terça-feira, 11 de agosto de 2020

PARA VIVER BASTA ESTAR VIVO




Faz um pouco mais de dois anos desde a última vez em que escrevi aqui no blog. Nesse período, mudei de casa e de cidade, reencontrei velhos amigos e fiz novos, passei por muitas incertezas e finalmente, quando as coisas estavam começando a entrar nos eixos e as maiores tempestades já haviam me levado para mares mais calmos, veio a pandemia.

De uma hora para outra, sentimentos de impotência e fragilidade, revolta com políticas públicas inexistentes, estupor diante da posição de alguns governantes tornaram-se parte do meu dia. Um dos meus divertimentos desde sempre, o hábito de frequentar feiras e mercados e passear em supermercados (sim, você leu direitinho), caiu por terra e tudo que sobrou foi olhar pela janela do apartamento e agradecer sempre por poder ficar em casa, enquanto tantos, incluindo meu filho mais novo, precisam ainda se arriscar diuturnamente em meio a uma tragédia que parece não ter fim.

Se por um lado sobrou desesperança, aos poucos todos esses sentimentos ruins foram sendo minimizados por histórias e atitudes absolutamente belas de solidariedade, amor ao próximo e empatia. Afinal, o livre arbítrio ainda existe para nos dizer de que lado podemos e queremos ficar. Certamente o meu não é o do negacionismo irresponsável perante uma doença dessa proporção. E se todos devemos nos alimentar, (com comida e cultura, principalmente), seria ótimo que quem de direito de fato ajudasse com financiamentos a juros mais baixos e análise de risco quase ou apenas inexistente.

Estamos todos no mesmo planeta e não vamos poder fugir para nenhum lugar. Portanto, que mal faz ter empatia e de fato sermos solidários uns com os outros? Doe o que você puder. Doe roupas, doe recursos, doe afeto. Faça dois pães, leve um para o seu vizinho. Asse biscoitos, coloque alguns numa caixinha e doe para alguém que precisa saber que há esperança. Enfrentemos juntos e coletivamente esse grande desafio da pandemia, para manter-nos vivos e com a mente ainda sã.

Ontem tive duas experiências que me motivaram a tentar voltar para o blog. Talvez esse tom seja meio de desabafo, de retomada meio torta do que talvez seria um reinício poético, delicado, com receitinhas afetuosas. Mas o momento pede que se coloque para fora, que se grite em silêncio por dias melhores. E é isso que estou tentando fazer.

Uma das experiências foi ver pela televisão uma garota, ilustradora, relatar a perda da avó para o Covid-19, de forma rápida e sem despedida, deixando a todos sem chão. Com o avô recuperado, a família tenta reagir à saudade e a neta fez um lindo e tocante relato do adoecimento da avó, em quadrinhos. Para alertar as pessoas, homenagear a avó e mostrar a necessidade de não minimizar tão mortífera doença.

A entrevista dela, tão singela, emocionou a equipe e também a mim, que fui às lágrimas. Uma das frases me fez pensar sobre quão imensa pode ser a dor, ao se manisfestar nos pequenos detalhes do cotidiano, quando ela disse que no almoço do dia dos pais, sequer sabiam, a família, onde estavam os talheres de festa, coisa que só a avó cuidava. E, nas ilustrações da neta, aparece  também o caderno de receitas da avó, legado de afeto e cuidado, carregado de amor.

A segunda experiência foi meio que surreal. Na esquina de uma rua que desemboca numa grande avenida, lotada de carros, olhava eu despreocupada esperando a vez de entrar. De repente, um gato preto tentou atravessar a avenida, em meio à enxurrada de carros. Vi horrorizada o choque dele com a frente de um carro branco. Sem acreditar, vi o bichano levar a pancada e milagrosamente despencar para o lado, serpentear entre os outros carros e passar correndo pela lateral de onde eu estava.

Pensei naquela máxima tão conhecida de que os gatos tem sete vidas. Bom, eu consegui ver a recuperação de uma delas, pelo menos, posso atestar. De cara, fiz um paralelo com minha própria existência. Tantas vezes levamos porradas e tombos que nem imaginamos como levantar e aí, assim como aquele gato, o instinto de sobrevivência, a sorte, o Universo e a resiliência conspiram e nos fazem dar um salto para a vida novamente. Tenho esperança de que isso ocorra com essa pandemia e esse sentimento de retomada possa fazer parte de todos nós.

E não, isso não é autoajuda. Não tenho o hábito de ler livros milagrosos, embora respeite muito quem os lê. Isso é só um singelo agradecimento por estar aqui, bem, contando essa história. E um pedido ao Universo para que continue protegendo minha família, os amigos e toda a humanidade desse flagelo. Façamos a nossa parte bem. Usemos máscara, não nos aglomeremos, saiamos apenas quando necessário. Isso faz a diferença.

E nesses tempos bicudos, uma receitinha com a estrela dessa pandemia, o pão. Nunca se fez tanto pão como agora, onde para minha alegria, muitas pessoas estão descobrindo o prazer de saborear uma fornada quentinha, dietas ao vento. Então, mãos à obra:


Meus rolinhos de canela







Ingredientes

Para a massa

4 1/2 xícaras de farinha de trigo sem fermento

2 colheres de chá de fermento biológico seco

1 1/4 xícara de leite integral

1/2 xícara de açúcar refinado

1/4 xícara de manteiga sem sal (de preferência), em temperatura ambiente

2 colheres de chá de sal (se usar manteiga salgada pode reduzir um pouquinho)

2 ovos médios em temperatura ambiente

1 colher de chá de cascas de limão raladas (zestes)

Para o recheio

40g de manteiga sem sal

70g de açúcar mascavo escuro

6 a 7g de canela em pó, ou a gosto

Para a cobertura 

1 xícara de açúcar de confeiteiro

2 colheres de sopa de água quente (talvez uma a mais, se quiser mais fino)

1 colher de chá de manteiga

Modo de fazer

Para a massa

Numa vasilha, misture 2 xícaras de farinha com o fermento e reserve. Numa panela aqueça o leite, manteiga, sal e açúcar, somente até derreter a manteiga. Despeje sobre a farinha com o fermento, acrescente os ovos e as casquinhas de limão e mexa bem. Se fizer na mão, sove até ficar bem agregado. Na batedeira, com o gancho para pão, uns 3 a 4 minutos. Acrescente o restante da farinha e sove até ficar uma massa bem elástica, que não se rompa, o chamado ponto de véu. Na batedeira, vai demorar bem menos e a massa deve ficar descolando do gancho, bem hidratada. Na mão, demora mais um pouco. Forme uma bola, coloque numa bacia, cubra com pano de preferência sem tocar na massa e deixe crescer até dobrar de volume.(A depender do tempo, pode demorar de 30m a 1h, aproximadamente). Abra a massa no formato de retângulo, espalhe o recheio com delicadeza e vá enrolando como se fosse um rocambole, sem apertar demais.Corte tiras não muito largas no sentido da altura (o lado menor do retângulo) e enrole, arrumando cada tira enrolada em assadeira untada e polvilhada com farinha, deixando um espaçamento entre eles. Se desejar, pressione a extremidade para baixo do rolinho para que não se solte após assar. Deixe crescer até dobrar de tamanho. Na metade desse tempo, ligue o forno em temperatura média. Assim que completar o crescimento, coloque com cuidado a assadeira no forno, que não deve estar frio nem quente demais. Deixe assar e se necessário, vire na metade do cozimento. Se o seu forno for como o meu, desregulado, é preciso estar atento, mas entre 10 a 15m devem ser suficientes, ou mais um pouco. Ao tirar a assadeira do forno, derrame sobre cada um um pouco da cobertura e retire-os imediatamente para uma grade, para que esfriem sem estar em contato com o funda assadeira, se não podem criar vapor. Se nâo tiver uma grelha apropriada, use a grelha do forno.

