domingo, 25 de novembro de 2012

O VELHO DO RIO

O filé do Meirelles, com cogumelos e vinho tinto...
                                    
   
Estive nesta semana na abertura do III Festival Pachamama - Cinema de Fronteira, no Cine Teatro Recreio, em Rio Branco, Acre, Brasil. Artistas, produtores culturais, escritores, cineastas, fotógrafos, músicos, cantores, ativistas, índios, público em geral, crianças, irmãos bolivianos, peruanos, chilenos, argentinos, brasileiros, por que não? Uma grande mistura, um caleidoscópio de culturas irmãs, ricas, belas, profundas.

Um sonho grande do Sérgio carvalho, seu  idealizador, que também é cineasta e escritor,  e da karla Martins, atriz e produtora cultural, que fica a cada ano maior e mais bonito. O Pachamama nos mostra que é possível ser diferente e na diferença nos reconhecermos. Na sua terceira edição, mais e mais filmes, debates e uma mostra da rica cultura indígena local, com os Yawanawá entoando canções de paz ofertadas pelo cacique Bira.

É a floresta mostrando a cara. Linda cara colorida de urucum e melodia, encantando o público. Na abertura, uma expectativa e tanto: após as falas, agradecimentos e belo vídeo apresentado, com a denúncia relativa aos Guarani Kaiowá, a apresentação musical da Veronica Padrão e da Vanessa Oliveira já dava o tom do que viria em seguida: o filme Paralelo 10, com a presença do diretor, equipe técnica e de produção e os sertanistas  Txai Terri de Aquino e José Meirelles, antropólogo e sertanista que tem um trabalho de muitos anos com os índios da região. (veja o trailer oficial aqui: http://www.youtube.com/watch?v=T2XmlV205As).

Pura emoção. Pura beleza de imagens e cores. Floresta em estado bruto, vida em estado bruto. O documentário trata dos índios isolados e de como as frentes de contato da Funai mudam o seu foco e passam a ser frentes de proteção etno-ambientais com a contribuição de pessoas como o sertanista José Carlos Meirelles. Nessa cruzada ele conta com a ajuda do Txai Terri Vale de Aquino, antrópologo mais que conhecido aqui na região pelo seu trabalho com os índios. Proteger os isolados e circular permanentemente pelo rio visitando as aldeias e fazendo uma espécie de mediação com as populações ribeirinhas é a história de vida desse homem simples e forte, que tem a companhia do nosso Terri.

O filme mostra um Meirelles objetivo, cru até. É um relato de quem não tem mais que discutir o óbvio. Estar no meio da mata, levar uma flechada a qualquer momento, atolar barco em rio seco, consertar motor, fazer reunião nas aldeias...a rotina de trabalho é tão diversa quanto dura. E isso o Meirelles sabe bem: o relato meio sem paciência, de quem já ultrapassou em muito e há muito o discurso sociológico e antropológico dos bancos da faculdade é a princípio um pouco irônico.

Mas mostra a profunda solidariedade de quem vive na floresta. Mostra a alegria de receber uma bacia de peixes ainda vivos, garantia de um bom almoço. Ou um veado jovem, morto e dividido de acordo com a lei da floresta. Mas, o mesmo Meirelles de riso fácil tem a coragem de se mostrar por inteiro ao assumir a morte de um índio por pura sobrevivência, na base do cem contra um ou contra três, no seu caso em particular. Matar ou morrer, simples assim. Mas, não menos doído. É uma confissão corajosa, impactante. E com um quê de perplexidade com a própria ação.

Mais na frente, em várias oficinas realizadas com os índios  para discutir como proceder com os isolados que roubam e atacam em resposta a qualquer ataque, a onça mostra sua grandeza e diz, com todas as letras que se a proposta dos índios é matar os isolados, eles tem que entender que são brasileiros como qualquer um de nós. Cometerão um crime e como criminosos serão tratados. O exército baixa aqui no outro dia, ele diz. É outra afirmação de impacto, dura até. 

