domingo, 29 de setembro de 2013

COSTELA ASSADA NO VINHO



Costela já pronta e antes, ainda com os temperos...


Não vou falar de saudade, mas os filhos crescem e chega a hora de alçar vôo. Quando dá sorte de o vôo ser por perto, tanto melhor, mas meu pequeno grande menino ficará a alguns milhares de quilômetros de distância. Mas, longe dos olhos, perto do coração e apesar da saudade antecipada, sei que amor maior é deixar voar. Serei sempre grata aos meus pais quando me vi em situação semelhante e passei longos vinte anos longe deles. 

E por enquanto, trato de alimentar o garoto, para que ele possa voltar logo. Vocês sabem, estou entre uma mãe judia e uma italiana com relação a alimentar os filhos. O mais novo é muito mais enjoado: arroz, prefere o branco e feito na hora. Nada de comida requentada para ele. Aproveitamento de sobras, só se ele não perceber, senão prefere cozinhar um Miojo. Sopa, não toma, só fora de casa. Bolo, se for de cenoura com chocolate, ele arrisca umas fatias. Caso contrário, troca minhas invenções com geléia caseira por um belo bolo de padaria, fazer o quê? Minha esperança é que a adolescência acabe logo ou eu desista, o que vier primeiro.

Já o mais velho é uma formiguinha, puxou à avó materna. Bolos, tortas, biscoitos, cremes, geléias, ele não perdoa nada. Brigadeiros e brownies, tortas de limão e de maçã, tudo que sai da cozinha ele come com prazer. Ele e meu marido fazem o sonho de qualquer cozinheira, estão sempre prontos a experimentar e aprovar. Meu mais novo está no stress pré-Enem. estudante aplicado, quer fazer Medicina. Mas atualmente troca o dia pela noite e por causa disso, me vi fazendo bifes e arroz branco às dez da noite de ontem.

Tudo para que ele pudesse comer, pois na minha visão de mãe mezzo judia, mezzo italiana, o menino passa fome. Bom, para encurtar a história, minha memória especial que não me permite esquecer números mas é uma nulidade para objetos me fez deixar o celular no supermercado, prontamente recuperado pelo meu amigo Rodrigo Forneck. Vai que quando fui buscar o distinto aparelho, sua esposa e minha querida amiga Juciele estava a postos com algumas delícias, entre elas uma farofa de banana comprida. 

Provar a farofa acendeu minha vontade de comer banana frita e na hora de fazer a comida, um pouco depois, ao colocar as bananas na frigideira, tomei também um banho de óleo quente nos dedos. Precavida com meus descuidos, já deixo preparada uma pomada, mas mesmo assim o pão prometido para a gravidinha Ju terá que esperar um pouco mais. Conto toda essa história aqui para explicar a mudança de planos e de cardápio para o almoço.

Eu já havia cortado e temperado umas costelas de boi, antes do pequeno incidente. E em vez de fazê-las cozidas na panela de pressão ou mesmo assadas lentamente na brasa, segui as orientações de outro mestre das panelas, o chef Gordon Ramsey. Hoje de manhã, refoguei-as na própria assadeira com um pouco de azeite e molho de tomate caseiro, selei-as, acrescentei vinho tinto e na falta de um bom caldo de carne, coloquei água temperada com sal e pimenta. Duas horas e meia depois, a carne estava muito macia, deliciosa, pronta para comer com arroz e umas batatas. Aproveite, é rápido, barato e o cheiro invade a casa toda sem perdão. Bom apetite!

P.S: o mais velho já devorou um prato inteiro!

Costela de Boi no forno
(Adaptada da receita de Gordon Ramsey)

Ingredientes para a costela

Costela de boi com osso, já cortada, sem lavar (aproximadamente 700 a 800 g)
Alho inteiro, com casca, a gosto (depois de assado no molho, fica ótimo para comer)
Sal e pimenta do reino moída na hora, a gosto
Meia xícara de molho de tomate caseiro ou comprado pronto
02 colheres de sopa de vinagre
Vinho tinto seco
Água temperada ou caldo de carne  

Molho caseiro de tomate

02 colheres de sopa de azeite
01 lata de tomates pelados, com o líquido
02 dentes de alho cortados ou amassados
raminhos de alecrim ou manjericão
sal a gosto e açúcar para equilibrar a acidez (01 a 02 colheres de sobremesa, aproximadamente)

Modo de fazer

Para o molho de tomate

Numa frigideira, refogue rapidamente o alho no azeite. Acrescente os tomates e amasse-os com um garfo. Coloque o alecrim ou manjericão, o sal e o açúcar, caso fique muito ácido. Deixe ferver um pouco e use. (Essa quantidade é suficiente para colocar na costela e usar em uma massa, se desejar).  

