domingo, 31 de agosto de 2014

E PARA O PEIXE, NADA? TUDOOOOOOO!

A torta pronta para comer: peixe e molho bechamel...

A torta pronta...

O refogado com o peixe, que pode originar inúmeras preparações...

O peixe moído e os temperos...


Nesses dias, estive no Bujari, um dos municípios do nosso Estado, cuja sede é praticamente ao lado de Rio Branco e onde está nosso Aeroporto Internacional, para uma reunião de trabalho. Ao final da agenda, começamos a conversar sobre outras pautas que já não faziam parte da reunião original e falei sobre o I Festival de Gastronomia de Mercado, que havíamos produzido  em dois Mercados tradicionais de Rio Branco e que foram um sucesso de público (veja mais em http://www.mesanafloresta.blogspot.com.br/2014/07/primeiro-festival-de-gastronomia-de.html ).

Entre os presentes, além das coordenadorias da Mulher e do Meio Ambiente do Município e de nossa própria Secretaria de Mulheres do Estado, estavam o Prefeito e seu secretário de Saúde. Comida vai, comida vem, eles começaram a falar da Cooperativa de Peixe do Bujari, criada em 2011, cuja fábrica entrou em funcionamento em meados de 2012 e contou com o apoio do Governo do Estado, através de um convênio com a Prefeitura. A sede fica no Município e a área de atuação, segundo informações da gerente Regiane, está circunscrita aos produtores rurais dos municípios de Bujari, Rio Branco, Sena Madureira, Porto Acre, Manoel Urbano, Senador Guiomard, Acrelândia, Brasiléia, Epitaciolândia, Capixaba, Xapuri, Assis Brasil e Plácido de Castro.

Ao saberem que eu tinha um blog, além da paixão pela cozinha, já lançaram o desafio: "Olha, precisamos de algumas sugestões para incentivar o consumo de um dos produtos, o peixe (tambaqui) moído. Que tal pensar em alguma receita com isso? Podemos aproveitar e fazer uma visita à fábrica." Meus olhinhos de cozinheira brilharam, é claro. Fomos à fábrica, onde é feito todo o beneficiamento do pescado diariamente, para uma pequena visita. 


A Secretaria de Educação do Estado é hoje o principal cliente da Cooperativa, através da Merenda Escolar, que aproveita a produção local e garante aos estudantes proteína de ótima qualidade. Com isso, há também melhora da renda dos pequenos produtores rurais e incentivo à produção. A fábrica conta hoje, ainda segundo informações da simpática gerente Regiane, com 65 (sessenta e cinco) cooperados, empregando 30 (trinta) pessoas diretamente. Produz filé de tambaqui e pintado, costela de tambaqui, peixe borboleta (peixe inteiro sem espinha), peixe moído sem espinha, kit caldeirada e bolinha de peixe moído sem espinha. A carne moída de peixe não leva peles nem espinhas e já vem pronta para o consumo, basta temperar e cozinhar. Todos os produtos podem ser adquiridos lá mesmo, já congelados nas embalagens de acordo com o uso, uma maravilha.

Fomos muito bem recebidas, minha colega e eu, pela gerente Regiane. Infelizmente, os trabalhadores estavam em horário de almoço e ficamos apenas na vontade. Semana passada, a oportunidade surgiu e lá fui eu, toda contente, conhecer as instalações. Máscara, botas, touca e higienização adequada, pude conhecer não só o processo de produção, mas principalmente o fruto de um sonho. O sr. José Mota, encarregado da produção que me acompanhou na visita, falou também das dificuldades e da vontade de melhorar ainda mais. 

Mas o que mais me chamou a atenção foi ouvi-lo dizer com muita emoção que ali estava a melhor equipe com quem ele poderia trabalhar. Equipe esforçada e que mesmo diante de eventuais dificuldades, trabalhava com alegria. Fiquei muito sensibilizada. Um município pequeno mas aguerrido, pessoas que estão lutando pelos seus sonhos de vida, trabalho em equipe e reconhecimento. Tudo que muitos manuais de administração tanto falam, mas que às vezes não consegue ter eco na realidade das empresas. Saí de lá com um pacote de peixe moído e a vontade de fazer vários testes. 