Se aguentar, espere esfriar e pense que a vida tem muitos lados bons. Rolinho de canela é só um deles!

Para o recheio

Misture todos os ingredientes até virar uma pastinha, leve para gelar e aplique na massa, quando for enrolar.

Para a cobertura

Misture todos os ingredientes um pouco antes dos rolinhos ficarem prontos e aplique com eles ainda bem quentes.




     

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

DIA DE REIS E DA CORTE TAMBÉM



Bolo Rei, herança portuguesa deliciosa...


Sem pretender mudar o mundo com a velha máxima do "Ano Novo, Vida Nova", decidi que eu posso sim, se quiser, mudar pelo menos o que quero. Nem sempre o que preciso, incluindo-se aí diminuir urgente o consumo de pães e doces. Mas, essa decisão já teria que ficar para um outro post...

Às vezes, é preciso mergulhar um pouco na história de nossas origens para talvez entender de onde viemos e porque algumas coisas são tão naturais e prazerosas.  Meus avôs, ambos falecidos, vieram de terras distantes e bem diferentes: um cruzou o mar  e o outro deixou a proximidade dele e adentrou o país, para chegarem ao Acre e à nossa floresta. O avô materno Aníbal Lopes saiu de Porto, em Portugal, veio para Belém, já no Brasil e no Acre foi um dos primeiros donos de farmácia a se estabelecer em Rio Branco. Era quase um médico e me lembro que uma vez, numa crise de dor no estômago, minha mãe chamou-o para me socorrer. Lembro de suas mãos fazendo massagens na minha barriga, dos lados, com suavidade. A dor foi embora como por mágica e essa talvez seja a lembrança mais antiga que tenho dele. 

Vovô era conhecido por sua grande sabedoria. Muitas vezes era chamado de noite para acudir um doente, coisa que nunca se negou a fazer. Em sua casa transitavam muitas pessoas, sempre bem acolhidas. E lembro de, bem pequena, observar os potinhos de violeta genciana e mercúrio cromo, produzidos por ele na farmácia, que tinha aquelas lindas prateleiras envidraçadas bem características. Já mais velho, mudou-se com minha avó para o Ceará, onde ficou até o fim da vida. Meu pai ainda teve no mesmo local uma drogaria, acho que com o mesmo nome, mas não durou muito tempo. Adolescente, fui morar com ele e vovó por um tempo, em Fortaleza. 

Idoso, mas muito lúcido e esperto, gostava de caminhar pelo bairro e ir comprar pão árabe e coalhada escorrida em bolinhas, no azeite. O rádio de manhã era sagrado, para saber de todas as notícias. Ele era muito antenado. A xícara de café da minha avó ele arrumava na mesa todos os dias de manhã e quando terminava, dizia: "...vem, mulherrrrrrr", assim mesmo, com o sotaque carregado de sua terra. E ai de algum de nós mexer naquela xícara, grandona e bege, usada pela minha avó para tomar seu café. Delicadamente, ele avisava: "esta xícara é da mulherrrr..."

Bonito até o final da vida, era um exemplo para toda a família. Há dois anos fui a Portugal e visitei o Porto, sua cidade natal, para onde ele, ao que consta, só retornou uma vez depois que saiu de lá. Fiz contato com um primo e me emocionei muito ao ver o hospital onde ele nasceu e imaginar sua história e a decisão de se aventurar em terras distantes.

Imagina sair do Porto e vir para a Amazônia. Belém, num primeiro momento, onde ficou um irmão. E de lá, vir para o Acre, encontrar minha avó em um navio, apaixonar-se e com ela constituir família...mamãe, que nasceu em 1935, é a segunda filha do casal. Antes dela, dona Branca, que nos visitou recentemente, já conta noventa primaveras.

Meu outro avô, Raimundo Castelo Branco Coelho da Silva,  saiu de Juazeiro do Norte no Ceará direto para os seringais, no Acre. Primo legítimo do presidente Castelo Branco, até lembrava fisicamente o primo famoso. Quem resgata um pouco dessa história é minha prima, a jornalista Rose farias, que conviveu bem mais próxima dele: "Toda a família veio para o seringal e saíram de lá para a cidade, quando começaram a morrer de malária. O vovô foi proprietário de dois hotéis, históricos. O hotel Madrid, comprado à família da escritora Florentina Esteves e onde hoje funciona a sede da Fundação de Cultura Elias Mansour e o hotel Libanês, administrado pela nossa avó Maria, esta filha de índio com caboclo."

O vovô, me diz a Rose, aprendeu inglês ouvindo a BBC de Londres todos os dias às 4 da manhã. Entre outras coisas, ajudou na construção da Catedral e do Palácio Rio Branco, numa época em que a comunidade participava ativamente. O vovô também teve padaria, mercearia e sorveteria, onde fazia sorvetes e os famosos "cascalhos", massinhas fritas e açucaradas polvilhadas com canela, produzidas com as sobras de massa de pastel. Meu pai fazia todas essas delícias em casa, mais o rabo de galo, massinha de pastel recheada de goiabada, fechada como um bombom e frita. Depois, os rabos de galo eram mergulhados numa calda de açúcar...e comidos quentinhos ainda, com a goiabada a escorrer pelo queixo.   

Tenho do meu avô lembranças muito carinhosas. Todos os dias, ainda bem pequena, se fosse para a escola a pé, tinha que passar na frente de sua mercearia. E ele estava lá, despachando. Lembro que parávamos para tomar a benção, eu e algum irmão, já esperançosos de ganhar um saco de balas. Havia uma bombonière daquelas antigas e em meio aos depósitos de madeira com enormes tampas que armazenavam farinha, açúcar e outros víveres para vender a granel, nossos olhos iam direto para as balas.

Vovô sempre dizia para escolhermos e era aquela alegria. Saíamos bem felizes e com as mãos cheias de doçuras. Só tenho pena de não ter aprendido com ele a meter a mão na massa. Mas, para fazer jus ao DNA de família, meu pai sempre foi um exímio cozinheiro, tendo sido sempre ele, enquanto pôde, a cozinhar em casa (mamãe cozinha muito bem, mas não é muito fã), até um AVC fora de rota tirá-lo um pouco do fogão. Mesmo assim, ele ainda faz das suas de vez em quando e é uma memória viva dos pratos que gostava de cozinhar.

Ao pensar nos meus avôs e avós, homens e mulheres íntegros, trabalhadores e fortes, não pude conter a emoção. Tão simples, todos eles e tão verdadeiros em suas histórias de vida e exemplos para nós, seus netos, que os lembramos em momentos de saudade, com muita ternura por todas as vivências que pudemos acompanhar. Esta receita é uma homenagem singela e um agradecimento pelo que eles nos transmitiram, pelo seu legado.