Para a costela

Numa tigela, tempere previamente os pedaços de costela com sal, o vinagre, um pouco de azeite, pimenta do reino a gosto e dentes de alho cortados na metade, com casca. Se for possível, deixe pegar gosto por algumas horas. Numa assadeira, coloque um pouco de azeite, espalhe os pedaços de costela, o alho cortado e deixe no meio um espaço para colocar o molho de tomate. leve ao fogo e sele os pedaços de carne, juntamente com o molho de tomate. Após, despeje vinho e caldo de carne ou a água preparada até 3/4 da carne. Cubra com papel alumínio e leve ao forno por aproximadamente 2h 30 minutos, ou até ficar bem macia. Na metade do cozimento, tire do forno, vire os pedaços e veja se precisa de um pouquinho mais de água. retorne ao forno, sempre cobrindo a assadeira com o papel alumínio, até ficar macio. O forno deve estar em temperatura baixa, em torno de 160 graus. Para servir, pode colocar os pedaços de costela em uma travessa e coar o molho numa peneira, amassando os dentes de alho junto e regando a carne com essa mistura ou simplesmente colocar a assadeira na mesa, acompanhada de batatas cozidas e arroz. Uma delícia!

domingo, 22 de setembro de 2013

DIA DE CORDEIRO

As costeletas com a polenta...

O carré depois de pronto, aguardando o corte para ser servido...


O carré na marinada...



Prometo que ainda faço um curso de fotografia ou melhoro as fotos com as dicas dos amigos e amigas super-poderosas feito a Val Fernandes, o Diego Gurgel, a Talita Oliveira e a Rose Farias, prima querida. Enquanto isso, cabe a vocês acreditar que este lindo carré aí de cima ficou tão bom, que mesmo sem pretensão, resolvi postá-lo por aqui.

Graças ao aumento de investimentos do nosso Governo na área de ovinocultura, já podemos chegar nos supermercados locais e comprar cortes diversos de cordeiro, prontinhos para temperar, assar e servir. Ou fazer um belo ensopado ou o que mais a imaginação mandar. Por isso, quando olhei uns pacotes com esses carrés no ponto, não hesitei em comprar para experimentar. Claro, sempre se pode ir ao mercado ou ao seu criador de confiança e encomendar um belo carneiro caipira, digamos assim. 

Mas este provou ter sabor e praticidade e virarei freguesa. Segundo o mestre István Wessel, um dos maiores especialistas em carne no Brasil, a peça de cordeiro da forma como está nas fotos chama-se carré. Após o preparo e o corte, vira costeleta de cordeiro, que pode ser servida com acompanhamentos diversos. Segui as orientações dele para o preparo, o que resultou em costeletas úmidas, servidas com uma polenta fresquinha, salteada em chapa de ferro, uma delícia. Apesar do domingo ser reservado à massa aqui em casa, o que seria da regra se não tivesse uma exceção? Aproveite e bom apetite!

Costeletas de cordeiro com polenta

02 carrés prontos para o tempero, embalados a vácuo, descongelados ou a mesma peça fornecida pelo seu açougueiro
Azeite a gosto
Sal e pimenta moída na hora
Alecrim a gosto, fresco (se não tiver, use o seco)
01 taça de vinho tinto seco
Alho amassado a gosto
01 colher de sopa de vinagre de vinho tinto
3/4 xícara de farinha de milho para polenta
01 colher de sopa de manteiga
3 1/2 xícaras de água
01 colher de chá de sal ou um pouco mais se desejar

Modo de Fazer

Para o cordeiro

Descongele a carne e arrume-a em um pirex. Numa tigela menor, misture o vinho, o sal, a pimenta, o vinagre, o alho e uma a duas colheres de sopa de azeite. Bata para misturar bem, derrame sobre a carne, virando-a para que o tempero penetre por igual. Acrescente o alecrim e vá virando os carrés de vez em quando, por aproximadamente 30 minutos. Após esse tempo, coloque um pouco de azeite em uma assadeira, envolva os ossos dos carrés com papel alumínio e coloque-os com o osso para baixo, reservando o líquido da marinada. Polvilhe um pouquinho de sal e leve-os ao forno pré-aquecido, a 220 graus, por 10 minutos. Retire do forno, vire-os,  regue-os com uma parte do líquido da marinada e torne a levá-los ao forno por mais dez minutos. Regue novamente com a marinada, veja se a carne está firme ao toque e deixe por mais cinco minutos. Não deixe passar do ponto. Retire do forno, deixe descansar por cinco ou dez minutos, corte entre os ossos com uma faca afiada para formar as costeletas e sirva com o acompanhamento de sua preferência. Na assadeira, coloque duas a três colheres de água e leve ao fogo, para aproveitar todo o molho. Deixe ferver e peneire por cima das costeletas, na hora de servir.