A terra é nossa. Mas tem lei. Quando conheci o Meirelles, há uns anos atrás, eu não sabia de nada disso. Estava de volta ao Acre havia pouco tempo e diante do meu amor pela culinária, um amigo em comum, o jornalista Elson Martins nos convidou para um almoço. O cozinheiro seria um grande amigo, sertanista que vivia longe, no meio da mata. Conectado com o mundo pela internet e pelo rádio, mas bem longe da cidade. Um dos pratos do cardápio era um filé na panela de ferro, regado a vinho e cogumelos, delicioso. A panela era dele, especialmente trazida para fazer o prato.

Aquele senhor de cabelos brancos e barba idem não aparenta a fortaleza que tem. Comprei minha panela de ferro no outro dia e uns tempos depois, preparamos juntos um carneiro que era na verdade um bode, como eu já contei por aqui e mais uns tantos pratos, coisa de quem gosta de cozinhar. Suas filhas Paula e Maria, nossas queridas amigas, o chamam de velho do rio. Mas de velho o Meirelles não tem nada, só a barba branca e rebelde. E a sabedoria, coisa para poucos. 

Ouvimos dele, aqui na varanda de casa, a história do dia em que quase morre de uma flechada. Os isolados ou "brabos", como eles são chamados, haviam sido atacados uns dias pra trás. Descontaram no Meirelles, que mesmo com arma na mão, não reagiu. Conseguiu tirar a flecha do pescoço, escapou das outras e pediu ajuda.

Uma força tarefa foi montada, com a ajuda do Governo do Governo do Estado e ele foi levado de helicóptero, já quase morto. Ficou bom e voltou pro Xinane, a base da Funai, fazendo o mesmo trabalho. Ver o filme me fez admirar mais ainda a extrema verdade do Meirelles, sua simplicidade e desprendimento. Mas, principalmente sua força. Um relato sensível e forte que o diretor Silvio Da-Rin soube conduzir muito bem. Não deixe de assistir. Compre uma panela de ferro e experimente o filé do Meirelles, você não vai se arrepender!

                                   

Acompanhado de arroz com pedacinhos de banana comprida e arroz selvagem fritos...
                                     
Veja também:

No Varal de Ideias, do jornalista e professor Marcos Afonso:

Filé do Meirelles

Ingredientes

1 filé limpo, aparadas as extremidades
Vinho tinto seco, de boa qualidade
1 pote de cogumelos em conserva, já lavados e escorridos
Sal, pimenta do reino a gosto
Alho (opcional)
1 colher de chá de açúcar (se necessário)
1 colher de sobremesa de manteiga (se necessário)
Óleo para fritura

Utensílio necessário

Panela de ferro funda

Modo de fazer

Tempere o filé com sal, uma pitada de pimenta do reino e um pouquinho de alho amassado, se desejar. Coloque numa tigela funda e acrescente vinho tinto de forma a fazer uma marinada. Reserve por pelo menos trinta minutos. Coloque no fogo a panela de ferro com óleo suficiente para fritar (selar) a carne e deixe esquentar bem. Retire o filé inteiro da marinada, coloque na panela e deixe-o fritar rapidamente em todos os lados, apenas para selar a carne. Se o filé for muito grande, pode levar alguns minutos a mais. O ponto certo é de maneira a permitir que o centro da carne ainda esteja bem rosado. Aperte a carne e se estiver muito mole, deixe mais alguns minutos. Tente não passar do ponto, para que a carne não fique dura, deve ficar como um rosbife. Retire a carne e reserve. Jogue o vinho da marinada e os cogumelos na panela, misture rapidamente e prove o molho. Caso esteja ácido, jogue a colher de chá de açúcar e a colher de manteiga, deixe apurar um pouco e recoloque o filé, virando e deixando alguns minutos. Retire a carne e os cogumelos e coloque no prato de serviço, jogando o molho por cima. Espere descansar alguns minutos e só então sirva, cortando fatias finas ou a gosto. Delicioso com arroz branco ou como aqui, acrescido de pedacinhos de banana comprida  e arroz selvagem fritos!
Dica: Esquente bem uma frigideira com um pouco de óleo ou azeite e jogue uma porção de arroz selvagem cru. Ele vai pipocar na hora e ficar crocante. Retire e sirva como acompanhamento ou misture ao arroz, para dar uma crocância. A dica da fritura é do chef Claude Troisgros.

sábado, 17 de novembro de 2012

TORTA DA MEIA-NOITE


Torta de maçã e pera, feita à meia-noite, para comer lendo um bom livro...


