domingo, 21 de outubro de 2012

IOGURTE DE CUPUAÇU




Iogurte integral com polpa de cupuaçu e aveia...


Ando com uma vontade grande de experimentar receitas antigas com sabores novos. Acho mesmo que estou até meio compulsiva, querendo testar receitas e mais receitas, mas, sei que ''os loucos por comida'' me entendem bem. Por isso, comprei um pote de creme de leite fresco pra testar uma receita de iogurte integral publicada no ótimo blog La Cucinetta (www.lacucinetta.com.br), pois se o sabor prometido fosse tão bom quanto o texto...

Não mexi os vinte minutos sugeridos, por pura preguiça. Deixei em fogo moderado, com uma colher dentro da panela para não derramar e mexi de vez em quando. Mesmo assim, fica muito, muito consistente e é delicioso. Não é ácido e se quiser, nem precisa colocar açúcar. Ele é bom de qualquer jeito, até puro, mas estou como disse, na fase da experimentação. Então, peguei meia xícara de cupuaçu (cortado na tesoura), bati com 5 colheres de açúcar e um pouquinho de água. A polpa consistente foi misturada com 2,5 xícaras do iogurte. Caso queira, dá para acrescentar mais açúcar ou iogurte, a gosto. Por cima, coloquei aveia em flocos grandes.





É simplesmente maravilhoso, de comer rezando! Acrescentei aveia e passei bons minutos me deliciando. Aproveite!

A receita do blog La Cucinetta veio do livro Forgotten Skills of Cooking, de Darina Allen.
Reproduzo aqui as quantidades. Bom apetite!

Iogurte integral

Ingredientes para o iogurte

2,5l de leite integral
1 1/4 xícara de creme de leite fresco
1 xícara de iogurte integral natural
 
Para misturar

1/2 xícara de chá de polpa de cupuaçu cortado na tesoura. (caso não tenha, utilize polpa congelada, a gosto)
5 colheres de sopa de açúcar ou mais, se desejar
aveia em flocos grandes

Modo de Fazer

Coloque o leite numa panela de fundo grosso, deixe ferver e reduza o fogo, mexendo sempre, até o leite evaporar e reduzir aproximadamente 1/3 do volume inicial. Desligue o fogo, coloque o leite numa tigela e acrescente o creme de leite, mexendo bem. Deixe esfriar até o momento em que, mergulhando o dedo no leite, você aguente contar até 10. Acrescente o iogurte e mexa bem. Cubra com filme plástico e enrole a tigela com panos de prato e deixe no mínimo por cinco horas sem mexer, até que ele fique bem espesso. Leve à geladeira e consuma no máximo em dez dias. Caso você não queira misturar com o cupuaçu, pode tomá-lo puro, com mel ou caldas de frutas variadas, a gosto, tais como ameixa. É delicioso.
 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

AOS MESTRES, COM CARINHO

Brigadeiro gourmet


Talvez o maior desafio de um professor seja ser lembrado por seus alunos como alguém que fez a diferença em algum momento das vidas deles. Alguém de quem eles gostem de lembrar, alguém que eles tenham prazer de encontrar. Alguém com quem possam ter aprendido algo importante. Alguém que tenha sabido dizer não ou mesmo alguém que tenha compreendido o quanto a adolescência é uma fase diferente.

Relembro com saudades da Irmã Clemens, minha professora da alfabetização, a primeira de que me recordo. Não tenho a menor ideia de onde ela esteja agora, mas guardo as melhores lembranças dela, com seus olhos claros e uma paciência de Jó. Ainda estudávamos uva sem comê-las ou mesmo ter acesso a elas, mas eu adorava preencher aqueles carimbos da cartilha e depois pintá-los com esmero. Lembro também da professora Marta Cruz, no Sesi, para onde mamãe me levou para cursar a terceira série do primário.

A escola era nova e tinha assistência médica, se não me engano. A professora Marta chamou minha mãe para dizer que eu terminava muito cedo as tarefas e tinha condições de acompanhar a quarta série. Lá fui eu, cheia de medo, miudinha e magrela. Por conta disso, entrei no antigo ginásio com dez anos de idade, mas fui em frente. O CNEC, a escola que eu frequentei,  abriu um leque de professores: Angelina, João Batista, Moacir, Corina, minha tia Celeste, Olívia, Irmãs Cláudia e Madalena e tantos outros mestres que ajudaram a construir nossa personalidade e que ainda hoje, tenho prazer de encontrar pela cidade.

