domingo, 18 de maio de 2014

PEIXE DO MEU JEITO






O peixe pronto para servir e as etapas de preparação, além do colorido de legumes e verduras...


Amanheci neste domingo um pouco cansada e sem muita vontade de cozinhar, o que é bem difícil de acontecer. Marido dormindo, ainda era bem cedo, coube a mim arrumar o café. Peguei os jornais, fiz meu chá e uma tapioca e as ideias começaram a tomar forma, ainda preguiçosas. O sol começava a dar o ar da graça, forte como ele só. Precisava ir à casa da minha mãe fazer uma visitinha e pegar um açaí de Feijó, que meu querido irmão Michel havia trazido para nós.

A preguiça começou a querer me segurar pelas pernas e braços. Passei o dia inteiro ontem numa atividade prazerosa, mas cansativa e portanto, a ideia de cruzar a cidade, ainda que por uma boa causa, estava me paralisando. Pensei cá com meus botões: no meio do caminho tem o mercado. No mercado, um mingau quentinho, com bastante canela. Tem as pimentas, o abacaxi maduro, enfim...consegui sair. Deixei marido dormindo, prendi no bagageiro minha natural tendência de comprar quilos e mais quilos de comida e parti.

Dona Francisca, a senhora que há vinte e cinco anos vende mingau e outros quitutes no mercado, não estava lá. Mas o seu marido, que me atendeu, explicou-me o delicado processo de botar os grãos de milho para cozinhar com castanhas inteiras, bater um pouco deles com a castanha para engrossar o caldo, misturar o leite, o leite condensado e o creme de leite. Uau, sua receita leva creme de leite?

Feiras de qualquer tipo e mercado são sempre uma festa para mim. Ali estão os mais alegres, os festeiros, os que compartilham, os que gostam de comida, dos cheiros, dos sabores, que dividem receitas e de forma anônima, se irmanam. É um tal de conversar para lá e para cá que me encanta muito. Com a barriguinha cheia, lembrei-me do peixe, que sempre compro na banca da Socorro e do Rui. No seu João, o que vende porco, já tinha comprado na semana. Mas a Socorro não tinha mais o surubim e o filhote, meus preferidos. (Leia sobre eles aqui: http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2012/05/no-parque-de-diversoes.html)

Um senhor do lado então me indicou uma banca no final do mercado. Fui até lá, mas nada do que eu queria. Mas aí um outro senhor que esperava seu peixe ser limpo me convenceu a comprar uma linda pescada, que eu nunca havia cozinhado antes. Tão convincente se fez, que saí de lá com a sacola na mão. Pimenta doce, um pouco de macaxeira fresca, couve e chicória e aí, na banca do cheiro verde umas cajaranas lindas piscaram para mim. A senhora da venda me olhou interessada: "Você já tomou suco de cajarana, couve e hortelã?"

"Nunca, respondi." Por coincidência, já tinha na sacola um lindo molho de hortelã e um maço de couve.  Resolvi ir logo na minha mãe antes que a cada banca meu cardápio mudasse várias vezes. Mas como a gulodice é o meu pecado preferido, atravessei a rua e fui comprar açaí na Casa do Açaí, que o faz fresquinho, ali na hora e provoca até fila na porta. Uma delícia com farinha de tapioca, de comer rezando. Saí da minha mãe com mais açaí, desta vez o de Feijó, reputado como o melhor do Estado, abrindo mão de um churrasquinho que estava quase pronto.

Com tanta fartura, hoje achei que nem conseguia almoçar, mas sabe como é, vai arrumando as compras, vai tendo ideias e daí resolvi fazer o peixe. Assado, inteiro, recheado de cebola, pimentas e chicória, além de umas raspinhas de limão, ficou delicioso! O homem do mercado tinha razão, pena que não perguntei seu nome para deixar aqui um agradecimento. Faça, é uma delícia e bem rápido, nem precisa de arroz!


Peixe do meu jeito

Ingredientes

01 pescada limpa, de aproximadamente 1 kg
01 cenoura crua em rodelas
01 pedaço de macaxeira grande, previamente aferventado em água e sal, em rodelas
02 batatas pequenas em rodelas
01 cebola média picada
05 folhas de chicória (na falta, use cebolinha e coentro picados)
04 pimentas vermelhas doces picadas (essa pimenta não arde. Na falta, use pimentão vermelho picado)
1/2 limão siciliano, raspas e suco
03 dentes de alho pequenos, picados
Sal e azeite a gosto

Modo de fazer

Lave o peixe, esprema o limão e passe por toda a superfície. Passe um pouco de sal por fora e dentro do peixe. Deixe uns quinze minutos, lave bem, enxugue e tempere com sal normalmente, a gosto. Numa assadeira, coloque um fio de azeite. Arrume as rodelas de cenoura, macaxeira e batata lado a lado. Polvilhe um pouco de sal e mais um fio de azeite. Por cima arrume o peixe já temperado. Abra a cavidade dele e coloque a chicória picada, a cebola, a pimenta e as raspas de limão, fechando da melhor forma. Coloque um pouquinho mais de azeite por cima do peixe, cubra com papel laminado e leve ao forno pré-aquecido por uns quinze minutos. Após esse tempo, retire o papel, deixe mais uns quinze minutos ou até dourar. Sirva com os legumes assados, ou se desejar, complete com arroz branco. Acompanhe com o suco de cajarana, hortelã e couve, um luxo!    