O bolo Rei é típico de Portugal e normalmente saboreado na época de Natal até o dia de Reis, comemorado em 06 de janeiro. É uma iguaria deliciosa, perfumada e que com certeza, será muito aprovada na sua família. Usei como base uma receita da Confeitaria Colombo, mas mexi nos ingredientes, fazendo algumas alterações. Espero que gostem!





Bolo Rei

Ingredientes

500 g de farinha de trigo
40 g de açúcar
10 g de sal
1 ovo
2 gemas
50 g de manteiga
15 g de fermento biológico
200 ml de leite integral frio
300 g de uvas passas e frutas cristalizadas misturadas
300 ml de vinho do Porto
Raspas de duas laranjas Bahia, de preferência

Para a cobertura

Aproximadamente 300 g de açúcar de confeiteiro
Suco de 1 limão, coado (talvez não precise todo, se usar limão siciliano)
Frutas desidratadas a gosto, lascas de castanhas ou amêndoas, damascos desidratados, passas, amarenas (use o que quiser e tiver disponível)

Modo de Fazer  

Coloque as frutas e passas que irão entrar na massa de molho no vinho, de preferência 1 dia antes ou pelo menos, algumas horas antes. Reserve. Separe os demais ingredientes. Numa tigela, coloque todo o fermento, um pouco do leite, do açúcar e da farinha (aproximadamente 1/4 xícara do leite, 1 colher de sopa de açúcar e 3 da farinha.

O restante será incorporado à receita). Deixe levedar uns 15 minutos. Numa tigela grande, coloque o fermento já crescido, o restante do leite e açúcar, a farinha, o ovo e as gemas. Misture bem e reserve por uns 30 m. Após esse tempo, coloque o sal, as frutas e passas e vá acrescentando à massa um pouco do vinho em que elas estavam de molho. Talvez não seja necessário todo o vinho. (Ele pode ser utilizado para deixar mais frutas de molho) Acrescente as raspas de laranja e amasse bastante, até que a massa fique bem macia. 

Deixe fermentar, coberto com um pano. Após 30 m, faça algumas dobras na massa. Na tigela, puxe uma das extremidades em direção centro e vá rodando a tigela, até completar quatro puxadas, uma para cada lado, sempre em direção ao centro. Reserve novamente, coberto. Faça essa dobra a cada trinta minutos, mais duas vezes. Deixe crescer um pouco, dividindo a massa em três bolas, na própria bancada de trabalho, cobertas com um pano. Após crescerem um pouco, delicadamente faça um furo com os dedos no meio da massa e vá rodando, sem quebrar, para formar uma rosca. Acomode essas roscas em assadeiras untadas e polvilhadas e cubra com um pano. Espere aproximadamente 1h.

Na metade desse tempo, ligue o forno, bem alto. Após completada 1h de fermentação, coloque as roscas e aguarde assar. Nesse ínterim, esprema o suco de 1 limão e junte ao açúcar de confeiteiro (não deixe muito fino, talvez não vá o suco todo). Reserve. Tire as roscas após assarem e coloque numa grade para esfriar. Não deixe na assadeira, pois vai criar vapor no fundo e não ficará bom. Derrame o açúcar com o limão por cima de cada uma, com cuidado. Vá colocando as frutas e castanhas a gosto. Deixe secar um pouco e delicie-se!

Para presentear, espere secar e esfriar bem, embale a gosto e receba os elogios!

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Para saber mais:  

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bolo-rei


sábado, 4 de novembro de 2017

MOQUECA SIM, MAS NÃO DE PEIXE



Moqueca de abacaxi fresco, leite de coco caseiro e pirãozinho do caldo, servida com arroz...

Acabo de voltar de uma pequena caminhada, condição que me impus depois de degustar uma bela fatia de pão de abóbora com gotas de chocolate meio amargo, passas, figo seco, chia e linhaça. (À receita original, da minha querida Neide Rigo, do blog Come-se, acrescentei essas licenças poéticas, que podem variar a cada vez. (Veja aqui em http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2012/04/come-se-na-floresta.html).

Apesar da preguiça, fiquei observando as pessoas e os fragmentos de vida passando por mim, num contentamento enorme de ter conseguido sair de casa. Ali era alguém ligando para o amigo pelo filho que está quase para nascer. Mais na frente, uma moça de forte sotaque paranaense combinava uma saída com amigos regada à baião de dois e outros quitutes. Uma garota advertia ao amigo, incapaz de a acompanhar: "Olha, eu nem estou andando no meu passo rápido!", ao que o rapaz, esbaforido, tentava não ficar por baixo. Não, eu não estava bisbilhotando, o volume das conversas estava alto e por não ter como não ouvir, fiquei mergulhando nessas histórias.

Muitas crianças, bicicletas, famílias inteiras com suas cadeirinhas, adolescentes tirando selfie e até mesmo um jovem arrasando na pista com uns patins de rodas fluorescentes.  Grupinhos de amigos se reúnem ao longo da pista para bater papo, quando a preguiça de caminhar é igual à minha.  As pessoas se apropriaram mesmo dessa linda pista de caminhada, próxima da Ufac e com alguns quiosques para matar a sede e a fome. Fiquei feliz de ver como políticas públicas bem aplicadas podem atingir de forma boa a tantas pessoas e a quantidade cada vez maior de desportistas, de todos os tipos.      

Acho que já disse por aqui, mas se não, digo agora. Meu paladar é instável. Passo longos minutos ouvindo o que meu corpo gostaria de comer nesse ou naquele momento. Vou construindo e desconstruindo pratos que às vezes se transformam num simples prato de feijão com molho de pimenta, porque é o que o corpo pede, deliciado. Só não posso ter fome. Porque se ela bater e eu não souber o que vou comer no momento seguinte, tudo pode acontecer. 

E desde ontem estava sonhando com moqueca, mas não queria peixe, frutos do mar, caju ou banana. Meu sonho mostrava pedaços de abacaxi suculento, maduro, cozido em um bom leitinho de coco feito em casa, degustado com um pirãozinho...preciso dizer que não conheço abacaxi melhor do que o nosso. Ele é bem amarelo, muito doce e com um sabor excepcional. Havia o risco de adocicar o prato, mas como gosto de sabores com doce e salgado, resolvi arriscar.

Meu marido criou entre nós um lembrete muito particular. Quando ele gosta muito de algo que cozinho ele me olha e diz assim: "Patrycia, 04 de abril". Nesse dia, estávamos em Paris numas férias longamente planejadas. E comíamos um pão de fermentação natural de uma loja famosa. Acho que nunca vou esquecer o orgulho que tive, ainda que descontados o natural incentivo familiar quando ele, ao provar o pão, disse que o meu tinha um sabor muito semelhante e para ele, até melhor.

Meu marido não é gourmet e até se impacienta se falo muito de comida ou produtos. Mas de tanto conviver com outros sabores aqui e acolá, criou suas próprias referências e fiquei me achando. Desde então, ele, que não gosta de sabores doces e salgados no mesmo prato, me surpreendeu hoje. E adorou a moqueca. Servi uma colher a cada um dos três jovens estudantes de jornalismo que vieram entrevistá-lo aqui em casa, com um pouco do pirão. Eles sentiram o sabor do abacaxi ao final e também gostaram muito.