Eu na entrada da fábrica, tendo ao fundo parte da equipe de produção e meu guia, o sr. José Mota

O primeiro deles foi fazer um refogado simples, para testar o sabor, que se revelou maravilhoso. A partir desse refogado, o céu é o limite. Dá para servir com arroz, fazer recheio de panquecas, colocar um pouquinho de tomate e servir como molho para macarrão, fazer recheio de tacos, acompanhando o guacamole, cebolas roxas cortadas e suco de limão, recheio de empadão, enfim...optei por testá-lo no recheio do empadão, junto com um molho bechamel com um pouquinho de farinha de castanha. Ficou maravilhoso! Pretendo voltar lá e adquirir outros produtos mas posso garantir que o sabor é muito bom! Então, passa lá, faça  a receita ou invente outras, você não vai se arrepender.

(Aproveito para agradecer à Regiane, ao sr. José Mota e em nome deles à toda a equipe)


Ingredientes

Para o peixe

01 kg de peixe moído, sem peles nem espinhas (a fábrica trabalha com o tambaqui, neste caso e ele já vem pronto para o consumo) 
Suco de 01 limão
03 colheres de sopa de cebola picada
05 colheres de sopa de cheiro verde picadinho (coentro e cebolinha)
02 colheres de chá de alho amassado
02 colheres de chá de pimentão vermelho em pó (páprica doce)
01 folha de chicória picadinha
01 colher de chá de colorau
Pitadas de pimenta do reino moída na hora
Sal a gosto

Para o refogado

02 colheres de óleo
02 colheres de sopa de alho amassado
1/2 cebola média picada
01 colher de sobremesa de pimentão vermelho em pó (páprica doce)
03 colheres de sopa de azeite de dendê

Para o molho bechamel

50 g de manteiga
50 g de farinha de trigo
02 xícaras de leite
03 colheres de sopa de castanha do Brasil crua peneirada (não usei a fresca) - opcional
Sal a gosto

Para a massa da torta

200 g de manteiga em temperatura ambiente
300 g de farinha de trigo (2 1/2 xícaras de chá)
01 ovo inteiro
01 gema
01 pitada de sal

Para a cobertura da torta

01 gema passada na peneira, misturada com um pouco de azeite 
farinha de castanha para polvilhar (opcional)

Para a montagem da torta

2 1/2 xícaras do refogado de peixe, já preparado
1 receita de molho bechamel
02 colheres de sopa de farinha de castanha do Brasil (opcional

Modo de fazer

Para o peixe e o refogado

Numa tigela grande, coloque o peixe moído e regue com o suco de limão, misturando levemente. Após cinco minutos, despeje água por cima do peixe bem devagar e escorra, sem misturar. Coloque água novamente e proceda da mesma forma, para retirar o excesso de suco. Esprema o peixe, para retirar o máximo de água. Tempere com o sal, o alho amassado, a páprica e o colorau, a pimenta e os temperos cortadinhos. Deixe pegar gosto por uns quinze minutos. Em uma panela grande, coloque o óleo e o alho do refogado, mexendo bem. Em seguida, acrescente a cebola picadinha e quando estiverem levemente dourados, junte o peixe moído já temperado. Vá mexendo até que os grumos se desfaçam, acrescente a colher de páprica e continue mexendo, até que ele comece a cozinhar. Deixe por uns cinco minutos, mexendo de vez em quando e acrescente o azeite de dendê. Mexa novamente, tampe a panela e deixe por mais dez a quinze minutos ou até estar cozido. Caso necessário, acrescente um pouquinho de água quente, apenas para não grudar. Reserve.

Para o molho bechamel

Numa panela coloque a manteiga e a farinha e mexa bem até derreter a manteiga e formar uma espécie de massa com a farinha. Coloque o leite devagar e vá mexendo bem para desfazer os grumos, rapidamente. Acrescente o sal e a farinha de castanha, se usar. Deixe ferver, mexendo bem, até que cozinhe. Reserve.

Para a massa da torta

Numa tigela, coloque a manteiga em temperatura ambiente e mexa bem. Acrescente o ovo inteiro e a gema, mexa um pouco e acrescente a pitada de sal e a farinha, que deve ser apenas misturada rapidamente até que a massa fique homogênea. Não manuseie demais a massa para que ela não fique dura. Embrulhe em filme plástico e deixe uns quinze minutos na geladeira. 

Para a montagem da torta

Após esse tempo, retire a massa da geladeira, estique-a entre duas folhas de filme plástico e forre uma forma, de preferência dessas de abrir. Polvilhe o fundo da torta com a farinha de castanha, se desejar. Recheie alternando camadas do peixe refogado e do creme. Cubra com o restante da massa, passe a gema de ovo misturada com o azeite, polvilhe a farinha de castanha e leve para assar até ficar bem dourada. Sirva da maneira que preferir, como lanche da tarde, um almoço ou jantar rápidos, acompanhada de uma saladinha. 


