domingo, 21 de julho de 2013

CAFÉ ACREANO

Parte da família, preparando-se para o café...

Temos uma família nada pequena. Quando voltei para o Acre e resolvi comemorar aniversário, contamos mais de setenta pessoas entre os parentes mais íntimos. Ou seja, precisamos fazer convites parciais, sob pena de reunir uma multidão. Desta vez, chamamos para um café minhas cunhadas, cunhados e sobrinhos, além dos filhotes aqui de casa e de d. Neuza, minha sogra, uma senhora pra lá de animada.

Ainda faltaram Neuma e Riva, além do Gabriel, mas deu para fazer uma farra. Teve fotos, música no violão, muita conversa e comilança até quase passarmos mal. Emprestei o nome do café acreano ao Jorge Henrique, do Café do Theatro e foi um sucesso! Só faltou o bodó (que é como chamamos o bolinho de chuva) por absoluta falta de tempo, mas tinha pão de milho com leite de castanha (cuscuz), carne moída e ovo mexido para compor a baixaria, suco de abacaxi da safra, banana frita com açúcar e canela, bolo com café, tapioca com manteiga, queijo e de quebra, hommus e manjar branco, além de abóbora japonesa assada, que não são acreanos, mas fizeram uma graça.

Meu cunhado Carlos adorou o cuscuz e me perguntou como fazer para deixá-lo macio, então resolvi postar a receita, apesar de não ter as fotos do prato. Quando fui tirar as fotos das comidas era tarde, ficam para a próxima! Quando eu era pequena, meu pai comprava muito cedo o pão de milho, feito pela dona Lídia e vendido pelo Damião, seu filho, acomodados em um tabuleiro de madeira. Eles eram pequeninos e tinham um furo no meio, deliciosos bem encharcados com o leite de castanha. 

Ainda hoje, aos sábados e domingos, no mercado, dá para para comprar as talhadas de cuscuz quentinho, mas é difícil usar o milho de verdade, que demanda mais tempo e uma logística diferenciada, pois precisa ficar de molho para hidratar e ser bem moído, para só então ser cozido. Como passei muitos anos no Ceará, me acostumei em chamar cuscuz ao invés de pão de milho e regá-lo com leite de coco, que fica igualmente delicioso. Mas com o leite de castanha o sabor é imbatível, experimente!

Pão de milho (ou cuscuz) com leite de castanha

500 g de flocos de milho pré-cozido (eu prefiro usar o flocão, ao invés da milharina. Dá aproximadamente 4 1/2 xícaras de chá)
2 1/2 xícaras de água (se estiver muito seco, talvez precise um pouquinho a mais)
sal a gosto
10 castanhas do Brasil, cruas, batidas com aproximadamente 1/2 xícara de água. Se ficar muito grosso, coloque um pouquinho mais de água
manteiga, a gosto

Modo de Fazer

Numa tigela, coloque os flocos de milho, a água e o sal e misture bem, para umedecer bem a massa. Deixe descansar por 30 minutos, mexendo de vez em quando. Após esse tempo, coloque água para ferver na cuscuzeira, e vá colocando punhados da massa no fundo de metal com furinhos, sem apertar, até despejar tudo. Tampe e deixe cozinhar. Quando estiver quase no ponto (o cheiro é bem característico e ao tirar um pouquinho com o garfo, vê-se que está macio) coloque duas ou três colheradas de manteiga por cima, despeje o leite de castanha sem coar (se não gostar dos pedacinhos de castanha na massa, coe antes) e torne a tampar. Pode ser servido na cuscuzeira, ou retirado para uma travessa de servir com um garfo, misturando levemente para que fique bem solto. Acrescente mais um pouquinho de manteiga a gosto e mais leite, se desejar. Caso prefira com leite de coco, proceda da mesma forma, usando uma garrafinha de leite de coco integral. Como variação, pode colocar coco ralado na massa antes de assar ou pedaços de queijo coalho, que fica também muito bom.
Aqui no Acre se usava fazer o cuscuz despejando a massa num prato, cobrindo com um pano de prato bem limpo, apertando bem e virando de cabeça para baixo numa panela de água fervente, para receber o vapor. Prendia-se o pano no prato com um ferro pesado, para que o cuscuz não caísse na panela. Fiz muito isso quando era pequena, pois por aqui não tínhamos cuscuzeira. Aproveite e sirva com carne moída sequinha e bem temperada, ovo mexido e cheiro verde: com esse nome, culpa da modernidade, virou baixaria. Nome recente, dizem que por obra e graça da Toinha, lá do Mercado do Bosque, que batizou a mistura deliciosa e apreciada por todos por aqui. Bom apetite!

2 comentários:

  1. Acordando 8 da manhã na Áustria pra procurar a receita pq esqueci de ligar pra vó lá em Rio Branco. Vou lá tentar, trouxe o flocão na mala. Obrigado pela receita ;)

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  2. Prezado (a) Antrobos,

    adorei estar sendo lida na Áustria! E por um conterrâneo (a) ou alguém que conhece o cuscuz ou pão de milho, como ainda o chamamos aqui! Se você não tiver a cuscuzeira, vale colocar uma panela com água fervente, arrumar a massa em um prato ou tampa de diâmetro igual ao da panela, envolver com um pano de prato de algodão e amarrar bem, colocando-o virado para a água quente, com um peso por cima. A massa deve estar levemente úmida e quando apertada com a mão, fazer um bolinho, como quem faz "capitão". Tenho certeza de que vai dar certo, um grande abraço!

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