Ressalto que é um teste e como tal, aplique o seu gosto pessoal. Para mim, apesar de ter usado a fruta madura, não senti doce em excesso. Tiraria um pouquinho do azeite de dendê apenas. Então, mãos à obra e surpreenda sua família com este prato!



Moqueca de Abacaxi Fresco com Leite de Coco Caseiro e Pirão

Ingredientes

Para o leite de coco caseiro

01 xícara de chá de coco fresco em pedaços, sem a parte marrom
02 xícaras de água fervente

Para a moqueca

02 colheres de sopa de azeite
1 1/2 colher de sopa de azeite de dendê (sugiro usar apenas 01)
03 colheres de sopa de cebola branca, picadinha
03 colheres de sopa de cebola roxa, picadinha
1/2 colher de sopa de alho batidinho
02 xícaras de chá de abacaxi fresco, maduro, picado
01 tomate médio bem maduro, sem as sementes, cortado em oito pedaços
02 colheres de sopa de chicória picadinha
02 colheres de sopa de cebolinha picada
pitadas de coentro picadinho
1/2 colher de chá de coco fresco ralado (opcional)  
sal a gosto
Aproximadamente 02 xícaras de leite de coco fino, caseiro

Para o pirão

Aproximadamente 1 a 1 1/2 xícara do caldo da moqueca
Farinha de mandioca o quanto baste (usei um pouco menos de 1/4 de xícara), a depender do gosto, se mais mole ou mais espesso

Modo de fazer

Para o leite de coco

No liquidificador, coloque o coco e a água fervente. Bata bem, com cuidado para não espirrar. Passe em peneira fina, sem apertar. O resíduo (coco ralado), use para outra preparação.

Para a moqueca

Numa panela de fundo grosso, coloque o azeite, o azeite de dendê,  02 colheres de sopa de cada uma das cebolas(branca e roxa) e o alho e deixe fritar um pouco, sem queimar. Arrume os pedaços de abacaxi na panela e as fatias de tomate. Por cima, salpique 01 colher de sopa de chicória e 01 de cebolinha, além das pitadas de coentro. Polvilhe com sal a gosto. Acrescente o leite de coco e deixe cozinhar um pouco. Ajuste o sal e coloque por cima 01 colher de sopa de cebola roxa, 01 de cebola branca, 01 de chicória e 01 de cebolinha. Tampe e deixe cozinhar. Prove e assim que o abacaxi cozinhar, desligue o fogo.

Para o pirão 

Retire com cuidado cerca de 1 a 1/2 xícara do caldo de cozimento, deixando um pouco na moqueca. Coloque esse caldo em uma panelinha, deixe ferver e acrescente a farinha de mandioca em chuva, mexendo bem para não empelotar. Cozinhe até ficar bem cremoso.

Para servir
Sirva com arroz branco e uma boa pimenta. Dá aproximadamente três a quatro porções. Se desejar, ao invés do pirão, faça uma farofinha com um pouco de dendê, azeite e manteiga.

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Para saber mais:

Come-se - blog da Neide Rigo, pesquisadora e nutricionista, que também escreve para o caderno Paladar, do Estadão. https://come-se.blogspot.com.br/    





   




domingo, 22 de outubro de 2017

COM UM FILHO SE FAZ UMA COZINHEIRA. COM DOIS, ENTÃO...

Bolo de chocolate, calda de café e chocolate, doce de cupuaçu com cointreau e raspinhas de cumaru ralado


O ano era 1988 e eu estava prestes a dar à luz ou parir meu primeiro filho, o Ian, hoje com 29 anos. Eu tinha me mudado do Acre para o Ceará no ano anterior e embora desde pequena adorasse cozinhar e inventar coisas, nem de longe esta era uma atividade rotineira na minha vida, naquele momento. Os diversos movimentos políticos dos quais eu fazia parte, o trabalho e a faculdade tinham me afastado enormemente daquela paixão infantil que sempre tinha sido uma zona de conforto poderosa para mim.

Daí veio a mudança e lembro bem que nesta época minha cartela de pratos era extremamente limitada: café, o arroz soltinho e com bastante alho que meu pai tanto gostava e a maionese rigorosamente feita à mão e com todas as verduras e legumes muito secos para não desandar. Eram as minhas especialidades. Eu também fazia um chocolate quente muito bom e apreciado pela família, com uma bela camada de claras batidas, ideal para os dias de chuva. E aprendi com a minha avó materna uma cobertura de bolo deliciosa, feita de açúcar e manteiga, castanhas torradas e café.

Quase no dia da minha partida para o Ceará, meu pai, exímio cozinheiro, me ensinou a enrolar charutos, aqueles rolinhos de couve ou repolho recheados com uma mistura deliciosa de carne e arroz e cobertos por um belo molho de tomate, este uma contribuição acreana ao prato árabe tão ao gosto aqui da terra. E com estes ases na manga lá me fui, sem muita preocupação em aprender novos pratos.
  
Quem já engravidou sabe: às vezes, aparece uma fome inexplicável, uma vontade que nem posso chamar de desejo, mas que tem que ser preenchida, lá isso tem. Eu sempre fui de andar léguas para comer o que queria. E nem adianta, não consigo comer a mesma coisa todo dia. Não tenho luxos, mas a comida precisa ter aquele cheiro que nos dá a certeza de que cada mordida vai nos deixar leves, felizes. Às vezes é uma sopa, uma salada, um ovo quente. Outras, o prato completo. Mas o frescor tem que estar presente.

E eu comecei a experimentar novos sabores e aqui e ali, me arriscar na cozinha, de forma muito, muito leve. E lembro bastante do dia em que fui para a maternidade, pois tinha feito uma linda salada de frutas e um bolo delicioso de chocolate, que nem lembro de onde arranjei a receita, mas havia me empanturrado. Aos poucos, depois do nascimento do Ian, não era só uma mãe que tinha nascido junto. Uma outra Patrycia havia aproveitado e tinha vindo resgatar uma paixão antiga e adormecida. Foi com o Ian e depois com o Mateus, que recomecei a cozinhar. 

E hoje, tantos anos e tantos bolinhos depois, entrei na cozinha com vontade de comer um bolo de chocolate. Perfumado, saboroso, sem tanto açúcar. Resolvi arriscar e não pesquisei receita nenhuma, só segui a intuição. O resultado não podia ter me agradado mais. Puro, com um belo café, ficou na mesa da sala exalando o cheiro delicioso de um bom chocolate.Com uma bela calda e um pouco de doce de cupuaçu virou uma sobremesa deliciosa, de lamber o prato. Aproveite e se desejar adoçar um pouco mais a calda, fique à vontade, afinal, o gosto é seu!