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Para saber mais:

Indústria de Embutidos - COOPEIXE do Bujari - Rua Senador Guiomar, n. 430, Bujari-Ac, tel. (55) 68 99013309. Encomendas:(68) 99013309 (Regiane) e (68) 99886410 (Aquino) - As entregas podem ser feitas em Rio Branco

http://www.amac-acre.com.br/site/?p=24

http://www.amazonianarede.com.br/ac-industria-de-embutidos-de-peixe-do-bujari-fortalece-a-piscicultura-no-estado/


domingo, 24 de agosto de 2014

MINHA PRIMEIRA RECEITA

Bolinho de banana comprida, recheado com costela desfiada e queijo, acompanhado de vinagrete de castanha do Brasil...hummmmmmm!


Os bolinhos prontos para fritar...

A banana comprida, já cozida e sem sementes, com um pouquinho de manteiga, antes de virar massa de bolinho...


Não sei se toda cozinheira ou cozinheiro sabe exatamente quando produziu sua primeira receita. Eu sei. Devia ter uns quatro para cinco anos, acho que no meu aniversário de cinco anos. Encasquetei de fazer para o meu pai um suco de banana comprida (banana da terra, em outras paragens). Amassei a banana com as mãos, coloquei em um copo, juntei água e açúcar e ...voilá! Ali estava pronto para beber o primeiro suco de banana comprida de que se tem notícia. Meu pai demonstrou todo o seu enorme amor filial: mesmo com os protestos débeis da minha mãe, tomou, ou melhor, comeu o suco todo e eu fiquei muito feliz.

Ainda lembro dos pedaços de banana soltos no copo com água e só muito, muito tempo depois fui ter a exata dimensão da prova a que tinha submetido meu pai. Que, é claro, foi aprovado com honra e mérito. Nunca mais fiz coisa semelhante. Daí para a frente, só lembro mesmo de outro episódio curioso: é que de tanto gostar de manteiga, quando era pequena, costumava passar quantidades absurdas dentro do pão. Até que um dia, ao me preparar para comer um pedaço de pão fresquinho, imaginei que se ficava tão bom cheio de manteiga, poderia ficar ainda melhor se eu passasse um pouco dela também por fora, ensaboando o pão. Bem pensei, melhor fiz.

O resultado veio rápido: criei uma tal aversão por manteiga a partir do episódio que não aguentava nem mesmo ver ou sentir de longe qualquer cheiro da dita cuja, ficava completamente embrulhada. Passei mais de sete anos para recuperar o meu amor por manteiga, mas desta vez sem os exageros da paixão. Um amor já maduro e bem, bem mais equilibrado. Mesmo assim, não me dêem margarina para comer. Ou tudo ou nada. A mesma coisa digo do adoçante. Não tenho nenhum problema para comer qualquer coisa sem açúcar, do café (que aliás prefiro forte e sem) à limonada, mas por favor, nada de adoçante para mim. Claro, quem gostar ou preferir, com todo o respeito, nada contra. 

Preciso urgente fazer uma boa dieta. Estou me conscientizando devagar que caldo de galinha e prudência nunca fizeram mal à ninguém, então, melhor diminuir com muita dor os pães e o doce de leite escuro do que estourar as taxas de glicose e colesterol. Mas isso é um processo e embora eu esteja apenas com sobrepeso, minha cabeça precisa emagrecer primeiro, claro. Nem tanto pela estética, embora ela seja importante, mas pelo processo de saúde em si. Caldo de galinha número dois: exercício físico, de qualquer tipo. Então, atenção, mes amis, as receitinhas não serão light mas eu pretendo reduzir um pouco o prejuízo. Equilíbrio, equilíbrio, simples assim.

Portanto, para lembrar do ingrediente com o qual executei meus primeiros passos na cozinha, pensei em um bolinho de banana comprida recheado de costela cozida e desfiada.  Para os que podem comer alguma fritura, é claro. Mas não se preocupem tanto: a costela teve sua gordura praticamente retirada, para minimizar o quitute frito. De qualquer forma, uma delícia. Experimente com um bom suco de cupuaçu ou com a bebida de sua preferência e depois me diga se valeu a pena! 

