em lascas, junte o molho e recheie pães para o lanche ou jantar, fica ótimo!



Para o purê de mandioquinha (batata baroa)

Ingredientes

04 mandioquinhas médias, descascadas e cortadas em rodelas ou cubos. Se preferir, pode ser feita com macaxeira, da mesma forma.
Alho, sal, pimenta, cebolinha e coentro a gosto
02 colheres de sopa de requeijão
02 colheres de sopa de leite
Azeite

Modo de Fazer 

Numa panela, refogue o alho num pouquinho de azeite. Acrescente as mandioquinhas cortadas e água fervente até cobri-las. Coloque sal a gosto, uma pitada de pimenta, cebolinha e coentro picados. Deixe cozinhar até ficar macio e  a água secar um pouco. Amasse as mandioquinhas na própria panela, deixe secar mais a água e acrescente o leite e o requeijão. Misture bem, ajuste o tempero e sirva. Deve ficar bem molinho, mas se preferir, deixe secar um pouco mais, mexendo para que não queime. Bom apetite! 

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Para saber mais:

Mandioquinha: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/mandioquinha/mandioquinha.php 



domingo, 18 de agosto de 2013

HOJE NÃO TEM RECEITA: TEM EMPATE E GRANDES ENCONTROS

Apesar da gripe, em parte pelo tempo seco e sem chuvas, em parte pela fumaça e poeira que vão entrando sem pedir licença nesta época do ano aqui em nossa região, fruto ainda da irresponsabilidade de muitos em queimar as folhas do quintal, resolvemos sair de casa, por dois bons motivos. O primeiro, o lançamento de um zine, alternativo, de nome Empate, para relembrar ações antigas em que mulheres e crianças seringueiras, junto com seus homens e com muita coragem, plantavam-se à frente das árvores e impediam, ou melhor, "empatavam" as derrubadas.

Era preciso muita coragem. A mesma que um grupo de jovens, entre os quais a linda sobrinha Iara Vicente, formanda de sociologia e a Veriana, jornalista filha de Toinho Alves, um nosso velho conhecido, junto com a Kairlly , o Teddy e mais alguns letrados tiveram para de forma séria e divertida, lançar um primeiro número do Empate. Lembrei da época em que diagramávamos com régua e letrinhas prontas os manifestos e jornais do movimento, na faculdade e até mesmo dos velhos mimeógrafos cheirando a álcool, onde com todo o cuidado, riscávamos estêncil (alguém ainda sabe o que é isso?) para não rasgar.

O Café do Theatro, com o apoio dos queridos Jorge Henrique e Janaína, foi o local da gestação e apresentação do Empate. Textos bons, para ler tomando um café.  Algumas concordâncias, algumas discordâncias, mas o que vale é que a tribuna é livre! Além dos amigos, filósofos, jornalistas e familiares, o evento teve a banda Panela de Expressão fazendo o som. Teve canja da Isadora, além do primo Luciano Pontes na percussão. Isso mostra que os filhinhos de peixe estão nadando bem, que continuem!


Kairlly, Iara e Cristina, mãe do Digo do Los Porongas

Eu toda prosa com a Iara e Veriana

Veriana no lançamento, antes das palavras do pai Toinho Alves, todo orgulhoso

Toinho Alves, relembrando suas primeiras colunas no jornal

Iara e Kairlly

A avó da Iara, minha sogrinha Neuza Pontes, participando de tudo

Tios Marcos e Alessandra, dona Neuza e Gabriel com Iara no café do Theatro



Marcos Afonso, jornalista e filósofo, sorriso orgulhoso com a sobrinha Iara Vicente: pela liberdade e pela democracia! 

Eu e a cunhada Alessandra, com o Empate na mão no Café do Theatro

Não, não sou tão velha assim, é que a evolução dos meios de comunicação, gráfica e afins foi tão rápida que quase não dá, ainda hoje, para acompanhar as novidades. Na semana passada estava vendo um talentoso colega desenhando no computador, com uma caneta especial, com nuances de cor e traço inimagináveis há uns anos atrás e fiquei fascinada.

E ontem, para fechar o final de semana de forma inesquecível, fomos a um show no Teatro Plácido de Castro (o Teatrão), chamado com toda a propriedade, de Grandes Encontros. Estavam lá grande parte dos artistas que representam a música autoral no Acre, ao vivo e a cores. Quem já partiu assim mesmo foi lembrado, em vozes emocionadas e canções de domínio público, como a de Jorge Cardoso eternizando a Praia do Amapá: "Meu amor, vamos lá, vamos tomar sol, na Praia do Amapá...".

Entre os músicos presentes estavam Heloy de Castro, um dos idealizadores do evento e mais Écio Rogério, Clévison e Clenilson Batista, Andrelino Caetano, Dinho Gonçalves com maestro e tudo, os Camundogs, o imperdível Pia Vila com a Senhora da Floresta e muito, muito mais. Teve João Veras na flauta, teve o nosso Teixeirinha do Acre com a filha Josi cantando juntos no maior carinho e me emocionando com lindas canções. Teve o Beko Santanegra, vindo direto do Mato Grosso para matar as saudades do Acre e nós dele, eternos viúvos e viúvas do Casarão.

Teve o César Escóssio vindo de Brasília e nos encantando, teve o Da Costa e o Tião Natureza, além do Franco Silva, relembrados nas vozes dos amigos saudosos, teve muita emoção e muita beleza. Que venham novos encontros como esse, sempre!  









































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Para saber mais:

Zines: acesse http://www.mcdbrasil.net/mcdlab/?p=854 

Colaboradores do Empate n. 01: Veriana Ribeiro, Teddy Falcão, Iara Vicente, Kairlly Mourão, Toinho Alves, Diogo Soares, Clenilson Batista, Gustavo de Biase e Rogério Vasconcelos

Café do Theatro: Av. Brasil, n.30, Centro, Rio Branco-Ac
     
Grandes Encontros:
matéria do Portal G1: http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2013/08/musicos-acreanos-realizam-show-para-homenagear-musica-autoral.html