A vida seguiu, passei anos fora, voltei, fiz a faculdade e me deparei sempre com pessoas especiais a quem rendo homenagens pela paciência. Não é fácil encarar várias turmas de crianças, adolescentes ou mesmo adultos com suas verdades, suas vontades e sobreviver. Por isso, admiro quem tem essa capacidade de dividir o conhecimento, muitas vezes de forma voluntária.

Hoje, além de todos os meus mestres e mestras, homenageio uma pessoa com quem tenho o privilégio de conviver e aprender sempre. E fico orgulhosa quando estou junto com ele em muitos reencontros com ex-alunos que invariavelmente relembram uma palestra de dez anos atrás, um livro que foram incentivados a ler, um passeio à uma biblioteca e um clube do livro que era novidade para uma meninada que ainda não tinha celular nem vídeo game.
Eu e o Marcos no Casarão, lugar histórico e querido...


 Meu maridinho, essa dita pessoa, hoje dá palestras em escolas quando solicitado e também contribui com seu conhecimento, de forma voluntária, na Sociedade Philosophia, um grupo que se reúne de quinze em quinze dias e discute filosofia, filmes, poesia e o que mais for preciso para de forma lúdica, tentar entender o mundo e pensar sobre ele. O grupo é eclético e tem pessoas de todas as idades.

O Marcos foi um dos poucos professores que conseguiu fazer meu irmão Michel, um peralta de carteirinha, prestar muita atenção nas aulas, fato reconhecido pelo próprio. Claro, meu irmão já está na casa dos quarenta, mas suas histórias de peraltice são hilárias e nenhuma deles tem o Marcos como protagonista. Também já vi muitas vezes o carinho enorme de vários ex-alunos que o agradecem por hoje serem inveterados leitores. Isso faz a diferença na vida de alguém. Portanto, maridinho, parabéns para você, minha cunhada Ritinha, minhas tias Néca, Branquinha e Miosótis e todos aqueles que generosamente decidem dividir seus aprendizados e experiências.

E para não ficar sem receita e lembrando o dia da Criança que passou, minha receitinha de brigadeiro, que apesar da moda, serve para grandões e grandinhos, meus filhos que o digam. Caso prefira a receita tradicional, mais doce, ela está logo mais abaixo. Bom apetite!







O brigadeiro, pronto para ser devorado...


Brigadeiro gourmet

(Aviso aos navegantes que não recebo nenhum centavo pela propaganda)

Ingredientes

01 lata de leite condensado Nestlè
1 colher de sopa de manteiga (por favor, não use margarina nem mesmo para enrolar o brigadeiro)
100g de chocolate meio amargo, ou uma mistura de dois de sua preferência (usei 50g dos dois chocolates mostrados acima), aproximadamente. (Aqui é um gosto pessoal. Como gosto mais de chocolate amargo, fiz dessa forma, mas fica a seu critério).
Chocolate em quadradinhos, da Callebaut, meio amargo. (Aqui você pode usar o granulado comum, pois não temos deste outro tipo na cidade. Se quiser e puder, adquira esse outro granulado em viagens ou pela internet. Não é barato, mas é tudo de bom).

Modo de Fazer

Unte manteiga em um prato fundo e reserve. Numa panela de fundo grosso, coloque o leite condensado, a manteiga e o chocolate partido em pedaços. O fogo deve ser moderado e você não deve parar de mexer, de preferência com uma colher de pau. Após começar a ferver, em aproximadamente dez minutos a massa deverá estar soltando da panela e fazendo bolhas grandes. Ao inclinar a panela, toda a massa se solta. Esse é o ponto. Coloque a massa no prato untado que estava reservado, aguarde esfriar e com as mãos levemente untadas de manteiga, faça bolinhas e passe no chocolate granulado. Se desejar, coloque em forminhas de papel. Para fazer o brigadeiro tradicional, ao invés do chocolate em barra, use três colheres de sopa de chocolate em pó. (Eu uso o da Nestlè, o do padre). O processo é o mesmo. Aproveite e vire criança de novo.
  



domingo, 7 de outubro de 2012

MASSA CASEIRA


O recheio de abóbora cabutiá (pode ser jerimum caboclo) misturado com queijo parmesão e um pouquinho de castanha bem picada...