Ingredientes

Para a costela

1,350 kg de costela bovina (peso com pele e gordura. Retire o máximo possível de ambos antes de temperar).
Sal, alho, cominho, sementes de coentro, pimenta do reino, colorau e vinagre a gosto para a vinha d' alhos

Modo de fazer

Corte e tempere a costela a gosto. Deixe no tempero de um dia para o outro, ou por umas duas horas, na geladeira, virando de vez em quando. Sele os pedaços em uma frigideira grande, com um pouquinho de óleo, de todos os lados. Desligue o fogo, passe-os para uma panela ou panela de pressão, acrescente água e cozinhe até que fiquem macios. Se precisar, ajuste o tempero e vá colocando mais água, se necessário. Reserve numa tigela, espere esfriar e leve à geladeira, para que a gordura ainda presente se solidifique. Retire a tigela da geladeira, remova toda a gordura e desfie a carne. Separe o caldo para outra preparação. Se desejar, refogue-a após desfiada com um pouquinho de alho e cebola, retirando o caldo. Reserve para o recheio. 

Para a banana comprida (ou da terra) 

Ingredientes

02 bananas compridas 
Sal
02 colheres de chá de manteiga

Modo de fazer

Corte as bananas com a casca em pedaços, retirando as pontas. Coloque para cozinhar em uma panela com água e um pouco de sal, mais ou menos uma colher de chá. Após estarem cozidas, escorra-as bem, retire as cascas, corte ao meio para retirar as sementes, coloque a manteiga e amasse bem com um garfo. Reserve.

Para o bolinho

01 receita de costela conforme explicado acima
02 bananas compridas cozidas e amassadas conforme explicado acima
02 colheres de sopa de farinha de trigo
Queijo mussarela de bolinha cortado em pequenos pedaços, ou outro de sua preferência
01 ovo batido
Farinha de rosca o quanto baste
Farinha de trigo o quanto baste 
02 colheres de sopa de farinha de castanha (opcional)
Óleo de boa qualidade para a fritura

Modo de fazer

Separe os ingredientes para o bolinho. Coloque numa tigela a banana já amassada com a manteiga. Acrescente a farinha de trigo e misture bem. Caso fique ainda muito úmido, coloque mais uma colher de farinha. Reserve. Em um prato, coloque o ovo batido e reserve. Proceda da mesma forma com a farinha de rosca e com a farinha de trigo. Com esta última, se desejar, acrescente um pouco de farinha de castanha e misture, mas é opcional. Por último, coloque a carne desfiada em uma tigela e o queijo de sua preferência em outra.(Usei mussarela de bolinha, bem macia). Pegue uma porção da massa de banana e achate-a na palma da mão. Caso ainda esteja úmida demais, passe levemente na mistura de farinha de trigo e farinha de castanha, apenas para facilitar na hora de enrolar. Recheie com uma porção da carne desfiada, coloque o pedacinho de queijo, feche e enrole, como se fosse um brigadeiro. Passe na farinha de trigo (ou na mistura desta com a farinha de castanha), no ovo batido e depois na farinha de rosca. Arrume todas as bolinhas em uma bandeja e frite-as aos poucos em óleo não muito quente. Escorra-as e sirva com o vinagrete de castanha. Delicioso! (Esta quantidade rendeu aproximadamente doze bolinhas grandes e sobrou ainda do recheio de carne).
 
Vinagrete de castanha do Brasil


03 colheres de sopa de azeite
01 colher de sopa de vinagre
01 colher de sopa de farinha de castanha (bater a castanha crua no liquidificador ou usar a farinha pronta vendida sob encomenda, da empresa Miragina. Veja em http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2014/08/emocao-e-sobremesa.html)
Sal a gosto

Modo de fazer

Numa tigelinha, misture o azeite e o vinagre e bata até emulsificar. Acrescente o sal e a farinha de castanha e sirva com os bolinhos. 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

EMOÇÃO E SOBREMESA

O crepe de castanha, recheado com creme de castanha e calda de gramixó, aromatizados com baunilha e Cointreau

Passei alguns dias fora do meu estado para acompanhar a entrada na faculdade do caçula, aprovado para Medicina na UFC de Sobral no Ceará. Numa cerimônia simples, porém emocionante, parte da família pôde ouvi-lo fazer o primeiro juramento como estudante e seu compromisso com uma medicina mais humanizada, com a ética na profissão e respeito ao cidadão. Não resisti e deixei a emoção fluir em algumas palavras pela lembrança do esforço concentrado dele durante o ano e de sua dedicação para ingressar no curso. Ficamos felizes ao sentir a estrutura familiar e aconchegante que a faculdade de Medicina de Sobral transmite, com professores motivados e alunos dispostos ao desafio.

