domingo, 14 de maio de 2017

DIA DE AFETOS E SAUDADES

Caldinho bem cremoso de feijão branco e cupuaçu, servido com conserva agridoce de pimenta de cheiro e pão caseiro com levain (fermentação natural)

O creme de feijão branco e cupuaçu...

A conserva agridoce de pimentinha de cheiro aqui do meu quintal...

Uma pequena entrada: pão com levain, creme de feijão branco e cupuaçu, conserva agridoce de pimenta de cheiro, parmesão ralado na hora


O pão...

O feijão...


O pão, ainda na panela de ferro em que foi assado...




Hoje é Dia das Mães. Assim mesmo, com maiúscula! Ainda tenho uma sorte danada de contar com a minha "velha", como a chamo, mais ativa do que eu, mesmo aos oitenta e dois anos de idade...ainda hoje ela pega seu carrinho, coloca seus óculos de sol e a bermuda (não anda de vestido quase nunca), instala meu pai ao lado de co-piloto (como ele tem sequelas de um AVC, não pode dirigir. Mas era um excelente motorista, então imaginem aí a confusão) e parte. Ele não dirige, mas fica no controle, a dizer onde ela deve ou não deve estacionar ou por qual trajeto deve seguir, motivo de invariáveis pequenas briguinhas.

Ainda hoje, o senso de proteção para com os filhos e netos é bem maior do que os seus 1,52 m. Se eu quiser, como hoje, uma fruta do quintal, ela mesmo gripada já sai na frente e por pouco não pegou uma escada (segundo ela, bem levinha), pra subir e sacar abaixo umas carambolas douradas e suculentas. Às vezes, tenho que mandar parar: "Mãe, a senhora lembra que é uma "velhinha"? Mas não, ela nem lembra da idade, graças a Deus. E segue, fazendo troça com o próprio esquecimento de coisas banais e rindo quando ao não entender o que escutou, transforma as frases em absurdos completos.

A perda auditiva ela não aceita muito mas quando se achou magra e segundo ela mesma, cheia de "pelancas" aceitou que eu a levasse à nossa querida amiga Kátia, nutricionista das boas. E apesar de furar um pouco a dieta (será que herdei esse legado?) está feliz pois engordou um quilo e meio. E mesmo conformada em ser  uma formiga assumida, o diabetes e nós não a deixamos solta para se regalar, do contrário o estoque de bolos e doces na casa dela ia atropelar os armários.

Minha querida mãe não gosta muito de cozinhar. Mas tudo que faz é bom e suas panquecas, o nhoque de batatas, o arroz de forno e o lombo recheado são de lamber os beiços. mas a briga familiar é mesmo pela torta de café (uma espécie de tiramisu um pouco mais docinho) e o Gato de Botas, fatias de banana comprida madura (ou da terra) fritas, intercaladas com uma mistura de açúcar, canela, creme de leite, queijo ralado e gema de ovo bem batido. Por cima o Gato de Botas leva um merengue bem consistente. Vai ao forno e depois à geladeira. (http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2013/05/o-gato-de-botas-da-minha-mae.html). Ah, quando ela faz essa sobremesa, tem gente que esconde pedaços para os outros não verem, é um escândalo!


Minha mãe foi uma das primeiras farmacêuticas aqui do Estado, mas não quis ir para o laboratório. Trabalhou sempre com responsabilidades técnicas e eu cresci acompanhando-a às farmácias para controlar as listas de medicamentos a serem monitorados, entre outras coisas. Além disso, foi uma das primeiras funcionárias do Incra e por muito tempo, da Fassincra. Nunca tive uma gripe que fosse, nem meus irmãos, para sermos vistos por um único médico. Se ela nos levasse ao hospital ou à clínica, com certeza todos os profissionais de plantão (invariavelmente amigos dela) sempre iam nos dar uma olhadinha.

E eu queria ter dedicado aos meus filhos pelo menos metade da atenção que ela sempre nos dispensou, mesmo trabalhando dois turnos. Nos levava ao médico, ao cinema, à piscina do clube, datilografava meus trabalhos pra ficarem mais bonitos (mas era eu quem fazia rsrsrs) e dava conta não sei como, de quatro meninos criados quase soltos, como era no meu tempo de única irmã de três garotos. Meu pai ajudava a dar uns trancos, mas foi com ela que sempre nos viramos.

E hoje me pego aqui com saudades dos meus pequenos grandes, tão longe nesse dia poderoso, a lembrar das queridas que já partiram, como minha sogra dona Neuza, a lembrar que amor independe de tempo, de estar vivo, de estar perto, de ter sido parido ou não...amor de mãe é para sempre! Por isso quando meu filho mais velho me disse que eu os inspirava a ser melhores e o mais novo me agradeceu por apoiar as escolhas dele, ainda que às vezes me fizessem sofrer (como morar longe de mim), me derreti toda mas pensei: esse é o sentido! Pela primeira vez pensei com tranquilidade que eles já podem sim, seguir com as próprias pernas. E me alegrei!

Dedico este post a todas as mulheres que sentem esse amor incondicional por seus queridos, sejam eles filhos, sobrinhos, enteados ou agregados. Um dia de amor e bençãos!