Adoro massa. E ainda que nunca tenha tido aulas práticas, de tanto ler a respeito  me aventuro vez por outra na produção de uns quitutes. O cilindro que eu uso é manual e como não posso fazer muito esforço por conta de uma Ler/Dort adquirida há uns anos atrás, conto com a boa vontade dos rapazes aqui de casa. Quando a coragem dá, fazemos umas lasagne que não fazem vergonha a ninguém e são disputadas pela família.
Um dia desses resolvi improvisar uns raviolis  para o almoço, nada de quadradinhos perfeitos. Usei como recheio um purê de abóbora cabutiá, que por ser mais docinha, casou bem com o queijo parmesão ralado na hora e um pouquinho de castanha do Brasil para dar crocância. Depois de cozidos, passei-os rapidamente em azeite, lasquinhas de alho e castanha. Rápido, fácil e gostoso.
Ravioli improvisado
Ingredientes para a massa
200g de farinha de trigo
2 ovos em temperatura ambiente
1 pitadinha de sal
Ingredientes para o recheio
200g de abóbora cabutiá cozida em água e sal (pode ser cozida no vapor) e amassada com garfo ou quanto baste para rechear os raviolis
50g de queijo parmesão ralado na hora ou a gosto
1 colher de sopa de de manteiga
2 a 3 castanhas do Brasil bem picadinhas ou nozes bem picadinhas
Para servir
Azeite a gosto
lascas de alho, a gosto (opcional)
Castanhas ou nozes picadinhas, a gosto (opcional) 
queijo parmesão a gosto, para polvilhar
Modo de Fazer
Para o recheio, cozinhe a abóbora em água e sal. Após cozida, amasse com um garfo e acrescente a manteiga, as castanhas ou nozes (se usar) e o queijo ralado. Prove o sal e ajuste, se necessário. Reserve. Para fazer a massa, numa tigela coloque a farinha e faça um buraco no meio. Despeje os dois ovos e a pitada de sal. Vá misturando em círculos, de dentro para fora, até incorporar toda a farinha. Amasse até homogeneizar e forme uma bola. Pode ser que não seja necessária toda a farinha, pois elas tem graus de umidade diferentes. Deixe descansar coberto com filme plástico por aproximadamente 30 minutos. Após esse tempo, polvilhe um pouco de farinha e comece a passar pelo cilindro, na graduação mais larga. Vá polvilhando mais farinha, se necessário, para a massa não grudar e após passar algumas vezes, vá diminuindo a graduação do cilindro até obter tiras bem finas. A partir daí, você pode fazer tiras largas para lasanha, enrolar e cortar em tiras finas para linguine ou talharim, fazer raviolis, capeletti e o que mais desejar. Caso opte pelos raviolis, coloque montinhos de recheio nas tiras de massa a intervalos regulares. Pincele água nas extremidades e entre cada montinho de recheio. Dobre as tiras de massa sobre o recheio e vá fechando cada ravioli, pressionando levemente para não soltar na hora do cozimento. Polvilhe farinha de trigo e reserve-os enquanto coloca água para ferver, com um pouco de sal. Eles cozinham entre 3 a 4 minutos na água fervente e devem ser colocados aos poucos para cozinhar. Escorra-os e reserve. Coloque azeite a gosto numa panela ou frigideira que os acomode e acrescente as lascas de alho e castanha, se usar. Deixe tostar levemente e misture os raviolis, apenas para perfumar com o alho. Despeje numa vasilha de servir e polvilhe queijo parmesão ralado na hora, a gosto. Bom apetite!




quarta-feira, 3 de outubro de 2012

SABOR DE INFÂNCIA



A "raspadilha" de groselha, a mais pedida




A máquina manual de raspar o gelo, estacionada na Calçada Literária da Bienal


Às vezes a vida anda mais depressa do que a gente desejaria. Na semana que passou, estávamos em meio à organização da II Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura, um evento promovido pelo Governo do Estado, através da FEM - Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour, coordenado pelo Instituto do Livro e da Leitura. Um esforço grande com lindos resultados, de trazer crianças e o público em geral para os livros, as oficinas, a contação de estórias, os quadrinhos, a música e tanta coisa boa que aconteceu nesses dias.

O espaço físico, na beira do rio, trouxe belezas a mais. Foi lindo ver uma turma de estudantes de uma escola municipal parar o passeio para acompanhar os volteios enamorados de botos cor-de-rosa, se exibindo como nunca. Fiquei tão encantada que nem mesmo sabia quem gritava mais, se eu ou as crianças. Não consegui tirar  fotos dos botos, mas as crianças estão aí...