Meu filho, sempre tão concentrado e sério, desatou a chorar no momento do meu depoimento e quase me desmonta toda. Seus colegas, alguns também emocionados, vieram cumprimentá-lo e ali percebi, ao vê-lo de jaleco e de cabeça raspada, todo orgulhoso, que ele está seguro e feliz com sua escolha. Disse a ele: para nós, se você fosse músico, cozinheiro ou engenheiro, não faria diferença. Nunca o pressionamos para a escolha da profissão, mas posso dizer sem medo que estou muito feliz. De quebra, o mais velho, já formado, também ingressou na faculdade de Direito, um sonho antigo.


A mãe coruja com o filhote mais novo...


Os dois pequenos grandes...
A turma em Sobral...


Entretanto, a viagem foi tão corrida, mas tão corrida, que consegui ir para a cozinha em apenas duas ocasiões: ao fazer um macarrão com brócolis assado para o mais velho,  bolo de laranja com calda de chocolate e brigadeiros para minha norinha e ainda, uns bifes enormes que fizeram a alegria do mais novo e que ele devorou feliz, lá em Sobral, com a ajuda de seu colega de apartamento Henrique, que me emprestou suas panelas e demais utensílios. Nos outros dias, foi preciso comer fora de casa e aumentar algumas gramas, para ser bem educada.

Não tive muito tempo para processar todas as minhas impressões, então esse post estará um pouco misturado. Sempre digo que Deus protege os cozinheiros e aí descobri (acreditem se quiserem, por mero acaso ao pegar um jornal local para folhear) que haveria um evento de gastronomia em Fortaleza, promovido pelo Senac e Revista Prazeres da Mesa, com oficinas, palestras, degustações e apresentação de produtos. Meus olhinhos brilharam. Nunca consegui participar de nenhum evento dessa natureza fora do Estado e fiquei mais do que feliz. Adorei ver a produção da revista, que costuma fazer esse evento em algumas cidades e produz publicações específicas para a ocasião.

Vi oficinas, entre elas a de Roberta Sudbrack, muito esperada e a do chef Ivo faria, um mineiro muito simpático. Teve também, entre muitas outras, a de Lia Quinderé, dona da confeitaria Sucré e a da francesa radicada no Ceará Marie Anne Bauer, dona do restaurante Le Marché, também na cidade. Além disso, degustações incríveis como a da premiada  Neiva Terceiro, da Neiva terceiro Pães Artesanais, a quem nunca deixo de visitar quando estou na cidade e comprar seus maravilhosos pães de bacalhau, para ficar em apenas um dos inúmeros itens que encontramos por lá. Sorvetes artesanais, vinhos, doces e as geléias surpreendentes de mandacaru e jamelão (entre outras), de Nilza Mendonça, professora do Senac, deram um show à parte.

Quem sabe possamos mais para a frente sediar um evento como esse, depois da ótima repercussão do I Festival de Gastronomia de Mercado, que conseguiu agradar gregos e troianos e ter até frequentadores com cadeira cativa, a exemplo da Sibelle Lopes, funcionária da Casa Civil do Estado e Roseana, minha colega da Secretaria de Mulheres. Tinel e Luana, um casal querido e amigo, também aproveitou bastante, assim como a querida Jackie Pinheiro. (veja em http://www.mesanafloresta.blogspot.com.br/ um post sobre o Festival). 

Então para comemorar um pouco o sucesso do nosso Festival e a alegria de ter participado do Prazeres da Mesa ao Vivo Fortaleza (cujas fotos colocarei em post futuro), resolvi fazer uma sobremesa que unisse leveza e nossos produtos regionais, como a castanha, a quem chamamos do Brasil. A fábrica Miragina (que desde 1967 nos brinda com seus produtos) começou a produzir (por enquanto, apenas sob encomenda) uma ótima farinha de castanha, parcialmente desidratada e desengordurada, ainda caroçuda, que se presta a bolos, biscoitos e o que mais você quiser experimentar. Uma delícia! Caso você não a tenha, pode usar castanhas batidas no liquidificador. Neste caso, use um pouco de amido de milho para engrossar. Bom apetite!  



A farinha de castanha produzida pela empresa Miragina, sob encomenda...

A farinha batida em casa...

