quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

SALADA IMPROVISADA

A saladinha, pronta para degustar...


Existe pelo menos uma coisa,  a meu ver,  que diferencia as pessoas comuns daqueles chamados "loucos por cozinha", entre os quais me incluo. É a capacidade insuperável de experimentar e ficar como criança quando qualquer dessas experiências é bem-sucedida. Cozinhar para mim, é um ato de extremo carinho e aconchego. Não me vejo fazendo comida para o inimigo. Não me vejo alimentando alguém pelo qual não tenho respeito. 

E mesmo quando faço comida para mim, quero que o prato esteja arrumado. Não consigo comer "gororoba", com o perdão dos adeptos das comidas atacadas de madrugada, geladas, misturadas no fundo da frigideira com um ovo mole. Quando o cidadão ainda consegue fritar o ovo, é claro. Quando não, sei de primos e irmãos que na calada da noite misturavam colheres de arroz e feijão, um pouco de farinha e carne e em pé mesmo, mandavam ver.

Claro, comidinhas assim tem o seu valor e uma boa dose de memória afetiva e há quem não as troque por nada no mundo. Fosse comigo, na era pré-microondas, cada grão de arroz ou pedacinho de carne seria rigorosamente esquentado em panelinha separada, arrumado no prato um do ladinho do outro, sem mistura. Mas, é claro, nada tenho contra a "'gororoba". O fato de não conseguir comer não me tira o respeito por ela, que fique claro. Meu marido mesmo adorava comer umas misturas de arroz, feijão, ovo e Miojo, tudo junto e misturado.

E então estou eu, num domingo de noite à frente da televisão, vendo o ótimo programa de um chef  israelense/britânico chamado Yotham Ottolenghi, quando ele apresenta uma linda salada de figo, laranjas e queijo, em visita à ilha de Maiorca, na Espanha. Não resisti. Da receita original, só tinha em casa limão siciliano, laranja meio azeda e orégano fresco, mas quem é que para o bichinho da experimentação? No lugar dos figos frescos, pêssego (e de lata)! No lugar do queijo macio, um mais duro, embora fresco.

Apesar do improviso, o sabor ficou delicioso. Recomendo experimentar, como jantar leve. Se a quantidade de alho cru não lhe agradar, diminua um pouco. Adoro alho, mas cru não me faz tão bem e na próxima reduzirei um pouco mais. E quando aparecerem figos no supermercado, repetirei a dose, com um queijo mais macio. 

E da próxima vez, antes de fazer a mistura de arroz e feijão gelado, com um pouquinho de farinha e ovo para dar liga, experimente esta saladinha rápida e deliciosa!





Salada improvisada (baseada na receita do chef Yotam Ottolenghi)

Ingredientes

Para a salada

01 laranja sem casca e sem a parte branca, sem caroços, cortada em rodelas finas
Algumas metades de pêssego em lata, a gosto (experimente fazer com a fruta fresca, se encontrar)
04 colheres de sopa de açúcar

Para o molho

O caramelo que sobrou na frigideira
01 1/2 colher de chá de suco de limão siciliano
01 colher de chá de cachaça
1/2 dente de alho pequeno amassado
Queijo fresco, em cubos, a gosto (aproximadamente uma fatia bem grossa)
sal a gosto
pimenta do reino a gosto
Azeite a gosto
Folhinhas de orégano fresco, a gosto (se não tiver, use um pouquinho de orégano seco)

Modo de fazer

Numa frigideira de fundo grosso, coloque as quatro colheres de sopa de açúcar, até formar um caramelo não muito escuro. Não deixe queimar. Arrume as fatias de laranja e as metades de pêssego, para que fritem levemente, por aproximadamente 30 segundos de cada lado. Retire as frutas para uma travessa. Desligue o fogo, passe o que sobrou do caramelo quente para uma molheira, acrescente imediatamente o alho amassado, o suco de limão, o azeite e a cachaça, mexendo bem. Coloque sal e pimenta, a gosto. Arrume as frutas num prato de servir ou travessa, coloque os cubos do queijo que for utilizar, regue tudo com o molho e salpique as folhinhas de orégano. Sirva com pão, se desejar. Delicioso! 

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Para saber mais sobre o chef Yotam Ottolenghi:

http://en.wikipedia.org/wiki/Yotam_Ottolenghi


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