Para a polenta

Numa panela de fundo grosso, despeje a água e a farinha de milho e mexa bem, para dissolver todos os grumos. Ligue o fogo, acrescente o sal e a manteiga e mexa sem parar, até aparecer o fundo da panela. Despeje em pirex ou tábua untados e espere esfriar um pouco. Numa chapa de ferro, coloque azeite e deixe esquentar bem. Corte os pedaços de polenta e deixe saltear um pouco. Sirva com as costeletas. Bom apetite! 

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Para maiores informações: 

Frigorífico Annasara - cortes nobres - (68) 32282191/e-mail: frigorificoannasara@hotmail.com

Para acompanhar:

Carneiro - Ednardo - ouça em http://www.youtube.com/watch?v=WpXAqyNKvpE

terça-feira, 17 de setembro de 2013

FORTALEZA...


Cozido delicioso na casa da tia Néca

Com meu primo Markito no mercado São Sebastião

Castanhas em diversos tamanhos no mercado Central

Frutas e legumes no São Sebastião

Pastelaria Leão do Sul no centro, desde 1926

Praça do Ferreira, centro

Pastel de queijo e caldo de cana no Leão do Sul

Sapotis e romãs no centro

Romãs

Acerola e peras nas bancas do centro

Goiabas, cajus e tangerinas
Castanhas no mercado Central


Manteiga, cachaças, doces no mercado Central


Catedral no centro, linda

Corredor no Dragão do Mar

antiga agência da Caixa, a Pessoa Anta, onde trabalhei muitos anos, agora um Centro Cultural

Amigos queridos degustando a entrada do jantar

O molho da massa

A placa do Passeio Público, restaurado

Passeio Público, centro

Praia do Futuro de manhã
Amigos no restaurante vegetariano da Marília, o Sabores Orgânicos, que tem também uma pequena mercearia

Joana, eu e sua mãe Artemisa, família querida

O brinde que teve até a dona Helena, matriarca da família Alencar e os queridos Valter, Clásia, Cleide, Rosa Eulália (minha anfitriã), Marcos e Roza 

Roza, eu e Milena no brinde de dois dedos


Passei a última semana numa curtinha e necessária mini-viagem de férias em Fortaleza, terra em que morei por quase vinte anos e que me deu, entre muitos e queridos amigos, dois lindos e amados filhos. Não tirei todas as fotos que quis porque essa modernidade de viver o momento presente e ao mesmo tempo registrá-lo para a posteridade é para os poucos e bons ou para quem, como meus filhos, já nasceu quase ligado no computador ou no facebook. Não é o meu caso.

Mesmo assim, quando não esqueci de registrar, deu para guardar na memória os muitos momentos gostosos dessa pequena viagem. Fortaleza, esquecendo o trânsito difícil, a violência e todos os problemas comuns a uma metrópole, continua com seu mar azul e convidativo e a brisa mais fresca que se pode querer. Para quem saiu dos quase quarenta, vinte e cinco graus é uma benção. Uma caminhada na areia da praia olhando para o horizonte, com os pés mergulhados em água gelada, não tem preço. 

Não fiz viagem de turista. Aproveitei para rever velhos amigos, uma parte da minha família, descansar e comer. Nem fui no camarão à beira-mar, que se compra cru e se frita ali mesmo, para comer se lambuzando. Também não deu tempo de voltar à praia e comer caranguejo cozido até me empanturrar. Fortaleza é uma cidade para muitos dias. Precisa ser aproveitada com calma, fora do meio turístico, para ir descobrindo seus encantos todos. 

Mas não deixei de ir ao centro e me deliciar com as barracas de frutas da terra, misturadas às maçãs e peras de sempre. Sapoti, caju, romã, cajá-umbu que eu comi sem lavar, fazendo careta mas mergulhando em sabores muito especiais. O  velho Leão do Sul de frente para a Praça do Ferreira, desde 1926 servindo o melhor pastel da cidade. Tinha eu acabado de almoçar, mas pedi perdão dos pecados e ataquei sem pena um pastel de queijo macio e um caldo de cana tirado na hora e apenas na hora em que meu pastel ficou pronto.

Perguntei ao vendedor quantos pastéis saíam dali todos os dias: "Em dias normais, uma média de 900, 900 e pouco." A lanchonete, muito simples, vive permanentemente lotada e todos os dias saem entregas de trinta ou quarenta deles para empresas ali por perto. Na parede, uma placa informa que a azeitona do pastel tem caroço. É a conhecida capacidade do cearense de fazer humor, se não para prevenir um dente quebrado, pelo menos para dar legitimidade à comida.

Também passei no Mercado Central e tomei uma água de coco olhando o movimento. Fui ao Passeio Público, agora restaurado, cheio de plantas e guardas gentis que não se incomodaram em tirar algumas fotos num fim de manhã ventilado e cheio de sol. 

