domingo, 15 de abril de 2012

GRACIAS AOS AMIGOS




O bolinho, com pedaços de chocolate e recoberto com açúcar de confeiteiro, para dar um charme...



Não sei vocês, mas cresci sabendo o nome dos vizinhos e tendo os filhos deles como primeiros amigos e cúmplices. As calçadas serviam no final do dia para espalhar cadeiras e ali a meninada se reunia para escutar as conversas dos adultos, sempre mais interessantes. De vez em quando, levávamos um chega pra lá, se fosse considerado que a curiosidade extrapolava a idade que tínhamos e de forma brincalhona, éramos convidados a brincar em outra freguesia.

 
Os vizinhos dividiam frutas e conforme a época, sempre era possível receber um cupuaçu ou goiabas. Manga, não precisava, tinha em todos os quintais. Graviola, lembro-me com pena, de tanto que tinha em nosso quintal, às vezes até estragava, embora o excedente fosse quase sempre fosse distribuído entre parentes e amigos. Laranjas e tangerinas eram cobiçadas e normalmente vinham de alguma colônia, como se chamam por aqui as chácaras. Ou, em caminhões carregados vindos de fora, compradas por cento. Nesses dias, sentávamos na varanda e chupávamos laranja até a barriga não aguentar mais.

 
Mas, o que sempre me encantava era receber de presente em nossa casa algum pratinho ou pequena panela com uma  "provinha" de guloseimas produzidas pela vizinhança ou mesmo na casa das tias e até de colegas de trabalho dos meus pais. Bolos, mungunzá ou canjica, pé de moleque, pamonha...às vezes eram biscoitos ou cocadas e até mesmo comidas de sal: macaxeira cozida desmanchando de tão macia, tapiocas e até mesmo uma porção de panelada (cozido feito com as tripas e o bucho do boi, tratados, temperados e cozidos com caldo, às vezes com batatas e até mesmo linguiça).

 
Da mesma forma, quando em casa se fazia alguma coisa gostosa, era de praxe fazer um pouco a mais para mandar pequenas porções aos vizinhos e amigos ou mesmo devolver o agrado com outro: o costume se mantém até hoje, de preferência na mesma vasilha. Pequenas gentilezas que quase desapareceram, nessa corrida enlouquecida contra o tempo, mas que aqui e ali ainda se manifestam.

 
Dia desses, recebemos aqui em casa uma galinha gorda, galinha de verdade, criada livre nos terreiros do interior. Nada de músculos engordados com hormônios nem ossinhos de faz de conta. A Juciele, colega do meu marido, ao me ver saindo de uma dengue/virose, anunciou o presente: "Olha, vou levar uma galinha caipira pra você se recuperar logo..." Nem preciso dizer que deu vontade de adoecer mais vezes, mas aí seria uma covardia...

 
A sabedoria popular sempre disse que boca fechada e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém e nossas avós passavam muito tempo engordando as bichinhas quando se descobriam grávidas. O "'resguardo" era tratado com uma canja substanciosa feita com arroz cozido e batatas e bons pedaços de galinha e tenho a impressão de  que é por isso que meus pais estão aí,  lépidos e fagueiros mesmo com a idade que tem.

 
Pois bem, a danada da galinha foi degustada no outro dia, bem temperada com sal, alho, pimenta e um tantinho de colorau, num caldo grosso, com farinha e um pouquinho de arroz. Prato fundo, cada colherada de caldo enriquecida com um pedacinho da carne, o cheiro tomando conta da casa, senti-me no céu.  Para rebater, uma xícara de café gourmet, presente do Rodrigo, uma delícia.

 
Como meu filho havia pedido um bolo de cenoura, resolvi atendê-lo com uma das duas receitas que normalmente faço e de quebra, mandei uma "provinha", como boa acreana, para os nossos presenteadores. Espero que eles tenham gostado.

 
A receita abaixo é da dona Rosa Lacombe, a elegante proprietária de um restaurante no Leblon-RJ, chamado Celeiro, que prima pela qualidade de seus produtos e é de uma simpatia total. Dona Rosa tem dois livros publicados e tivemos o prazer de conhecê-la e presenteá-la com a nossa ótima farinha de Cruzeiro do Sul.

 
Bolo de cenoura do Celeiro (adaptada) 

 
Ingredientes

 
1 xícara de óleo de boa qualidade
3 xícaras de cenoura ralado fino
1/2 xícara de açúcar branco
1 xícara de açúcar mascavo
1 xícara de farinha branca
1 xícara de farinha integral (neste aí de cima, usei apenas farinha branca)
4 ovos em temperatura ambiente
1/2 colher de chá de noz moscada (não usei neste aí de cima)
1 colher de chá de canela
1 pitada de sal
2 colheres de chá de fermento em pó
1/2 xícara de nozes (não usei, mas pode ser utilizado castanha do Pará ou do Brasil)
1/2 xícara de chocolate picado para a massa
1 tablete de chocolate meio amargo ou sobras de ovos de Páscoa, a gosto (opcional, não consta na receita original)

 
Usei 1/2 xícara de passas ao invés das nozes, mas também dá para colocar 1/4 de xícara de cada

 
Modo de Fazer

 
Misturar os ingredientes secos com as nozes e/ou passas e reservar. Bater os açúcares com o óleo e juntar os ovos um por vez, batendo bem após cada adição. Adicionar a cenoura, os ingredientes secos com as nozes e/ou passas, acrescentar o chocolate picado e misturar bem. Colocar em assadeira retangular média untada e polvilhada ou, como aqui, em formas para cupcakes (neste caso, rende aproximadamente 24 bolinhos) por aproximadamente 20 minutos em forno moderado ou até espetar um palito e sair limpo. Cubra com o chocolate assim que sair do forno e depois de derretido, espalhe ligeiramente. Depois de frio, polvilhe com açúcar de confeiteiro, se desejar. Aproveite para distribuir pequenas amostras para os amigos. Bom apetite!  

 
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Restaurante Celeiro: acesse http://www.celeiroculinaria.com.br/ 
  

5 comentários:

  1. Mais um delicioso post do blog Mesa na Floresta. Nele, Patrycia mais uma vez vem temperando amizades e generosidades! Muito legal!

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  2. Marcos querido, sem a sua ajuda, nada seria possível, muito obrigada!

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  3. Adorei seu blog, Patrícia e é muito linda a cumplicidade que posso sentir entre vc e Marcos. Parabéns!

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  4. Adorei seu blog, Patrícia. E acho linda a cumplicidade que sinto entre vc e Marcos. Parabéns!

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  5. Olá, meu querido (a) desconhecido (a), muito obrigada pelo seu comentário, fico feliz. Eu e o Marcos somos mesmo cúmplices, é muito bom ter um companheiro que apóia e incentiva o nosso trabalho! Beijo pra você e obrigada,
    Patrycia

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