sexta-feira, 27 de abril de 2012

COME-SE NA FLORESTA


                        O pão saído do forno e o chutney de manga, para pecar...

No ano passado, deparei-me com a notícia de que uma das minhas blogueiras prediletas estaria em Rio Branco, mais precisamente em Acrelândia, acompanhando um projeto da USP (leia mais em http://www.marcelo-penalama.blogspot.com.br/p/projeto-acre.html), com a presença de outros profissionais na área de saúde. Neide Rigo, nutricionista e autora do ótimo blog Come-se, é a simpatia em pessoa. De quebra, no único passeio que fez no mercado de Rio Branco, identificou a presença do corante amarelo tartrazina no nosso tucupi alaranjado (leia matéria completa em http://come-se.blogspot.com.br/2011/07/tucupi-amarelinho-amarelo-tartrazina.html), que pode trazer sérios riscos à saúde e é vendido livremente nos boxes, inclusive a pedido do cliente.

O blog dela tem receitas, tem produtos, tem histórias e nessas conversas escritas, a Neide vai semeando um Brasil para os brasileiros e para o mundo, seja em Uauá, no Senegal, nas ruas de São Paulo ou nos quintais de Acrelândia: tudo se come, basta ter conhecimento e vontade de experimentar. Além disso, é dessas pessoas de se gostar na hora, tamanha a simplicidade. Eu não sabia ainda disso quando mandei um e-mail, na visita do ano passado e me dispus a ir até Acrelândia, em um domingo de sol, para conhecê-la. O maridinho, é claro, companheiro de aventuras, foi junto.

Passamos umas horas agradáveis a falar de comida e nos reencontramos em São Paulo, onde eu e Marcos fomos a convite da Neide para um piquenique entre amigos, frequentadores de uma praça no bairro da Lapa, perto da casa deles. Levamos farinha e biscoito de castanha para o encontro mensal, com meninos correndo felizes, onde cada um leva o que sabe e o que gosta, num festival de cores e sabores (leia em www.piqueniquepertodecasa.blogspot.com/).

Neste mês, a Neide voltou ao Acre e foi direto para o interior dar continuidade ao seu trabalho no projeto. Mandou-me um e-mail e entre quase desencontros, passamos umas felizes horas regadas a pães caseiros incluindo um de cupuaçu, café, pão de milho (cuscuz) no leite de castanha, pé-de-moleque e conversa, na companhia de um time de médicas, enfermeira e nutricionistas. Já fizemos o convite para que mais na frente ela possa falar um pouco para nós do seu trabalho, que tem muito da concepção sustentabilista que defendemos.

Ao chegar em casa, botei a preguiça de lado e como se diz no Nordeste, não contei pipoca: resolvi fazer uma das receitas da Neide, o ótimo pão de jerimum (abóbora), que rende quatro unidades e dura bastante na geladeira. Para acompanhar, um chutney de manga, uma espécie de geléia agridoce, do livro da Vera Saboya, Ateliê Culinário para Viagem, da Zahar Editora.Terminei à meia-noite,  com um cheirinho dos deuses dentro de casa. Faça, é muito bom!

Ingredientes

Para o pão (Pão de Moranga Cabochá e Nozes da neide Rigo - adaptado)

10g de fermento seco para pão
1 1/2 xícara de chá de água morna
1 colher de sopa de sal
3 colheres de sopa de açúcar
1 ovo
500g de abóbora japonesa cozida (usei jerimum da região), fria, cerca de 2 1/2 xícaras de chá
1kg de farinha de trigo, mais um pouco para polvilhar os pães e para as assadeiras
100g de manteiga em pomada (amolecida)
200g de nozes (usei 100g de uma mistura de amêndoas, pistaches e macadâmias, mas pode ser usado castanha do Brasil, pura ou misturada com outras frutas secas, a gosto)

Modo de Fazer

Coloque numa tigela o fermento, o açúcar e 1/2 xícara de água. Após 15 minutos, acrescente o sal, o ovo, o restante da água, a manteiga, o jerimum e as frutas secas. Vá acrescentando a farinha, misturando com as mãos, até ficar uma massa macia, que desgrude das mãos. Deixe fermentar em uma vasilha coberta com um pano por meia hora ou até que dobre de volume. Retire da vasilha, amasse um pouco, separe em quatro porções, molde os pães a gosto e deixe-os crescer em assadeira untada e enfarinhada. Polvilhe farinha de trigo por cima e se desejar, faça cortes com uma lâmina afiada, para dar um formato bonito. Após terem dobrado de volume, leve-os ao forno quente por aproximadamente 10 minutos. Após esse tempo, diminua um pouco a temperatura e deixe-os por volta de 50 minutos. Como cada forno é diferente, podem acontecer variações no tempo de forno. Uma boa medida é ficar atenta ao aroma e coloração: eles devem ficar dourados e produzir um som oco ao se dar uma pancadinha no centro. (No blog da Neide há pequenas variações no modo de fazer, mas acredito que o resultado final seja parecido). Quando os tirar do forno, tire-os também da assadeira e de preferência deixe-os esfriar em um local arejado, para que não criem umidade embaixo).

Para o Chutney de Manga (Mango Chutney, adaptado)

Ingredientes

2 mangas Haden, maduras, médias, picadas
2 maçãs, sem casca, em cubinhos
7 colheres de sopa rasas de açúcar (usei metade mascavo e metade branco)
1/2 xícara de chá de passas pretas
1 1/2 xícara de vinagre de maçã
1 pedaço de 4cm de gengibre, picadinho
1 pimenta dedo-de-moça sem as sementes, picadinha
1 pedaço médio de canela em pau (após o cozimento, deve ser retirado)
1 dente de alho grande, picadinho
1 pitada generosa de sal marinho

Modo de Fazer

Coloque as frutas e os demais ingredientes em uma panela média, de fundo grosso. Cozinhe em fogo brando, mexendo de vez em quando, sem deixar queimar, até virar uma geléia com pedaços de frutas. A depender da acidez, pode ser necessário acrescentar um pouquinho de água e ainda, 2 ou 3 colheres de açúcar. Acondicione ainda quente em pote lavado e esterilizado e conserve em geladeira.







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