Passei esses dias por uns probleminhas de saúde que andaram me tirando o sono. Já sei que não é nada grave, mas para relaxar, esperando o resultado de exames, me vali de livros leves e de um deles tirei a inspiração para esta torta, feita rapidamente sem medidas muito exatas e usando algumas frutas disponíveis na fruteira, que podem variar um pouco.  Chamei-a de torta da meia-noite, pois foi o horário em que ela foi ao forno, tendo sido degustada ainda morna, entre goles de café forte que me fizeram perder o sono de vez.
O livro é Vie de France, uma viagem culinária ao vale do Loire, de James Haller, cozinheiro e dono de restaurante em Portsmouth, EUA. Aos 60 anos, ele e um grupo de amigos resolveram passar alguns dias em um pequeno vilarejo no vale do Loire, na França sob a condição de que ele não cozinharia e é lá, mediante os ótimos produtos franceses, que ele resolve botar a mão na massa e fazer várias receitas simples e saborosas. Faça o mesmo e aproveite!
Torta da meia-noite
Ingredientes
Para a massa
1 xícara de manteiga, aproximadamente
1 ovo
2 xícaras de farinha de trigo, aproximadamente (colocar aos poucos, até a massa dar liga e ficar macia)
3 colheres de sopa de água gelada
Um punhado de açúcar, 1/4 de xícara aproximadamente
Uma pitada de sal, caso use manteiga sem sal
Para o creme do recheio
4 ovos batidos
2 colheres de sopa de vodca aromatizada com baunilha (se não tiver, pode colocar essência de baunilha a gosto)
100 ml de creme de leite
1/2 xícara de açúcar
Para as frutas
2 maçãs nacionais, maduras, descascadas e cortadas em fatias
2 peras descascadas e cortadas em fatias
2 colheres de sopa de manteiga
Modo de fazer
Numa tigela, misture a manteiga, o ovo, a água gelada e o açúcar. Vá acrescentando a farinha aos poucos e misturando até que forme uma massa macia, que possa ser aberta na forma. Como não fiz a torta com medidas exatas, pode ser necessário um pouquinho mais de farinha ou menos, por isso vá devagar. Reserve. Numa outra tigela, bata os ovos ligeiramente com um garfo, acrescente a vodca ou a essência de baunilha, o creme de leite e o açúcar. Prove e se precisar, ajuste com um pouquinho mais de açúcar. Abra a massa numa assadeira redonda, faça alguns furos e arrume as frutas cortadas em fatias. Por cima, despeje o creme e depois as duas colheres de manteiga, espalhadas pela torta. Leve para assar em forno moderado até que o recheio fique cozido e as frutas macias. Pode ser servida ainda morna, com sorvete, creme de leite batido com limão ou uma bela xícara de café. Bom proveito!



SOBRE A DIFICULDADE DO FÁCIL




Arroz na panela, pronto para servir...

Puro, prontinho para comer...


O que é fácil para uns pode muito bem ser motivo de dificuldade para outros. Se assim não fosse não estaríamos nós trocando segredinhos culinários, dicas e receitas e mais um sem número de informações preciosas que visam única e tão somente tornar mais prazeroso aquilo que pode ser motivo de muita preocupação.

Tenho, por assim dizer, uma memória quase fotográfica para números, tabelas e outras coisinhas mais. Entretanto, perco rotineiramente os óculos e as chaves de qualquer tipo e se por acaso saio da cozinha enquanto estiver cozinhando, é quase certo sentir o velho cheiro de queimado. Já cheguei em casa a pé, por nem desconfiar que havia saído de carro enquanto o pobre veículo permanecia muito bem estacionado em algum canto da cidade, confiando na minha cabeça de vento.