Meu primeiro bolinho de chocolate autoral 

Ingredientes

Para o bolo (forma pequena)

100 g de manteiga sem sal
1 xícara de açúcar mascavo escuro sem grumos (se necessário, passe em peneira ou bata no liquidificador)
1 pitada de sal
02 ovos em temperatura ambiente
150 g de chocolate meio amargo a 60%, derretido
3/4 xícara de leite com o suco de 1 limão pequeno
1/4 fava de baunilha (opcional) - não achei que sobressaiu na massa
01 xícara de farinha de trigo peneirada
1/4 xícara de amido de milho
Nibs de cacau (opcional)
1/2 colher de sopa de fermento químico 

Para a calda (opcional)

100 g de chocolate meio amargo a 60%
01 espresso de média intensidade longo (aproximadamente 110 ml). Na falta, use a mesma quantidade de um café forte
01 colher de chá de manteiga sem sal ou ghee
01 colher de chá de açúcar refinado
01 pitada minúscula de sal
1/4 de xícara de creme de leite (usei de caixinha)

Para o doce de cupuaçu

2 1/4 xícaras de polpa fresca de cupuaçu cortado na tesoura batido no liquidificador sem água (na falta, use a polpa, adaptando)
2 1/4 xícaras de açúcar refinado
1/4 xícara de licor de laranja Cointreau
(pode ser necessário colocar mais açúcar, a depender da acidez da polpa) 

Fava de cumaru ralada na hora, para finalizar (na falta, se quiser, pode usar um tico de noz moscada)

Modo de fazer 

Para o bolo

Unte e enfarinhe uma forma de bolo pequena, de buraco no meio. Ligue o forno a 180 graus. Separe todos os ingredientes e leve o chocolate para derreter em banho-maria ou no microondas. Na batedeira, coloque a manteiga e o açúcar e bata bem. Acrescente a pitada de sal e os ovos, um de cada vez. Acrescente o chocolate derretido e misture bem. Junte o amido com a farinha e acrescente à massa apenas a metade. Dê uma leve mexida e coloque metade do leite misturado com o suco de limão. Se usar a baunilha, acrescente. Junte a outra metade de farinha e amido e o restante do leite com o limão e misture apenas para homogeneizar. Acrescente os nibs de cacau, se usar e o fermento, misture levemente e coloque na forma preparada. Leve para assar até que enfiando um palito saia seco, mas não deixe secar demais no forno. 

Para o doce de cupuaçu e cointreau (que pode durar bastante na geladeira, caso não use todo)

Numa panela de fundo grosso, misture o cupuaçu e o açúcar. Mexa sempre para que não queime, ele deve ficar ainda claro. Acrescente o cointreau e mexa até dar o ponto. Não deixe escurecer e ajuste o açúcar, se necessário. Reserve.

Para a calda de chocolate (opcional)

Numa tigela quebre a barra de chocolate em pedaços pequenos. Acrescente a manteiga e o café espresso quente (ou o equivalente, bem forte) e mexa até derreter. Leve ao banho-maria e junte a pitada de sal, o açúcar e o creme de leite. Misture bem até homogeneizar e cubra com filme plástico encostando para não criar película. Se desejar, pode servir quente por cima do bolo.

Para a montagem

Em um prato, passe um pincel na calda e decore o prato. Por cima, coloque a fatia de bolo, uma colher bem cheia do doce e um pouco da calda numa tigelinha ou pequena xícara. Rale um pouco do cumaru ou noz moscada e sirva. 

domingo, 24 de setembro de 2017

DE VOLTA AO GAME!




O bolo de arroz, aqui em versão goiana, com batata e creme de arroz. O cuiabano leva macaxeira, coco e arroz socado e peneirado
Eu, Johnny, Dannya, Alzira e Chirley. E nossas luxuosas ajudantes Sara (sobrinha da Alzira que nos acompanha sempre) e Clarinha (filha da Dannya)
O público lotou nossa mesa...
Eu sei, não adianta desculpa! É falta de tempo mas antes, é falta de organização mesmo. Tratar mal a agenda me deixa desconfortável mas já estou no caminho da recuperação! E entre uma coisa e outra, atendi ao convite da amiga Dannya, tão ocupada quanto eu, para fazer um curso técnico de cozinha no Senac. Um pequeno detalhe: o curso dura um ano e dois meses e acontece de 19 às 22h, todos os dias!

Sei cozinhar. Caseiramente falando, me viro. Não sei cortar um frango, nem desossar um cordeiro, mas ninguém morre de fome. Leio muito, muito, assisto tudo o que posso e provo e experimento o que dá. Também me aventuro bastante na cozinha mas nunca fiz curso de nada. E não sei bulhufas da cozinha profissional, nem mesmo ligar aqueles fogões-espaçonave que comumente fazem parte do cenário profissional. E não poderia agora pensar em curso superior de gastronomia à distância, que é por enquanto a opção que temos por aqui. Preciso do calor humano, do contato, das risadas solidárias na cozinha, do aprendizado coletivo.

E pensei: se minha amiga, que tem dois filhos pequenos, se animou a fazer, eu também posso! No caso da minha amiga, a mais velha até nos ajudou na nossa primeira oficina, o que mostra o acerto da decisão dela. E quanto a mim...nem imaginava que ia me divertir tanto! Meu filho mais velho sempre me diz que quando trabalhamos fazendo o que gostamos, não tem trabalho, tem divertimento. É verdade! Hoje em dia,  trabalho em atividades ligadas à gastronomia, pois em breve teremos aqui no Estado a primeira Escola de Gastronomia e Hospitalidade, um sonho liderado pela Primeira Dama e arquiteta Marlúcia Cândida. 

Muitas vezes, ao conversar com um chef, observar a feitura de um prato ou planejar uma atividade ligada à área, me dou conta de que o prazer é imenso, apesar do cansaço, dos eventuais desgastes, da correria...e aí, quando resolvi entrar no curso do Senac, que é o primeiro nessa linha, não sabia bem o que me esperava. O que sabia, tinha certeza, é que seria um momento só meu, de investir no que amo fazer, de reencontro comigo mesma. Cozinha é afeto, é aconchego. Sem isso, para mim não tem sentido.

Não deu outra: estou adorando tudo! Voltar a estudar, fazer trabalhos, cozinhar e conhecer pessoas, interagir, descobrir coisas novas. Minha turma é bastante eclética. Tem estudantes e donas de casa, funcionários públicos e cozinheiros, músico e fisioterapeuta , enfim, é uma festa! Aprendemos em um processo rico de troca de experiências, informações e muita risada!

E outro dia, nossa tarefa era apresentar um pouco da cozinha brasileira. Ao nosso grupo coube a cozinha pantaneira, tão rica, cheia de influências do Paraguai e da Bolívia (como a sopa paraguaia e a chipa - do Paraguai, e saltenhas e arroz boliviano da Bolívia), que vieram se somar à comida original dos índios, à influência portuguesa, a do sul do país, enfim, um verdadeiro caldeirão.

O tempo era minúsculo e numa verdadeira maratona escolhemos servir o bori bori (bolinhos de fubá com queijo, cozidos no caldo de um frango que acompanha o prato,  na mesma panela e complementados com arroz, um prato guarani) e furrundu (mamão verde ralado e cozido com rapadura). A sopa paraguaia não houve tempo para fazer, então a preparei dois dias depois, para um lanche coletivo.

A maior recompensa? A primeira, provar pra nós mesmos que se quisermos fazer, podemos fazer. Parece simples, mas não é. É desafio, mas é plenamente possível. E depois, ouvir uma colega da sala, matogrossense, emocionar-se ao falar do furrundu que experimentou na nossa mesa e lembrar da mãe...isso sim, não tem preço!