O creme feito com a farinha batida em casa, que precisou de um pouco de amido para engrossar...

O creme feito a partir da farinha produzida sob encomenda. Optei por não peneirar, nem bater mais e ficaram uns pedacinhos grandes, para dar textura...

O recheio com o creme feito com a farinha produzida sob encomenda...

O recheio feito com a farinha batida em casa e amido...

Crepe de castanha do Brasil, com recheio de creme de castanha e Cointreau, acompanhado de calda de gramixó (açúcar mascavo do Juruá) e Cointreau

Ingredientes

Para o crepe

01 xícara de chá de farinha de trigo
1 1/2 xícara de leite
01 ovo
02 colheres de sopa de farinha de castanha do Brasil
01 pitada de sal

Modo de fazer

No liquidificador, coloque o leite, o ovo, as farinhas e a pitada de sal. Bata bem e despeje em uma vasilha. Reserve por uns quinze minutos antes de usar.

Para o creme de castanha

04 colheres de sopa de farinha de castanha (caso não utilize a farinha produzida sob encomenda, passe castanhas cruas no liquidificador e moa bem. Meça após moer.)
1 1/2 colheres de sopa de açúcar, ou mais, se desejar
01 xícara de leite
1/4 de fava de baunilha (somente as sementes)
01 colher de sopa de Cointreau
01 pitada minúscula de sal (apenas uns grãozinhos)
01 colher de sopa de amido de milho diluído em um pouquinho de água (apenas se fizer com as castanhas cruas batidas. Com a farinha da Miragina não é necessário).

obs: caso não tenha a baunilha, você pode utilizar uma infusão caseira de sementes de emburana, que se encontra nas lojas de ervas do Novo Mercado Velho. Coloque aproximadamente 15 sementes de molho em vodka em um vidrinho, espere curtir alguns dias e utilize. Dura bastante na geladeira. Não recomendo essência artificial, mas se você gostar, pode usar. (Você pode variar a bebida e se quiser, usar um bom  whisky, por exemplo. Nesse caso, utilize apenas 1/2 colher de sopa).

Modo de fazer

Numa panela de fundo grosso, coloque o leite, a farinha de castanha (se usar a da Miragina, pode batê-la um pouquinho mais no liquidificador ou peneirar), o açúcar e a pitada de sal. Em fogo baixo, mexa bem até que ferva e engrosse levemente. Se usar a castanha batida no liquidificador, coloque nesse momento o amido dissolvido e continue a mexer até engrossar. Coloque a essência utilizada e a bebida, aguarde ferver e desligue o fogo. Aguarde esfriar para utilizar. O ponto é de um creme bem macio. Deixe ferver bem para cozinhar a castanha. (Com a farinha da Miragina, ferva até desgrudar do fundo da panela e a mistura engrossará naturalmente). Não peneirei nenhum dos dois cremes, para que ficasse uma textura com pedacinhos de castanha, mas fica a seu critério.

Calda de gramixó e Cointreau 

10 colheres de sopa de gramixó (açúcar mascavo do Juruá, que se assemelha a uma rapadura escura. Na falta, use açúcar mascavo de boa qualidade).
04 colheres de sopa de água
02 colheres de sopa de licor Cointreau

Modo de fazer

Numa panela de fundo grosso, coloque a água, o gramixó ou açúcar mascavo, misture bem e deixe ferver até formar uma calda levemente encorpada, com cuidado para não queimar. Acrescente o licor, aguarde ferver e desligue o fogo. Reserve para servir com os crepes, a gosto. Se desejar, sirva os crpes quentes, acompanhados por uma bola de sorvete de creme ou canela.

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Para saber mais:

Lia Quinderé - veja em www.sucre.com.br

Marie Anne Bauer - veja em http://www.opovo.com.br/app/colunas/gastronomia/2014/04/05/noticiasgastronomia,3230425/chef-marie-anne-bauer-um-icone-de-nossa-gastronomia.shtml

Neiva Terceiro - veja em http://www.neivaterceiro.com.br/

Nilza Mendonça - veja em http://www.opovo.com.br/app/opovo/paginasazuis/2014/02/03/noticiasjornalpaginasazuis,3200592/a-encantadora-de-paladares.shtml

Roberta Sudbrack - veja em http://robertasudbrack.com.br/

Prazeres da Mesa - veja em http://prazeresdamesa.uol.com.br/mesa-ao-vivo-ceara-2014/

Miragina - veja em http://www.miragina.com.br