sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

EU SAÍ DO PERU, MAS O PERU AINDA NÃO SAIU DE MIM



O rocoto, picante e delicioso...

Voltei para o Acre há uns sete anos, após ter vivido por quase vinte em Fortaleza e há muito tempo estava nos planos conhecer os vizinhos. Fui à Cobija (Bolívia) algumas vezes, pelo passeio e para comprar bugigangas, que ninguém é de ferro. Nesta pequena cidade, ligada ao Departamiento de Pando, o atendimento costuma ser meio brusco e pouco simpático. Na verdade, mais afugentam que acolhem, com uma ou outra exceção.
É óbvio que isso não vale para todos os bolivianos,  mas culturalmente estamos meio que acostumados com o comportamento dos que convivem conosco de forma mais constante. Por causa disso, meio cismada, resisti um pouco aos frequentes convites para chegar um pouquinho mais longe e visitar o Peru. Aquele preconceito básico e arrogante que fica tão escondido que às vezes o negamos até para nós mesmos.

Não vou repetir aqui aquela máxima de que se arrependimento matasse, estaria já eu bem durinha. Após um longo e cansativo ano, à beira de um ataque de nervos, combinamos eu e o Marcos de ter uma pequena lua-de-mel. E aí, para não repetir cantinhos charmosos e já visitados, juntei a fome com a vontade de comer e com o apoio de uma querida amiga, a Karla Martins,  verdadeira incentivadora dos casais apaixonados, compramos a passagem.

A essa altura, os amigos que já conheciam Lima ou Cuzco, ou Arequipa, ou Puno, começaram a nos falar das belezas do Peru, da comida, da tranquilidade...o tempo passou, mas não havíamos ainda organizado a viagem, não tínhamos hotel nem sabíamos ainda o que iríamos fazer por lá. Foi aí que entraram em cena mais dois anjos da guarda, mais anjos do que guardas, pois nos ajudaram em todo o detalhamento da viagem: o Bosco e a Maida, donos de uma agência de viagens itinerante e personalizada, a Maanaim.

Itinerante porque vai onde o cliente está e fomos atendidos em casa, às dez horas da noite, hora possível para a agenda de quem vive correndo, nós e eles. Personalizada porque você diz o que quer e eles montam uma viagem tão gostosa que já estou até mesmo pensando na próxima. Fizemos programa de turista e os nossos programas. 

Em Lima, conhecemos museus, praças e mercados. Fomos a restaurantes e cafés históricos. Visitamos um cassino de manhã cedinho , ainda vazio mas não menos bonito (ganhei 7 dólares). Feirinha de antiguidades, comida de rua e até mesmo uma troca de armas no Palácio do Governo com o fundo musical de Carmina Burana.
Fomos ao Centro Histórico de Lima, cheio de praças floridas, palácios e um hotel, o Bolívar, onde um belo Ford Bigode está exposto no salão principal. Turistas chegam em bandos com suas câmeras fotográficas, desejosos de levar pedacinhos de história, mas Lima não é só para ver: principalmente, Lima é para sentir. Desacelerar. Fiquei tão encantada, que ainda estou retornando aos poucos para minha cidade e para a correria do dia a dia.  

E a comida? Ah, a comida...Gaston Acurio, o chef  mais conhecido do Peru, lançou a comida peruana para o mundo. Hoje os ceviches e tiraditos  fazem bonito por onde passam. As influências chinesas estão por toda parte, nas inúmeras chifas, restaurantes populares presentes em todos os distritos de Lima. Mas tem a comida criolla, com seus cozidos e feijões, tem os mais de 3.000 (você não leu errado) tipos de batatas, os inúmeros tipos de milho...tem uma batata para acompanhar a acidez do ceviche, tem uma que é só água para o cozido, tem uma de duas cores que se come frita com casca e nó, tem... Vá para Lima, correndo!
E tem o drinque onipresente de lá, o pisco sour. Feito com um fermentado de uva, o pisco é acrescido de açúcar, limão e clara de ovo. Dá vontade de beber como suco, de tão gostoso, mas como não tenho hábito, fiquei quase embriagada com um só...delicioso! No hotel em que nos hospedamos, tivemos além da gentileza habitual, uma deferência: como fiz questão de conhecer a cozinha, o chef em pessoa nos acompanhou, mostrando todas as praças e a produção dos pães, biscoitos e bolos. À chef patissierère Valéry e ao chef Rafael e toda a equipe, simpaticíssimos, nossa eterna gratidão.
Poderia passar muito tempo falando da emoção de conhecer uma cultura irmã, riquíssima, milenar, mas penso que não poderei reproduzir a contento a felicidade que tivemos. Deixo algumas fotos para que vocês se sintam tentados e como eu, arrependida de não ter ido antes.