Minhas fotos estão misturadas de propósito, sem compromisso. Foi mais ou menos a forma como decidi passar esses dias. Do delicioso cozido iniciado por meu primo Markito e finalizado pela minha tia Néca, ao suco de cajá e ao açaí tomados no mercado São Sebastião, onde fui matar as saudades, comprar nata fresca e manteiga da terra. Além do mais, garantir a paçoca feita no pilão para comer com fatias de banana. 

Ainda tive um almoço delicado com um feijão verde delicioso, entre outros pratos, preparados pela querida Artemiza, mãe da minha norinha Joana, essa moça bonita de longos cabelos negros aí de cima. Comida vegetariana no Sabores Orgânicos, sopa de mariscos no Babette, almoço no La Pasta Gialla, pizza fininha na Vila Mosquito, sorvete na 50 Sabores, café, bolo, pão, peixe e uns trezentos quilos depois, uma saudade imensa. 

Não sou saudosista. Vivo o presente, mas não deixo de olhar nunca para trás. Assim eu sei de onde vim e para onde vou. Assim agrego no meu coração mais pessoas importantes. Às vezes, uma ou outra tromba de frente, mas aprendi a dar a volta antes do choque. Quando não dá tempo, é sacudir a poeira e dar a volta por cima. Faz parte. 

Para que você não deixe de aproveitar um pouco dessa comilança, aí vai uma adaptação de um molho que era servido em um restaurante de comida italiana aqui no Acre, cujo nome não lembro mais. Comi, gostei e pela descrição do prato, vai aí a versão. Meus amigos adoraram e terminaram a noite levando potes do molho para casa. No final, peras cozidas em calda de água e açúcar servidas com ganache de chocolate e bolo. Na entrada, minestronne e abóbora assada com noz moscada, pimenta e sal, além de azeite. Claro, exagerei na dose, basta a massa para dar conta da fome, mas eles foram guerreiros e comeram de tudo!

Molho de tomate e gorgonzola

Ingredientes

03 dentes de alho amassados
02 colheres de sopa de cebola branca picada
03 colheres de sopa de azeite
350 g de queijo gorgonzola de boa qualidade
120 g de queijo parmesão ralado na hora
2,3 kg de tomate maduro, sem a pele (você também pode usar tomate pelado em conserva)
04 ramos grandes de manjericão fresco, ou a gosto
01 pitada de pimenta do reino moída na hora
02 colheres de sopa de manteiga
Azeite e  sal a gosto
Açúcar para corrigir a acidez, caso necessário
1 kg de espaguete (pode ser usada uma outra massa)

obs: caso faça para menos pessoas, reduza as quantidades proporcionalmente

Modo de fazer

Coloque uma panela grande com água para ferver. Mergulhe rapidamente os tomates, retire-os, mergulhe-os em água fria e puxe a pele com cuidado. Eu deixo as sementes, mas se quiser pode retirá-las. Em outra panela, coloque as colheres de azeite e o alho amassado. Deixe fritar um pouco sem queimar e acrescente a cebola, refogando um pouco. Acrescente os tomates, uma pitada de sal e de pimenta e deixe cozinhar na própria água que eles vão desprendendo. Coloque as folhas de dois ramos de manjericão, ajuste o sal e se estiver muito ácido, coloque duas a três colheres de sopa de açúcar. Mexa, prove para ver se não precisa ajustar e deixe cozinhar até o tomate ficar bem macio. Se ele não desmanchar, passe-os rapidamente no liquidificador sem o caldo e volte-os para a panela até que fique um molho grosso. Desligue o fogo, coloque o queijo gorgonzola em pedaços pequenos e mexa até derreter. Coloque as duas colheres de manteiga e mexa. Acrescente algumas folhas de manjericão e reserve o restante para a decoração. Cozinhe a massa em água com sal, sem óleo. Coloque porções nos pratos, despeje o molho e polvilhe queijo parmesão a gosto. Enfeite com o manjericão. Caso utilize o tomate pelado, ajuste a quantidade para o número de latas necessárias e proceda da mesma forma. Bom apetite! 

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Uma das minhas músicas mais queridas, aqui na interpretação de Teti e Ednardo, com Petrúcio maia ao piano. Lupiscínica, de Petrúcio Maia e Augusto Pontes, em disco de 1979. Linda, linda!

Ouça aqui: http://www.youtube.com/watch?v=FMBAaE7M71k

Outra de minhas queridas, na sempre bela voz de Ednardo, composição de Petrúcio Maia e Fausto Nilo. Dorothy Lamour, gravação de 1974. Imperdível!

Ouça aqui: http://www.youtube.com/watch?v=dhVF7Y8iW8I