E hoje, experimentei uma receita de bolo de arroz onde, diferentemente da versão cuiabana (que leva arroz deixado de molho, socado e peneirado e macaxeira), usei batata e creme de arroz. Deixado para fermentar de um dia para o outro (deixei na geladeira pois nosso calor é insano), rendeu bolinhos fofos e convidativos.

Reproduzo aqui esta receita, para que você a faça para o café da manhã dos seus queridos, com a promessa de testar a versão cuiabana assim que possível.

Bolo de arroz levemente adaptado
(As quantidades abaixo correspondem à meia receita)

Ingredientes

500 g de açúcar (na próxima, recomendo um pouco menos. Meu marido adorou, mas achei que ficou bem docinho. Nada que um café forte e sem açúcar não resolva).
1 xícara de água
1 xícara de manteiga (usei 200 g)
4 ovos batidos ligeiramente com garfo
1 colher de sopa de fermento em pó
1/2 xícara de batata cozida e amassada
erva-doce e canela a gosto (usei 1/4 de colher de chá de erva-doce e pitadas de canela)
1 pitada de sal (não consta na receita original)

Modo de Fazer

É preciso começar na véspera. Numa panela, coloque água e açúcar (de novo, reduzirei um pouco o açúcar na próxima vez que o fizer, mas é a única ressalva), mexa bem e leve ao fogo. Deixe ferver uns cinco minutos e aguarde esfriar. Deve formar uma calda e se for preciso, com uma colher, faça movimentos para a frente e para trás, mexendo em linha reta para ajudar a dissolver o açúcar. Numa tigela, coloque o creme de arroz. Derreta a manteiga (pode ser no microondas) e jogue-a quente no creme de arroz, mexendo bem. Acrescente os demais ingredientes e por último misture a calda de açúcar. Mexa até ficar bem homogêneo. Cubra, deixe crescer até o dia seguinte. (Como aqui é muito quente, optei por levar à geladeira depois de 1h e deixar até o outro dia.Tirei da geladeira 1h antes de assar). No dia seguinte, coloque a massa em forminhas de empada ou similares, bem untadas e polvilhadas de farinha. Leve ao forno quente até assar. Deliciosos com um cafezinho!





O bori bori...uma panela imensa foi consumida com a maior rapidez. Nessa foto não tem muito molho, mas ele foi servido com o molhinho! E olha o tamaninho das porções!

Sopa paraguaia

(diferentemente do que o nome pode indicar, é um bolo salgado, delicioso, de origem paraguaia e muito comum no Pantanal, bom para servir em lanche. A foto que salvei está muito ruim e por isso não a reproduzo aqui, mas vale muito a pena fazer.)

Ingredientes

2 cebolas grandes picadinhas
1 colher de sopa de manteiga com sal
1 xícara de água
4 espigas de milho verde (usei 4 potes de milho em conserva, doce, totalizando 1,2 kg)
1 xícara de leite
3 ovos separados
1 xícara de queijo fresco ralado grosso ou cortado em cubinhos (usei queijo minas frescal e um pouco de queijo da região)
6 colheres de sopa de fubá
1 colher de sopa de fermento em pó
Sal a gosto

Modo de fazer 

Numa frigideira, coloque a manteiga e a cebola. Deixe fritar sem queimar, mexendo sempre. Acrescente a água e deixe ferver. Desligue o fogo e reserve. No liquidificador, coloque os grãos de milho frescos ou os da conserva (sem a água), junte o leite e bata bem. Acrescente a cebola com o caldo do cozimento, as gemas e o queijo e bata bem. Despeje numa vasilha, acrescente o fubá, misture e junte o fermento em pó. Acrescente as claras batidas em neve com cuidado, para que não percam volume. Coloque em assadeira untada e polvilhada e leve ao forno quente até dourar. Corte em quadrados ou losangos e sirva. (Os colegas da turma deixaram a assadeira limpinha!)



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Fonte:
Revista Cláudia Cozinha Especial, editora Abril, 641 n. 410A

Bolo de arroz: Receita do livro Antiga e Moderna Culinária Goiana, de Divina Maria de Oliveira Pelles (coletada pela revista Cláudia Cozinha)

Sopa paraguaia: Receita de dona Francisca da Costa Barros, a dona Quinha, de Campo Grande,MS (coletada pela revista Cláudia Cozinha)

Bori bori ou vori vori: para saber mais acesse a maravilhosa aula dada pelo chef Paulo Machado, um amigo do Acre (e que pela pressa, só assisti depois de apresentarmos o prato!! E ele fala da nossa farinha de Cruzeiro do Sul, um luxo!) 

- https://tvuol.uol.com.br/video/frango-boribori-04024C1B3170E4B15326

domingo, 21 de maio de 2017

CUPUAÇU, AMOR TOTAL

O rolinho depois de pronto e cortado, para dar uma graça

O rolinho inteiro, antes de ser cortado e servido


Durante os anos em que morei no Ceará, era bem difícil consumir uma das frutas que mais adoro, o cupuaçu. Aquela polpa cortadinha com tesoura, fresca, para encher jarras e mais jarras de suco cremoso e forte, só mesmo quando alguém da família ou algum amigo levava de contrabando, bem congelada. Aí era uma festa! O doce eu fazia pouco, porque a saudade do suco era tão grande que não sobrava fruta para outros preparos, nem mesmo para o creme, outra estrela. Na casa de meus pais existe até hoje um pé de cupuaçu maravilhoso, que não fica no nosso quintal e sim no da vizinha, dona Julieta.

Mas, desde que éramos crianças, ficou acertado que as frutas que caíssem para nosso lado nos pertencia de direito, sem arengas. E por este motivo tivemos a vida inteira os mais lindos cupuaçus, que além do sabor intenso, é tinhoso como poucos: precisa cair quando maduro, não adianta derrubar de vez, pois ele não amadurece. Pelo menos até hoje nunca ouvi falar em tirar cupuaçu antes da hora. Uma vez no chão, não se pode passar muito tempo para tratar a polpa, pois ela estraga. Com esses cuidados e tratado logo que cai, o perfume do cupuaçu é embriagador e na minha opinião, muito pouca coisa se compara ao seu sabor maravilhoso, que se presta para inúmeras preparações.

Para o suco de antigamente, na era pré-liquidificador, os caroços e polpa eram amassados com bastante açúcar e depois, juntava-se água gelada. O divertimento era chupar os caroços na boca, com bastante cuidado para não passar direto pela garganta, principalmente  quem já não tinha mais amígdalas para segurá-los. Pedacinhos de polpa meio azeda se misturavam na boca e o sabor era incrível. No doce, a mesma coisa. Até hoje, embora em muito menor proporção, há quem prefira o suco e o doce com caroço, puro saudosismo.

Do caroço do cupuaçu também se pode fazer chocolate, o cupulate. Desenvolvido por pesquisadores da Embrapa na década de 80, o chocolate obtido a partir das sementes do cupuaçu é mais saudável e foi alvo de uma grande polêmica, quando uma empresa do Japão chamada Asahi Foods patenteou o nome da fruta, bem como o chocolate obtido a partir de suas sementes, num caso gravíssimo de biopirataria, fato este descoberto pela Ong acreana Amazonlink. Felizmente neste caso e com as intervenções devidas e a polêmica gerada, o Escritório de Patentes do Japão derrubou o registro da empresa japonesa (veja mais em alguns links logo abaixo).