Suco de cajarana, hortelã e couve

Ingredientes

01 cajarana madura, descascada e cortada em pedaços
01 folha de couve pequena
05 a 06 ramos de hortelã, com os talos
02 colheres de sopa de açúcar, ou a gosto
01 copo de água, ou a gosto
Gelo (opcional)
Folhas de hortelã para enfeitar

Modo de Fazer

Bata todos os ingredientes no liquidificador, à exceção dos raminhos de hortelã para enfeitar. Coe e sirva gelado. Delicioso!





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Casa do Açaí - em frente ao estacionamento do Varejão Popular, próximo ao mercado. Tel: 9968-5184 e 9919-6386

domingo, 4 de maio de 2014

RISOTO À MINHA MODA




O risoto, fumegando, pronto para comer...


Meu filho mais velho está por aqui, passando uns dias em casa. O que ele me dá de conselhos sobre a minha saúde e a necessidade de fazer exercícios, me acompanhando nas caminhadas, devolvo em comidinhas, é claro. Ele já tem um caderninho, onde anotei as receitas que ele mais gosta. Ele sabe fazer um ótimo café, mas tirando o Miojo, que ele faz nas horas de aperto, por enquanto o caderninho está só no enfeite.

Mas, ele agora está disposto a mudar, assim como eu a corrigir o meu sedentarismo. E já acena com a próxima receita do caderninho, o quibe de bandeja que ele devorou de um dia para o outro, não sem antes elogiar bastante. Ele já me disse que algumas pessoas nasceram para comer e outras para cozinhar, mas agora parece que ele quer mudar de time. Ainda bem. O mais novo é mais objetivo: já sabe fazer café e bife e adora o arroz com alho que eu faço. Como vai morar só, já combinamos umas aulas. Certo é que os dois, de tanto serem cobaias, ficaram mal acostumados com a mãe, a lhes colocar biscoitos e bolos, pães caseiros, geléias e tortas, macarrões e sopas, cozidos e bifes pela frente. A sorte é que por enquanto, os dois ainda tem barriga zero, o que me provoca uma inveja danada...

Por isso, quando fiz esse risoto para aproveitar as sobras da costela cozida no dia anterior (veja a receita em http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2014/04/o-que-nao-se-ve-do-iceberg.html), o mais velho se deliciou. Não só ele, mas eu e meu marido devoramos o prato inteiro. O diferencial, além do caldo saboroso e cheio de tempero, foi a presença da chicória, que fez uma diferença enorme no sabor. Optei por não colocar vinho branco, manteiga nem queijo, os acompanhantes tradicionais de quase todas as preparações de risoto, para não brigar com a chicória. O resultado foi um prato aromático, delicioso, que foi muito bem acompanhado pelo suco de cupuaçu fresquinho, outra das paixões do meu filhote mais velho.


Suco de cupuaçu bem fresco, delicioso!


Vale a pena fazer uma bela costela ou mesmo agulha usando os temperos do link acima e no dia seguinte, usar a sobra (se houver) para um belo risoto. Aproveite!

Risoto à minha moda 

Ingredientes

01 xícara de arroz italiano para risoto (arboreo ou carnarolli), sem lavar (caso use outro arroz, diminua o tempo de cozimento e coloque o caldo de uma vez, sem mexer muito)
01 xícara (aproximadamente) de sobras de costela ou agulha cozida (veja receita no link acima), desfiadas
Caldo restante com ossos e água até completar mais ou menos 01 litro, ou um pouco mais, se precisar
02 dentes de alho picados
1/2 cebola branca picada para a carne
1/2 cebola branca picada para o risoto
04 folhas de chicória picadas para a carne e mais 02 folhas picadas para enfeitar os pratos
Azeite
Sal e pimenta, caso necessário