As crianças, encantadas com os botos cor-de-rosa no rio Acre...


Apesar do calor, não faltaram vendedores de picolé e sorvetes, que mal davam conta de atender à multidão de crianças e adultos interessados em se refrescar um pouquinho. Mal contive a alegria quando vi um vendedor de raspadilha. Explico: aqui no Acre, o gelo raspado em que se acrescenta um xarope, chama-se raspadilha  e quase não se encontra mais pela cidade. Quando éramos crianças, enlouquecíamos com aqueles sucos coloridos e tão gelados que faziam cócegas na garganta. O de groselha, vermelho-sangue, sempre foi meu preferido.

Não resisti. A dieta que me perdoe, mas tomei cada gole do copo aí de cima saboreando memórias perdidas no tempo. Tempo que para ler tinha que ir na Biblioteca do Sesc, pois nem mesmo as escolas tinham acervo de leitura e as bibliotecas em nada se equiparam aos lindos espaços que temos hoje aqui na Capital: a Biblioteca Pública, que encanta a todos que a visitam,  a Biblioteca da Floresta, tão contemporânea, as casas de leitura.

Nada disso caiu do céu, é claro. Foi e é fruto de um esforço coletivo de um projeto político que pensa o Acre para melhor e que sabe que muito ainda se tem para construir. Lembrei de cada livro do Estanislaw Ponte Preta que eu li quando criança e do seu Artur ali da Livraria Cultural, que me recebia como uma princesa, cada vez que mamãe me levava lá. Um livreiro sempre sabe reconhecer leitores...e o Manoel, o nosso Paim? Na faculdade, não sei se ele sabe quantos estudantes ajudou a formar, com seus financiamentos muito próprios, em parcelas a perder de vista, anotadas no caderno...Se não fosse a confiança do Paim nos futuros advogados, economistas, enfermeiros e pedagogos dessa cidade, para citar apenas alguns, muitos de nós estaríamos ainda pelo meio do caminho.

Mas a Bienal também nos trouxe a possibilidade de participar e ter acesso à produção literária, artística e musical dos vizinhos e irmãos da Bolívia e do Peru. O encantamento foi mútuo: foram conversas, oficinas, lançamento de livros, diálogos em que se reconhecia o orgulho de fazer parte de uma América Latina que aos poucos se descobre e abre os braços para as culturas irmãs, que estão aqui ao lado.

E ainda teve, como se fosse pouco, os shows imperdíveis da Clara, da Vanessa e da Isabel. Do Tom Zé, esbanjando vitalidade. Da dupla boliviana - Duo Negro y Blanco, maravilhosos. O Chico Chagas, que trouxe ao palco inúmeros artistas da terra e revelou para nós o Andrelino Caetano, todo bonito no seu terno marron. E o Cleuber, o Dircinei, enfim, tanta gente boa que dá orgulho no peito. Mas, depois de ouvir a maravilhosa Susana Baca, cantora e compositora peruana duas vezes ganhadora do Latin Grammy Award, atual presidente da Comissão de Cultura da OEA e uma simpatia total, dá pra sentir que "... tudo vale a pena, se a alma não é pequena..."

Susana, que ao chegar e visitar o Espaço da Bienal, próxima ao rio e ao Mercado, suspirou por um mingau de tapioca. Mais tarde, mandei buscar o mingau, que veio quentinho, com um tantinho de canela e foi devidamente degustado por ela. No dizer do marido Ricardo, Susana tem "...una boca saborosa..."
Ouça algumas das belas músicas cantadas por ela e também pelo duo Negro y Blanco.


Raspadilha

Ingredientes

Gelo picado/raspado a gosto (pode ser batido no liquidificador, caso não tenha máquina)
xarope de frutas, a gosto

Coloque o gelo picado em um copo alto, despeje o xarope a gosto e aproveite!

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Duo Negro y Blanco

http://www.youtube.com/watch?v=apyT67mGiRA 
http://www.youtube.com/watch?v=iAhLSicbrv8&feature=related
      

Susana Baca

http://www.youtube.com/watch?v=S9L8mEJXDn4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=j699ftZP18Q

"...tudo vale a pena se a alma não é pequena..." in Mensagem, Fernando Pessoa


Para saber mais:

Consulte o sítio
 www.ac.gov.br