Teve também aquela vez em que peguei o elevador toda arrumada, mas com uma toalha de banho molhada no ombro. A vizinha do segundo andar me deu uma olhada tão cautelosa, que eu sabia haver algo de errado e logo me vi dando uma risadinha constrangida e correndo para casa. Mas, são tantas as histórias de completo alheamento, que me sinto às vezes como se fosse duas pessoas: uma racional e lógica e a outra que se desliga ao ponto de nem saber por onde anda, sendo sempre necessária a intervenção dos meus GPS's particulares, filhos e marido. 

A coisa boa é que parei de me cobrar quando não acerto sair de uma rua ou erro cada rotatória caso não conte o número de entradas, ou mesmo quando não tenho ideia de onde pendurei chaves ou deixei a bolsa, ou guardei os óculos ou deixei o remédio. A vida é curta,  não é mesmo?

Aqui em casa, para me compensar, meus filhos e marido se localizam muito melhor do que eu. O mais velho dos filhos dirige por caminhos que eu não sonharia encontrar e desta forma, compenso as ajudas com bolos e biscoitos, um bifinho na grelha, uma geléia diferente. Tem dado certo. Por isso é que um dia desses, conversando com uma querida amiga, dona de uma charmosa loja de chocolates no shopping local, compreendi a sutileza dessas diferenças.

Ela nos dizia que embora sem cozinhar muito, faz uma moqueca deliciosa, entre outros pratos, mas não consegue acertar o ponto do arroz soltinho. É claro, tem arroz de todo jeito: "unidos venceremos", com a crosta queimada na panela, feito na água grande, arroz solto, arroz de leite do Nordeste, arroz integral, com ou sem alho, arroz branco, com colorau,  arroz jasmim, japonês, o de risoto, as possibilidades são imensas e cada um gosta de um jeito.

Isso sem falar no arroz com pequi, na galinhada, no arroz de forno da minha mãe, nos pratos de arroz doce com canela ou nas sobras que viram bolinhos, fritadas e recheios, como no charuto. Ou seja, inúmeras variedades de arroz, maiores ainda as formas de prepará-lo.

Minha atual receita, se é que se pode falar assim, começa pelo meu pai, que exigia arroz muito solto e soltando fumaça, quando eu era criança (e até onde eu sei, continua), passa pelas minhas cunhadas, que fritam o alho amassadinho no óleo antes de colocar os grãos e finaliza com a dona Laura, da pousada Alcobaça, lá em Petrópolis, (leia aqui: http://www.varaldeideias.com/1/?s=alcoba%C3%A7a&submit.x=0&submit.y=0), que coloca uma folha de louro na panela, para perfumar de forma arrebatadora o prato. São indicações gerais, mas que não costumam falhar. Se você também gosta de comer arroz assim, fumegante como meu filho mais novo, a hora é essa. Aproveite!


Arroz soltinho do meu jeito

Ingredientes

500g  aproximadamente de arroz agulhinha, lavado e escorrido
4 a 5 dentes de alho  médios, amassadinhos, ou a gosto
Água fervente o quanto baste
Óleo de cozinha de boa qualidade, o quanto baste
Sal
1 a 2 folhas de louro secas, médias

Modo de Fazer

Numa panela de fundo grosso que comporte a quantidade de arroz utilizada, coloque 4 a 5 colheres de sopa de óleo, ou um pouco menos, se desejar. Acrescente o alho e vá mexendo delicadamente, em fogo médio, de maneira que ele frite, mas não queime. Acrescente o arroz, o sal a gosto e as folhas de louro. Espere alguns segundos, para começar a mexer, de forma que todos os grãos fiquem bem envolvidos na mistura de alho e óleo. Nesta etapa, é importante ter paciência e atenção e o fogo deve ser sempre baixo. Normalmente, dura um pouco menos de dez minutos, até que um chiado característico indique que está na hora de colocar a água fervente. Despeje a água até um dedinho acima da quantidade de arroz e no máximo dê mais uma mexida. Tampe a panela, deixe em fogo baixo e monitore. Não precisa mexer. Quando a água começar a secar, verifique os grãos de cima. Se ainda estiverem muito duros, coloque mais um pouquinho de água, sem encharcar o arroz, apenas para que você perceba que ainda há líquido. Tampe novamente e espere secar. Normalmente, não precisa acrescentar mais água, mas é bom conferir. Quando secar toda a panela, o que você pode acompanhar colocando um dedo molhado no fundo externo e sentindo um chiado (não faça sem experiência, para não se queimar) ou enfiando uma faca no centro, afastando um pouco para ver o fundo, desligue o fogo e sem mexer no arroz, deixe descansar 10 minutos, com a panela tampada. Os grãos de cima devem estar firmes ao toque, o que significa que os de baixo estarão inteiramente cozidos. Retire as folhas de louro e sirva normalmente com uma boa moqueca, um bife grelhado ou outro prato de sua preferencia e bom apetite!   