Modo de fazer

Numa panela, coloque os ossos que sobraram após desfiar a carne, o caldo já desengordurado (o que se consegue colocando-o na geladeira e descartando a gordura que se forma na superfície) e água até completar um litro ou um pouco mais. Deixe ferver em fogo baixo e prove, para ver se precisa de um pouco de sal ou pimenta. Mantenha em fervura baixa. Numa outra panela, coloque duas a três colheres de sopa de azeite, o alho picado e a cebola picada. Deixe refogar um pouco, acrescente a chicória e a carne e mexa bem. Após dois ou três minutos, acrescente quatro colheres de sopa do caldo da carne, misture e apague o fogo. Reserve. Em outra panela, acrescente quatro colheres de sopa de azeite, meia cebola picada e deixe refogar bem, mexendo para não queimar. Acrescente o arroz e mexa mais um pouco. Comece a acrescentar o caldo, de meia em meia xícara, aproximadamente, mexendo bem após cada adição e não deixando secar em nenhum momento. O arroz italiano vai soltando amido devagar e após 20 minutos, aproximadamente, em que se vai acrescentando o caldo e mexendo, ele deverá estar quase pronto, ainda bem firme, mas com um caldo cremoso em volta dos grãos. Prove de vez em quando o ponto do arroz. Ele deverá estar firme, não mole. Acrescente toda a carne e mais um pouco do caldo e mexa bem. Caso o arroz esteja no ponto, ou seja, firme à mordida, al dente, desligue o fogo, tampe a panela e aguarde por alguns minutos. Sempre prove e ajuste o sal e a pimenta, se necessário. Coloque as porções em pratos fundos, decore com um pouco de chicória e um fio de um azeite especial e sirva. Acompanhe, caso queira, com suco de cupuaçu ou um vinho que combine. Bom apetite! Aqui em casa, rendeu três porções! 


O risoto fumegante no prato, que até sombreou a foto...

Meus pequeninos pés de chicória, para uma emergência...

Para o suco de cupuaçu

Polpa fresca, mais ou menos 01 xícara
água, açúcar e gelo a gosto

Modo de fazer

Coloque tudo no liquidificador, bata bem e sirva


QUEIJINHO FRITO

Queijo frito, pronto para servir...


Nem sempre consigo boas fotos para ilustrar um post. Uso uma máquina simples e nenhuma iluminação especial. Mas, na foto aí de cima, dei uma iluminada via computador para ver se podia aproveitá-la melhor antes que o objeto, ou melhor, o queijo, fosse devorado. Meu filho mais velho, assim como eu, é louco por queijo. A diferença é que estou sedentária, enquanto ele faz academia rotineiramente, mas já comecei a caminhar aqui no Parque do Tucumã, perto de casa. Com o visual maravilhoso de fim de tarde, dá para consumir umas calorias a mais sem tanto peso na consciência!

Para minimizar o prejuízo, uso uma frigideira anti-aderente, que evita o uso de gordura adicional. Esse queijo foi comprado no Mercado do Bosque, na banca do Ari, que está há "apenas" trinta e três anos no local. Como ele mesmo diz, uma vida! Ele vende queijos, galinha e ovos caipiras, açaí, frutas frescas, verduras, farinha, mel e bananas, entre vários outros produtos. Sua banca tem aquele colorido caótico de tudo junto e misturado, mas se quiser, você pode encomendar esta e outras delícias direto com ele, que lhe avisa quando os produtos estiverem por lá.

Comprei desta vez dois tipos de queijo, mamão e tangerinas lindas e suculentas. O mamão veio do Ramal do Açaí e a tangerina, do Ramal do Paulista, ambos na Vila do V, aqui pertinho. Os queijos vieram de dois produtores diferentes e são absolutamente deliciosos. Fritos para acompanhar o café, no baião de dois, cortado em cubinhos e feito à milanesa para tomar com a cervejinha da sexta, não tem para ninguém. Frescos, com um pouco da ótima geléia francesa de rosas, que você compra ali na Cia. do Marisco, são uma perdição. 


Os queijos frescos: pela ordem, o da dona Maria, mais cremoso e o do seu Damião, mais firme...

Uma fatia de cada, acompanhados da suave geléia de rosas da Cia. do Marisco

A geléia, bem suave...

Voltando aos queijos vendidos na loja do Ari, o redondo vem de uma produtora "...lá na BR", segundo ele, chamada dona Maria. Ele é macio, pouco salgado e quando frito, forma uma crostinha tentadora, mantendo o interior bem cremoso, com sabor forte de leite. O outro queijo vem em peças quadradas e é vendido a granel. É de um produtor chamado seu Damião, de Porto Acre. O que comprei também tinha sal na medida e estava ligeiramente mais firme. Ambos são queijos frescos que podem maturar em casa, ficando mais firmes, mas são deliciosos, o que mostra que a produção local tem aumentado, melhorado e se espalhado por vários locais do Estado. 

Para acompanhar o pão integral, não tem melhor. E é tão simples de fazer que o único trabalho é ir comprar o queijo, fatiá-lo grosso e colocá-lo na frigideira quente. Quando formar a crosta, basta virar com espátula, deixar formar a casquinha do outro lado e...comer rezando, porque é muito bom!


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Para saber mais:

Loja do Ari: Mercearia Araújo, na entrada do Mercado do Bosque, em Rio Branco, Ac. O dono, Ari ferreira, está há 33 anos no local e vende vários produtos regionais, frutas e verduras, açaí, goma de tapioca e muito mais.

Cia. do Marisco: acesse https://www.facebook.com/CiaDoMariscoAlimentos - frutos do mar, especiarias, geléias, chocolates, cervejas especiais e vários itens deliciosos.