Polêmicas à parte, uma das coisas que mais gosto de fazer é passear por feiras, mercados e supermercados. O que para alguns é uma perca de tempo completa, para mim é motivo de puro divertimento, principalmente quando vou às feiras e mercados. Encontrar amigos e feirantes já conhecidos, trocar receitas, saber sobre um novo uso para algum produto, tudo isso me deixa fascinada. No supermercado, encontrar alguma coisa diferente me deixa de ótimo humor. E, em uma dessas visitas, me deparei com massa filo congelada. 

Para quem não conhece, é uma massa finíssima, com quase nada de gordura e seu manuseio deve ser feito com o maior cuidado, pois quebra com muita facilidade. Para utilizar, deve-se pincelar manteiga derretida (ou azeite, se desejar) entre as folhas, depois rechear, enrolar ou não (a depender da receita) e assar.  É muito utilizada em doces árabes, mas também pode ser usada nos salgados. 

É trabalhosa para fazer em casa por ser muito delicada. Por isso nem titubeei e comprei dois pacotes, imaginando o que fazer com eles. E resolvi experimentar com um doce de cupuaçu caseiro ao qual juntei lascas de castanha e no recheio, acrescentei pedaços de queijo Minas. Enfeitei com sementinhas de papoula (opcionais) os rolinhos, assei e depois polvilhei com açúcar de confeiteiro. Se ficou bom? Experimenta pra ver!

Rolinhos de massa filo (Phyllo) com doce de cupuaçu, castanha e queijo Minas

Ingredientes      

Para o doce (que deve ser preparado antes, pois precisa esfriar antes de ser utilizado)

1/2 xícara bem cheia de polpa de cupuaçu fresca (cortada na tesoura)
Aproximadamente 1 xícara de açúcar refinado (iniciei com 1/2 xícara, mas foi necessário ir acrescentando mais)
1/4 de xícara de água, colocada aos poucos, de acordo com a necessidade, para não deixar queimar o doce
5 a 6 castanhas cruas (mas não frescas), cortadas em pedacinhos
01 pitada de sal

Para o recheio

Doce de cupuaçu e castanha, já frio
lâminas de queijo Minas (opcional e a gosto)

Para a massa filo

01 pacote de massa filo congelada, manuseada de acordo com as instruções do fabricante
1/2 xícara de manteiga derretida ou um pouco mais, se precisar
Sementes de papoula (opcional), para enfeitar. Na falta use chia, se quiser
Açúcar de confeiteiro, para polvilhar (não use impalpável) 

Modo de fazer

Para o doce

Bata a polpa de cupuaçu e metade do açúcar no liquidificador, para que fique bem homogêneo. Numa panela, coloque a polpa batida, a pitada de sal, a castanha e vá acrescentando aos poucos o restante do açúcar e a água, até que o doce vá pegando cor. Ajuste, se necessário, ao seu paladar. Tenha cuidado para não queimar, é preciso estar atento e mexer sempre. Quando ficar dourado, desligue o fogo e coloque em um prato para esfriar. O ponto deve ser pastoso, não deve ficar muito consistente.

Para montar os rolinhos

Descongele a massa na geladeira, de acordo com as instruções do fabricante. Com muito cuidado, desenrole em uma superfície plana e tenha ao lado a manteiga derretida e um pincel. Corte uma folha de massa, passe bastante manteiga derretida e cubra com outra folha de massa. Passe manteiga novamente e arrume o recheio (o doce com alguns pedaços de queijo), como se estivesse fazendo um charutinho. Enrole formando um rolinho e dobre as duas extremidades para cima, para fechar. Passe um pouco de manteiga derretida em cima e salpique sementes de papoula ou chia, se desejar. Leve ao forno pré-aquecido (moderado) e deixe até dourar. Não é necessário untar a forma. tenha cuidado no manuseio, para que o recheio fique bem vedado e não vaze. Solte com cuidado os rolinhos da forma ao retirar do forno, espere esfriar um pouco e arrume no prato de servir. Quando esfriar, polvilhe açúcar de confeiteiro e sirva. Maravilhoso!


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Saiba mais:

http://caraterfeminino.blogspot.com.br/2011/11/cupulate-chocolate-de-cupuacu.html

http://imirante.com/mobile/mundo/noticias/2004/03/02/japao-derruba-registro-de-patente-da-marca-cupuacu.shtml

http://www.almanaqueculinario.com.br/noticia/cupuacu-sera-que-e-nosso-96

http://www.amazonlink.org/

domingo, 14 de maio de 2017

DIA DE AFETOS E SAUDADES

Caldinho bem cremoso de feijão branco e cupuaçu, servido com conserva agridoce de pimenta de cheiro e pão caseiro com levain (fermentação natural)

O creme de feijão branco e cupuaçu...

A conserva agridoce de pimentinha de cheiro aqui do meu quintal...

Uma pequena entrada: pão com levain, creme de feijão branco e cupuaçu, conserva agridoce de pimenta de cheiro, parmesão ralado na hora


O pão...

O feijão...


O pão, ainda na panela de ferro em que foi assado...




Hoje é Dia das Mães. Assim mesmo, com maiúscula! Ainda tenho uma sorte danada de contar com a minha "velha", como a chamo, mais ativa do que eu, mesmo aos oitenta e dois anos de idade...ainda hoje ela pega seu carrinho, coloca seus óculos de sol e a bermuda (não anda de vestido quase nunca), instala meu pai ao lado de co-piloto (como ele tem sequelas de um AVC, não pode dirigir. Mas era um excelente motorista, então imaginem aí a confusão) e parte. Ele não dirige, mas fica no controle, a dizer onde ela deve ou não deve estacionar ou por qual trajeto deve seguir, motivo de invariáveis pequenas briguinhas.

Ainda hoje, o senso de proteção para com os filhos e netos é bem maior do que os seus 1,52 m. Se eu quiser, como hoje, uma fruta do quintal, ela mesmo gripada já sai na frente e por pouco não pegou uma escada (segundo ela, bem levinha), pra subir e sacar abaixo umas carambolas douradas e suculentas. Às vezes, tenho que mandar parar: "Mãe, a senhora lembra que é uma "velhinha"? Mas não, ela nem lembra da idade, graças a Deus. E segue, fazendo troça com o próprio esquecimento de coisas banais e rindo quando ao não entender o que escutou, transforma as frases em absurdos completos.

A perda auditiva ela não aceita muito mas quando se achou magra e segundo ela mesma, cheia de "pelancas" aceitou que eu a levasse à nossa querida amiga Kátia, nutricionista das boas. E apesar de furar um pouco a dieta (será que herdei esse legado?) está feliz pois engordou um quilo e meio. E mesmo conformada em ser  uma formiga assumida, o diabetes e nós não a deixamos solta para se regalar, do contrário o estoque de bolos e doces na casa dela ia atropelar os armários.

Minha querida mãe não gosta muito de cozinhar. Mas tudo que faz é bom e suas panquecas, o nhoque de batatas, o arroz de forno e o lombo recheado são de lamber os beiços. mas a briga familiar é mesmo pela torta de café (uma espécie de tiramisu um pouco mais docinho) e o Gato de Botas, fatias de banana comprida madura (ou da terra) fritas, intercaladas com uma mistura de açúcar, canela, creme de leite, queijo ralado e gema de ovo bem batido. Por cima o Gato de Botas leva um merengue bem consistente. Vai ao forno e depois à geladeira. (http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2013/05/o-gato-de-botas-da-minha-mae.html). Ah, quando ela faz essa sobremesa, tem gente que esconde pedaços para os outros não verem, é um escândalo!


