segunda-feira, 2 de junho de 2014

CAMARÃO SEM FOTO

O prato de camarão é o da direita, após sair do forno. Esta é uma foto ilustrativa de um outro  encontro. O sabor é maravilhoso, com jeito de comida caseira...


Minha cidade tem um clima quente e úmido como o resto da Amazônia e altas temperaturas. Por aqui, ar condicionado não é luxo, é necessidade. Ainda chove bastante, mas são raras as oportunidades de desfilar com casacos e mantas, botas e gorros. Mas, nesses últimos dias, fomos brindados com a primeira "friagem" do ano, que é como se chamam por aqui esses curtos períodos de frio, cada vez mais curtos e esparsos. Então, na sexta à noite da semana retrasada, a velocidade dos ventos lembrava um pouco as casas mal-assombradas e com um pouco de chuva e garoa, no sábado as pessoas já se mostravam bem agasalhadas.

Claro, 14 ou 13 graus, com sensações térmicas mais baixas não são nada para quem mora em áreas geladas, mas para nós faz uma diferença enorme. E de noite, com a garoa, só mesmo uma reunião entre amigos, puxada por boa comida e bons vinhos, além da ótima conversa, para esquentar os corações. A pedidos e em parceria com uma amiga, que cedeu o camarão, preparei uma velha receita de família, servida na casa de minha tia Branquinha desde que eu era adolescente e resgatada por mim anos depois, usando apenas os filtros da memória.

Esse camarão era servido nas reuniões de família da casa de minha tia Branquinha, uma simpática professora e hoje aposentada, irmã de minha mãe, que mora no Ceará há muitos e muitos anos. Hoje, sempre que preciso de uma receita de alma, como diz a escritora e dona de bufê Nina Horta, quente e acolhedora, é a ela que recorro. Não tem erro. 

O arroz, fizemos na hora, para acompanhar um prato de bacalhau arrasador e impecável, que foi finalizado na hora de servir, trazido por outra amiga. Aos anfitriões, simpaticíssimos, coube a escolha dos vinhos, as entradas e o acolhimento, maravilhoso. Precisávamos mesmo dessas boas conversas e risadas. Na saída, um frio de rachar foi motivo mais do que perfeito para correr para debaixo dos lençóis.

Não tirei nenhuma foto, esqueci completamente. Na semana seguinte, refiz o prato, desta vez para receber em casa um amigo querido, que gostou muito. Por isso, aproveite para reunir os amigos numa noite mais fresca e servir esse prato simples, caseiro, mas cheio de bossa. Experimente!


Camarão ao Catupiry da minha tia Branquinha (baseado na memória do sabor)


Ingredientes

Para o creme 

02 litros de leite (deve sobrar um pouco)
06 a 08 colheres de sopa bem cheias de amido de milho (o ponto é de um mingau bem grosso, mas ainda cremoso. Coloque o amido devagar para dar o ponto certo. Cuidado para que não fique no ponto de corte)
02 colheres de sopa de manteiga
Uma pitada de noz moscada (opcional)
Sal a gosto

Para o camarão

02 kg de camarão limpo, sem o rabinho
02 cebolas brancas pequenas, bem picadas
05 a 06 ramos de salsinha, bem picados
05 a 06 ramos de coentro, bem picados
05 a 06 cebolinhas, bem picadas 
03 tomates pelados, com um pouco do molho
02 dentes de alho, bem amassados
Se houver cabeças e cascas do camarão, batê-los com mais ou menos 02 xícaras de água, coar e reservar. Caso contrário, 02 xícaras de água ou um pouco mais, se for preciso
04 azeitonas pretas, picadas (opcional)
02 colheres de sopa de extrato de tomate
Aproximadamente 450 g de requeijão Catupiry (marca registrada, de consistência mais firme. Na falta, use um bom requeijão de consistência firme)
04 colheres de sopa de queijo parmesão ralado na hora, aproximadamente
Sal a gosto
Azeite a gosto
Açúcar a gosto, caso seja necessário corrigir a acidez
Suco de limão para lavar o camarão

Modo de fazer

Descongele o camarão, remova cascas e cabeças, se for o caso e retire a tripinha preta fazendo um corte leve na parte superior. Lave bem e deixe de molho em água com suco de limão por uns dez minutos. Após esse tempo, lave bem para retirar o suco e deixe novamente de molho em água com um pouco de sal por mais dez minutos. Após esse tempo, lave bem e salgue. Reserve em lugar fresco ou na geladeira. Numa panela, coloque um litro e meio de leite para ferver. No meio litro restante, dissolva o amido de milho e reserve. Coloque a manteiga, um pouquinho de sal e pouco antes de ferver, vá despejando devagar o leite dissolvido com o amido, mexendo sem parar, até ferver bem. O ponto é de um mingau grosso. Acrescente a pitada de noz moscada, se usar. Prove o sal e veja se precisa acrescentar mais amido. Se for o caso, dissolva-o em água fria e vá juntando ao creme sem parar de mexer, até dar o ponto. Reserve coberto com plástico filme, para não criar película.  
Mantenha o Catupiry (ou outro requeijão que usar) na geladeira até que entre na receita. Em outra panela, coloque umas quatro colheres de sopa de azeite e leve ao fogo baixo. Acrescente o alho e deixe fritar um pouco, sem queimar. Acrescente a cebola, a salsinha, o coentro e a cebolinha e mexa bem. Em seguida, acrescente o tomate amassado, com um pouco de molho. Depois que estiverem cozidos, vá acrescentando a água coada do camarão, até formar um caldo ou a água, aos poucos. Coloque o extrato de tomate e mexa. Quando retomar a fervura, acrescente os camarões e tampe a panela. Após uns cinco minutos, no máximo (isso é importante, para que o camarão não fique borrachudo), prove o caldo e ajuste o sal e a acidez, se for o caso, colocando um pouquinho de açúcar. Deixe ferver mais uns cinco minutos e desligue o fogo. Prove um camarão para sentir a consistência. Caso precise de mais alguns minutos de fogo para o cozimento, coloque-o mas fique bem atenta (o) para que não passe do ponto. Em um refratário, passe o requeijão nos fundos e lados, cobrindo toda a superfície. Acrescente o refogado de camarões, com um pouco do caldo (talvez não precise colocar todo o caldo. Você pode congelar a sobra e usar para outra preparação, se for o caso). Cubra generosamente com o molho branco, salpique o queijo parmesão e leve ao forno para gratinar. Nesse momento, o requeijão se mistura ao refogado e ao molho branco, criando um ótimo contraponto. Sirva com arroz branco e acompanhe com um bom vinho, bons amigos e ótima conversa. 

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Para saber mais:

Nina Horta - dona do bufê Ginger, escritora e blogueira, autora do livro Não é Sopa
blog: http://ninahorta.blogfolha.uol.com.br/




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