Os chilles, pimentas secas...

O suco amarelo é de lúcuma, uma fruta diferente e adocicada, com gosto de caramelo...

Vista do avião, na chegada...

A gorjeta tem um nome engraçado...

Miraflores, o bairro onde ficamos, ao entardecer...

Show típico...

O ford bigode exposto no Hotel Bolívar...

Sobremesa onipresente, à base do milho roxo, muito comum no Peru...

Pimentas picantes no mercado...

Frutas diferentes e deliciosas no hotel...

Centro de Lima...

Idem

Suspiro limenho, delicioso...

Flores em todas as praças...

Café da manhã no hotel...

Passeio em Miraflores...











As fotos acima são nos mercados da cidade...

No restaurante La Mar, de Gaston Acurio, uma entradinha básica e enorme...

Os molhos prontos no mercado, para temperar aves, carnes e peixes e o que mais a imaginação mandar...

Banana comprida (ou da terra) verde frita, aperitivo...




No museu...

O pisco sour...

No museu...

Milho frito, delícia do La Mar...

Centro de Lima...

Cachorrinho vestido para ganhar uns cobres para o dono...

Sapota, fruta doce servida em Puerto Maldonado...

Centro de Lima...

***************************************************************************************
Viagem realizada em abril/2013, para Lima,Peru

Alguns endereços:

Maanaim Turismo: www.maanaimturismo.com - tel: 55 (68) 9971-3232/9214-7131/8119-4422

Hotel Marriot, Lima - veja em www.marriot.com

La Mar Cebicheria - veja em http://lamarsf.com

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

ERVAS DE VERDADE



Biscoitinhos com especiarias, ótimos com uma xícara de chá...


Cada pessoa tem noções muito diferentes de felicidade. No último sábado, pude visitar um viveiro de plantas com meus pais, pois minha mãe, assim como eu, é apaixonada por qualquer tipo de plantinha. E não é que descobri um pé de lavanda de verdade? E um outro de orégano, com as lindas e minúsculas folhinhas perfumando meus dedos, que se apressaram em esmagar um bocado delas? Ganhei o dia, confesso.

Minha mãe, passeando ali pelos inúmeros vasos, sementeiras e saquinhos com todo tipo de plantas, aproveitou para rever algumas cujas sementes ela tinha perdido. Pelo chão, resgatou um pezinho de onze-horas largado à toa e prestes a deitar raízes por ali mesmo. E meu pai sentou-se tranquilo numa cadeira de balanço deixada ali de bobeira, nos vendo respirar felizes um arzinho renovado e fresco por entre os canteiros. Não tenho dúvida de que as plantas sabem como ninguém elevar o astral de qualquer pessoa, faça o teste.


Minha amiga Zenaide, uma parteira da floresta das boas e minha colega de trabalho, me presenteou com outras plantinhas queridas: crista de galo, que a gente quase não vê nos quintais e que me cheira a infância, malvarisco, para fazer lambedor, rosa pequena, pimentinha, manjericão e suculenta. Além disso, um pé de gengibre no ponto de enfiar na terra, lindo como ele só.


Na minha pequenina horta de temperos, já tem hortelã, manjericão e alecrim. Plantei uns pés de melão que estão crescendo meio largados, mas acho que darão frutos. Tenho ainda dois pés de limão siciliano e uma pitangueira, um mamoeiro cheio de pequenas frutas e algumas pequenas roseiras. Ainda falta plantar o ipê branco que ganhei de outra querida amiga e que aguarda pacientemente pelo seu canto definitivo. E minha mãe enfiou na terra uma cebola que já está com duas folhinhas bem verdes e orgulhosas. Temos um pote com alguns pezinhos de coentro, plantados como experiência, cheirosos e aguardando a hora de temperar a panela.

Minha sogra me prometeu chicória e ainda falta o campeão de qualquer horta, a cebolinha, mas eu chego lá. Cada plantinha está num canto, meio espalhada e tímida, mas já não me aperto no molho de tomate: basta arrancar umas folhinhas de manjericão e o perfume atravessa a casa. Para a pizza, agora tenho orégano fresco. Daqui há algum tempo, espero colher os limões dourados que eu amo, cuja casca fatiada fininha deixa qualquer bolo com jeito de festa. 