E para experimentar, vá de creme de feijão branco e cupuaçu, conserva de pimenta agridoce e um pão fresquinho!  

CREME DE FEIJÃO BRANCO COM CUPUAÇU, CONSERVA AGRIDOCE DE PIMENTA DE CHEIRO, SERVIDO COM PÃO FEITO COM FERMENTAÇÃO NATURAL (LEVAIN)

Ingredientes

Para o pão

Uso a receita de levain do livro Pão Nosso, do Luiz Américo Camargo, bem como suas receitas de pão.
Também uso a receita do pão de campagne do livro Mari Hirata Sensei, por Haydèe Belda, nesta receita.

Obs.: As adaptações com chia, pinoles, sementes de girassol e tâmara são minhas, bem como a substituição da farinha de centeio original por farinha de espelta. Optei por não incluir aqui a receita, pois é um processo demorado. Recomendo a leitura desses e de outros livros que falam de fermentação natural ou na falta, compre um pão italiano e o corte em fatias grossas.
A técnica para assar o pão vem desde vídeos disponíveis na internet, dos vídeos e dicas disponíveis no Pão Rústico (grupo no facebook do qual faço parte), leituras de blogs como o da Neide Rigo, querida amiga e livros diversos, sempre um aprendizado.

Fazer pão é um prazer e uma terapia. Utilizar o levain é prazer em dobro e uma verdadeira paixão. 

Para o creme de feijão e cupuaçu


1/2 xícara de feijão branco (ou de praia) cozido em água e sal
01 polpa de 100 ml de cupuaçu
1/4 xícara de água
03 colheres de sopa de azeite
01 colher de chá da conserva de pimenta preparada (só o caldo)
03 colheres de sopa do caldo da conserva, preparado sem a pimenta 
Sal a gosto
Queijo parmesão ralado na hora, a gosto
Pimentinhas em conserva, para enfeitar, a gosto

Para a conserva agridoce de pimentas de cheiro amarelas (aqui são chamadas assim, embora sejam ardosas)

01 xícara de pimenta de cheiro amarela, ardosa, com cabos e sementes, cruas
1/4 xícara de açúcar
1/4 xícara de vinagre de maçã
01 xícara de água
01 pitada de sal
1/8 de xícara de vinagre de maçã após o cozimento (ou metade da medida de 1/4 de xícara)

Caldo para conserva

1/2 xícara de água
1/8 xícara de açúcar (ou metade da medida de 1/4 xícara)
1/8 xícara de vinagre de maçã (ou metade da medida de 1/4 xícara)
01 pitada de sal

Modo de fazer

Para o creme de feijão e cupuaçu

No liquidificador junte o feijão cozido, a polpa de cupuaçu, a água, o azeite, o caldo de conserva de pimenta e o caldo de conserva sem a pimenta (que você vai fazer em separado. Retire as três colheres necessárias e o restante pode ser juntado à conserva de pimenta). Processe até ficar bem homogêneo. Retire do liquidificador, ajuste o sal se desejar e leve ao fogo apenas até levantar fervura. Reserve. Na hora de servir, esquente ligeiramente o pão e o creme, coloque a gosto nas fatias de pão, por cima o queijo parmesão ralado na hora e um pouquinho da conserva de pimenta, caldo e pimentas para enfeitar, se desejar. Sirva logo para que não encharque o pão.

Obs.: se desejar, sirva em copinhos, com o pão ao lado. Esta receita é pequena, rende uns três copinhos no máximo, então se quiser mais basta aumentar proporcionalmente os ingredientes. A conserva agridoce reduz a acidez do cupuaçu mas caso não queira colocar em cima, acrescente pitadas de açúcar ao creme, provando de acordo com seu paladar.

Para a conserva agridoce de pimentas

Coloque todos os ingredientes (menos a última medida de vinagre de maçã) para ferver em uma panelinha pequena, até que as pimentas cozinhem e a calda reduza um pouco. Desligue o fogo e acrescente 1/8 de xícara de vinagre de maçã. Despeje em pote com tampa ou garrafinha com tampa e use como desejar.

Para o caldo da conserva

Numa panelinha, ferva todos os ingredientes até reduzir um pouco. Retire as três colheres de sopa para o creme de feijão e o restante junte à conserva de pimentas, caso deseje.

Bom apetite!!



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Para saber mais:

Mari Hirata Sensei, por Haydèe Belda - http://www.saraiva.com.br/mari-hirata-9416749.html?sku=9416749&force_redirect=1&pac_id=123134&gclid=Cj0KEQjwgODIBRCEqfv60eq65ogBEiQA0ZC5-Y-dpPaXkP6e9UsbhkYBkVhLHCb9xGAwm2vqg0ySPXkaAtY88P8HAQ

Pão Nosso - Luiz Américo Camargo - https://www.amazon.com.br/Nosso-Receitas-Caseiras-Fermento-Natural/dp/8539611090/ref=sr_1_1/137-6678894-9840329?ie=UTF8&qid=1494800737&sr=8-1&keywords=pao+nosso

Grupo Pão Rústico - administrador Miguel Wg - https://www.facebook.com/search/top/?q=pao%20rustico

 Neide Rigo - blog Come-se - www.come-se.blogspot.com






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