Minha mãe foi uma das primeiras farmacêuticas aqui do Estado, mas não quis ir para o laboratório. Trabalhou sempre com responsabilidades técnicas e eu cresci acompanhando-a às farmácias para controlar as listas de medicamentos a serem monitorados, entre outras coisas. Além disso, foi uma das primeiras funcionárias do Incra e por muito tempo, da Fassincra. Nunca tive uma gripe que fosse, nem meus irmãos, para sermos vistos por um único médico. Se ela nos levasse ao hospital ou à clínica, com certeza todos os profissionais de plantão (invariavelmente amigos dela) sempre iam nos dar uma olhadinha.

E eu queria ter dedicado aos meus filhos pelo menos metade da atenção que ela sempre nos dispensou, mesmo trabalhando dois turnos. Nos levava ao médico, ao cinema, à piscina do clube, datilografava meus trabalhos pra ficarem mais bonitos (mas era eu quem fazia rsrsrs) e dava conta não sei como, de quatro meninos criados quase soltos, como era no meu tempo de única irmã de três garotos. Meu pai ajudava a dar uns trancos, mas foi com ela que sempre nos viramos.

E hoje me pego aqui com saudades dos meus pequenos grandes, tão longe nesse dia poderoso, a lembrar das queridas que já partiram, como minha sogra dona Neuza, a lembrar que amor independe de tempo, de estar vivo, de estar perto, de ter sido parido ou não...amor de mãe é para sempre! Por isso quando meu filho mais velho me disse que eu os inspirava a ser melhores e o mais novo me agradeceu por apoiar as escolhas dele, ainda que às vezes me fizessem sofrer (como morar longe de mim), me derreti toda mas pensei: esse é o sentido! Pela primeira vez pensei com tranquilidade que eles já podem sim, seguir com as próprias pernas. E me alegrei!

Dedico este post a todas as mulheres que sentem esse amor incondicional por seus queridos, sejam eles filhos, sobrinhos, enteados ou agregados. Um dia de amor e bençãos!

E para experimentar, vá de creme de feijão branco e cupuaçu, conserva de pimenta agridoce e um pão fresquinho!  

CREME DE FEIJÃO BRANCO COM CUPUAÇU, CONSERVA AGRIDOCE DE PIMENTA DE CHEIRO, SERVIDO COM PÃO FEITO COM FERMENTAÇÃO NATURAL (LEVAIN)

Ingredientes

Para o pão

Uso a receita de levain do livro Pão Nosso, do Luiz Américo Camargo, bem como suas receitas de pão.
Também uso a receita do pão de campagne do livro Mari Hirata Sensei, por Haydèe Belda, nesta receita.

Obs.: As adaptações com chia, pinoles, sementes de girassol e tâmara são minhas, bem como a substituição da farinha de centeio original por farinha de espelta. Optei por não incluir aqui a receita, pois é um processo demorado. Recomendo a leitura desses e de outros livros que falam de fermentação natural ou na falta, compre um pão italiano e o corte em fatias grossas.
A técnica para assar o pão vem desde vídeos disponíveis na internet, dos vídeos e dicas disponíveis no Pão Rústico (grupo no facebook do qual faço parte), leituras de blogs como o da Neide Rigo, querida amiga e livros diversos, sempre um aprendizado.

Fazer pão é um prazer e uma terapia. Utilizar o levain é prazer em dobro e uma verdadeira paixão. 

Para o creme de feijão e cupuaçu


1/2 xícara de feijão branco (ou de praia) cozido em água e sal
01 polpa de 100 ml de cupuaçu
1/4 xícara de água
03 colheres de sopa de azeite
01 colher de chá da conserva de pimenta preparada (só o caldo)
03 colheres de sopa do caldo da conserva, preparado sem a pimenta 
Sal a gosto
Queijo parmesão ralado na hora, a gosto
Pimentinhas em conserva, para enfeitar, a gosto

Para a conserva agridoce de pimentas de cheiro amarelas (aqui são chamadas assim, embora sejam ardosas)

01 xícara de pimenta de cheiro amarela, ardosa, com cabos e sementes, cruas
1/4 xícara de açúcar
1/4 xícara de vinagre de maçã
01 xícara de água
01 pitada de sal
1/8 de xícara de vinagre de maçã após o cozimento (ou metade da medida de 1/4 de xícara)

Caldo para conserva

1/2 xícara de água
1/8 xícara de açúcar (ou metade da medida de 1/4 xícara)
1/8 xícara de vinagre de maçã (ou metade da medida de 1/4 xícara)
01 pitada de sal

Modo de fazer

Para o creme de feijão e cupuaçu

No liquidificador junte o feijão cozido, a polpa de cupuaçu, a água, o azeite, o caldo de conserva de pimenta e o caldo de conserva sem a pimenta (que você vai fazer em separado. Retire as três colheres necessárias e o restante pode ser juntado à conserva de pimenta). Processe até ficar bem homogêneo. Retire do liquidificador, ajuste o sal se desejar e leve ao fogo apenas até levantar fervura. Reserve. Na hora de servir, esquente ligeiramente o pão e o creme, coloque a gosto nas fatias de pão, por cima o queijo parmesão ralado na hora e um pouquinho da conserva de pimenta, caldo e pimentas para enfeitar, se desejar. Sirva logo para que não encharque o pão.

Obs.: se desejar, sirva em copinhos, com o pão ao lado. Esta receita é pequena, rende uns três copinhos no máximo, então se quiser mais basta aumentar proporcionalmente os ingredientes. A conserva agridoce reduz a acidez do cupuaçu mas caso não queira colocar em cima, acrescente pitadas de açúcar ao creme, provando de acordo com seu paladar.

Para a conserva agridoce de pimentas

Coloque todos os ingredientes (menos a última medida de vinagre de maçã) para ferver em uma panelinha pequena, até que as pimentas cozinhem e a calda reduza um pouco. Desligue o fogo e acrescente 1/8 de xícara de vinagre de maçã. Despeje em pote com tampa ou garrafinha com tampa e use como desejar.

Para o caldo da conserva

Numa panelinha, ferva todos os ingredientes até reduzir um pouco. Retire as três colheres de sopa para o creme de feijão e o restante junte à conserva de pimentas, caso deseje.

Bom apetite!!



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Para saber mais:

Mari Hirata Sensei, por Haydèe Belda - http://www.saraiva.com.br/mari-hirata-9416749.html?sku=9416749&force_redirect=1&pac_id=123134&gclid=Cj0KEQjwgODIBRCEqfv60eq65ogBEiQA0ZC5-Y-dpPaXkP6e9UsbhkYBkVhLHCb9xGAwm2vqg0ySPXkaAtY88P8HAQ

Pão Nosso - Luiz Américo Camargo - https://www.amazon.com.br/Nosso-Receitas-Caseiras-Fermento-Natural/dp/8539611090/ref=sr_1_1/137-6678894-9840329?ie=UTF8&qid=1494800737&sr=8-1&keywords=pao+nosso

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