A lavanda, atual xodó

Alecrim, perfeito para os cortes de cordeiro

Coentro, ainda pequenino

Hortelã, para o chá e para o quibe, entre muitas preparações

Tudo isso para dizer que na minha casa, tem sempre potinhos com todo tipo de especiarias e ervas secas, sempre a postos para quando a ocasião se apresentar: canela em pó e em pau, noz-moscada e pimenta do reino para ralar na hora, zimbro, cravo, coentro em grãos, cominho, erva-doce, páprica doce e picante, curry (uma mistura de especiarias) e mesmo assim, ainda faltam muitas. Adoro abrir o armário e sentir a mistura de cheiros, é revigorante.

Portanto, esses amanteigados adaptados de uma receita da Lu Bonometti, dona da loja paulista Lu Bonometti Biscotti & Dolcezze são feitos com algumas especiarias e derretem na boca.  No post anterior eu já havia feito uma adaptação de uma receitinha de biscoitos das várias com que ela nos brindou na última Gula, uma revista que leio desde que meu filho mais velho era pequenino. Faça uma fornada, pegue um punhado de hortelã e coloque na água fervente e deixe os problemas irem devagarinho embora. Nem eles podem resistir a uma boa xícara de chá com estes biscoitos. Experimente! 


Noz-moscada pronta para ralar, aroma intenso...

Biscoitinhos de especiarias
(adaptado da receita de Lu Bonometti)

Ingredientes para uma receita inteira (fiz meia receita)

430 g de farinha de trigo
200 g de açúcar
300 g de manteiga sem sal
1/2 colher de chá de canela em pó
1 colher de chá de gengibre em pó
1/2 colher de chá de noz-moscada em pó
1/2 colher de chá de cravo em pó
1/2 colher de chá de cardamomo em pó (não tinha, usei a mesma quantidade de uma mistura de especiarias para pão de mel)
1 colher de chá de sal (usei menos que a metade, mas aconselho provar a massa)
2 gemas





Modo de fazer

Preaqueça o forno a 180 graus. Em uma tigela, coloque a farinha, o sal e as especiarias. Reserve. Na batedeira, bata o açúcar com a manteiga até formar um creme. Junte as gemas e bata mais um pouco. Acrescente a mistura de farinha e especiarias aos poucos e misture apenas até homogeneizar. Modele os biscoitos como desejar. Para facilitar, sugiro estender duas folhas de papel manteiga e com um rolo, esticar a massa. use os cortadores que desejar. Forre uma assadeira com papel manteiga e vá colocando os biscoitos, deixando um pequeno espaço entre eles. Após dez minutos, deverão estar prontos. Sugiro ficar atenta ao seu forno, pois pode variar um pouco. Deixe esfriar para poder soltá-los do papel manteiga sem quebrar e passe-os no açúcar de confeiteiro. Quando esfriarem, coloque em pote bem fechado ou em sacos de papel celofane para dar de presente. Você também pode reaproveitar latas de leite em pó, ficam lindas. Bom apetite!



Lata de leite em pó reaproveitada, um luxo só...
*************************************************************************

Medidas padrão utilizadas pela Revista Cláudia Cozinha e em geral

Farinha de trigo: 1 xícara...120 g/1/2 xícara...60 g/1/3 xícara...40 g/1/4 xícara...30 g/1 colher de sopa...12 g
Açúcar:1 xícara...180 g/1/2 xícara...90 g/1/3 xícara...60 g/1/4 xícara...45 g/1 colher de sopa...7,5 g
Manteiga:1 xícara...200 g/1/2 xícara...100 g/1/3 xícara...65
Chocolate em pó (ou cacau em pó):1 xícara...90 g/1/2 xícara...45 g/1/3 xícara...30 g/1/4 xícara...20 g/1 colher de sopa...6 g
Líquidos (leite, água, óleo, bebidas):1 xícara...240 ml/1/2 xícara...120 ml/1/3 xícara...80 ml/1/4 xícara...60 ml/1 colher de sopa...15 ml

Lu Bonometti Biscotti & Dolcezze -
Al. Joaquim de Lima, n. 1728, Jardins, São Paulo. Tel (11) 3384-5818

www.lubonometti.com.br

Fonte das Flores Viveiro e Paisagismo - Av. Ceará, n. 3576, Abrahão Alab, Rio Branco-Ac. Tel: (68) 3226-1367 e (68) 9985-2419