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O rocoto, picante e delicioso... |
Voltei para o Acre há uns sete anos, após ter vivido por quase vinte em Fortaleza e há muito tempo estava nos planos conhecer os vizinhos. Fui à Cobija
(Bolívia) algumas vezes, pelo passeio e para comprar bugigangas, que ninguém é de
ferro. Nesta pequena cidade, ligada ao Departamiento
de Pando, o atendimento costuma ser meio brusco e pouco simpático. Na verdade, mais afugentam que acolhem, com uma ou outra
exceção.
É óbvio que isso não vale para
todos os bolivianos, mas culturalmente
estamos meio que acostumados com o comportamento dos que convivem conosco de
forma mais constante. Por causa disso, meio cismada, resisti um pouco aos frequentes
convites para chegar um pouquinho mais longe e visitar o Peru. Aquele
preconceito básico e arrogante que fica tão escondido que às vezes o negamos até para nós mesmos.
Não vou repetir aqui aquela
máxima de que se arrependimento matasse, estaria já eu bem durinha. Após um
longo e cansativo ano, à beira de um ataque de nervos, combinamos eu e o Marcos de ter uma pequena lua-de-mel. E aí, para não repetir cantinhos
charmosos e já visitados, juntei a fome com a vontade de comer e com o apoio de
uma querida amiga, a Karla Martins, verdadeira
incentivadora dos casais apaixonados, compramos a passagem.
A essa altura, os amigos que já
conheciam Lima ou Cuzco, ou Arequipa, ou Puno, começaram a nos falar das
belezas do Peru, da comida, da tranquilidade...o tempo passou, mas não havíamos
ainda organizado a viagem, não tínhamos hotel nem sabíamos ainda o que iríamos
fazer por lá. Foi aí que entraram em cena mais dois anjos da guarda, mais anjos do que guardas, pois nos ajudaram em todo o detalhamento da viagem: o
Bosco e a Maida, donos de uma agência de viagens itinerante e personalizada, a Maanaim.
Itinerante porque vai onde o
cliente está e fomos atendidos em casa, às dez horas da noite, hora possível
para a agenda de quem vive correndo, nós e eles. Personalizada porque você diz
o que quer e eles montam uma viagem tão gostosa que já estou até mesmo pensando
na próxima. Fizemos programa de turista e os nossos programas.
Em Lima, conhecemos
museus, praças e mercados. Fomos a restaurantes e cafés históricos. Visitamos
um cassino de manhã cedinho , ainda vazio mas não menos bonito (ganhei 7 dólares). Feirinha de
antiguidades, comida de rua e até mesmo uma troca de armas no Palácio do Governo com o fundo musical
de Carmina Burana.
Fomos ao Centro Histórico de
Lima, cheio de praças floridas, palácios e um hotel, o Bolívar, onde um belo
Ford Bigode está exposto no salão principal. Turistas chegam em bandos com suas
câmeras fotográficas, desejosos de levar pedacinhos de história, mas Lima não é
só para ver: principalmente, Lima é para sentir. Desacelerar. Fiquei tão encantada,
que ainda estou retornando aos poucos para minha cidade e para a correria do
dia a dia.
E a comida? Ah, a comida...Gaston
Acurio, o chef mais conhecido do Peru, lançou
a comida peruana para o mundo. Hoje os ceviches
e tiraditos fazem bonito por onde passam. As
influências chinesas estão por toda parte, nas inúmeras chifas, restaurantes populares presentes em todos os distritos de
Lima. Mas tem a comida criolla, com
seus cozidos e feijões, tem os mais de 3.000 (você não leu errado) tipos de
batatas, os inúmeros tipos de milho...tem uma batata para acompanhar a acidez
do ceviche, tem uma que é só água para o cozido, tem uma de duas cores que se
come frita com casca e nó, tem... Vá para Lima, correndo!
E tem o drinque onipresente de
lá, o pisco sour. Feito com um
fermentado de uva, o pisco é acrescido de açúcar, limão e clara de ovo. Dá
vontade de beber como suco, de tão gostoso, mas como não tenho hábito, fiquei
quase embriagada com um só...delicioso! No hotel em que nos hospedamos, tivemos
além da gentileza habitual, uma deferência: como fiz questão de conhecer a
cozinha, o chef em pessoa nos acompanhou, mostrando todas as praças e a
produção dos pães, biscoitos e bolos. À chef patissierère Valéry e ao chef Rafael
e toda a equipe, simpaticíssimos, nossa eterna gratidão.
Poderia passar muito tempo
falando da emoção de conhecer uma cultura irmã, riquíssima, milenar, mas penso
que não poderei reproduzir a contento a felicidade que tivemos. Deixo algumas
fotos para que vocês se sintam tentados e como eu, arrependida de não ter ido
antes.
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Os chilles, pimentas secas... |
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O suco amarelo é de lúcuma, uma fruta diferente e adocicada, com gosto de caramelo... |
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Vista do avião, na chegada... |
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A gorjeta tem um nome engraçado... |
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Miraflores, o bairro onde ficamos, ao entardecer... |
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Show típico... |
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O ford bigode exposto no Hotel Bolívar... |
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Sobremesa onipresente, à base do milho roxo, muito comum no Peru... |
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Pimentas picantes no mercado... |
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Frutas diferentes e deliciosas no hotel... |
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Centro de Lima... |
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Idem |
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Suspiro limenho, delicioso... |
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Flores em todas as praças... |
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Café da manhã no hotel... |
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Passeio em Miraflores... |
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As fotos acima são nos mercados da cidade... |
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No restaurante La Mar, de Gaston Acurio, uma entradinha básica e enorme... |
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Os molhos prontos no mercado, para temperar aves, carnes e peixes e o que mais a imaginação mandar... |
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Banana comprida (ou da terra) verde frita, aperitivo... |
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No museu... |
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O pisco sour... |
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No museu... |
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Milho frito, delícia do La Mar... |
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Centro de Lima... |
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Cachorrinho vestido para ganhar uns cobres para o dono... |
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Sapota, fruta doce servida em Puerto Maldonado... |
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Centro de Lima... |
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Viagem realizada em abril/2013, para Lima,Peru
Alguns endereços:
Maanaim Turismo: www.maanaimturismo.com - tel: 55 (68) 9971-3232/9214-7131/8119-4422
Hotel Marriot, Lima - veja em www.marriot.com
La Mar Cebicheria - veja em http://lamarsf.com