sábado, 3 de novembro de 2012

CREME DE CHOCOLATE COM CASTANHA DO BRASIL


O creme, com lasquinhas de castanha tostada...


Vez por outra, minha sala é visitada por colegas de trabalho muito interessados em saber o que tem na pequena geladeira para beliscar. Mas, nas últimas tentativas, seja por falta de tempo ou de organização de minha parte, eles tem voltado de mãos abanando e com uma cara de surpresa:_Como? Não tem mais nada por aqui? E eu, de sorriso amarelo, nem tenho o que dizer com a ausência das geléias, do pão caseiro e do chutney, do queijo, enfim, das gulodices rotineiras.

Então, para começar a compensar e de novo reabastecer a geladeira, que tanto nos serviu em longas reuniões, já estou com os pães a crescer na bancada e nada melhor do que um creme tipo Nutella para acompanhar. A receita vem de um ótimo livro, cheio de pequenos achados, o Gifts da Cozinha, de Annie Rigg, Ed. Melhoramentos. Mas,  resolvi experimentar com castanha do Brasil, muito mais a mão do que as avelãs. O resultado foi maravilhoso! O sabor é delicado e para surpresa minha, suave. Pode ser comido puro, no recheio do bolo, na fatia de pão e onde mais sua imaginação mandar. Aproveite! 

Creme de Chocolate e Castanha do Brasil (ou do Pará, adaptado)

Ingredientes

75g de castanhas, levemente torradas, sem sal nem pele
100 ml de leite condensado
100g de chocolate meio amargo
1 a 2 colheres de sopa de óleo de castanha do Brasil (na falta, tente usar um óleo de boa qualidade, suave)
1 pitada de sal
3 a 4 colheres de sopa de água quente
lasquinhas de castanha tostada, para decorar (opcional)

(Obs: usei um pouquinho mais de leite condensado, óleo e água, apenas para ajustar o sabor. No original, o chocolate é amargo e o óleo de avelãs, mas usei chocolate meio amargo e óleo de castanha)

Modo de fazer

Preaqueça o forno a 180 graus. Coloque as castanhas em uma assadeira pequena até tostar levemente. Retire do forno e ainda quentes, esfregue-as com um pano de prato, para que as cascas saiam. Coloque no processador ou na falta deste, do liquidificador e bata até ficar um pozinho bem fino. Coloque numa panelinha o chocolate em pedaços, o leite condensado e o óleo de castanha (ou seu substituto) e leve ao fogo baixo até que o chocolate derreta. Mexa, acrescente à castanha no processador (ou liquidificador), bata um pouco, junte a pitada de sal e a água quente e bata até virar um creme espesso. Coloque em um pote esterilizado e após esfriar, consuma normalmente, com pão, torradas ou bolachas ou no recheio de bolo. É uma delícia!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SÃO PAULO DA GAROA

Estive em São Paulo para a conclusão de um tratamento dentário que não poderia mais ser adiado. Nada grave, mas necessário. E enquanto esperava os dias de atendimento com o pânico previsto por quem me conhece, olhava para a cidade tentando entender como funciona a convivência entre mais de onze milhões de habitantes, sem contar a população dos Municípios próximos que formam a área metropolitana. Há tudo para todos os gostos e algumas pequenas boas surpresas, é só se deixar levar. E depois de uns dias de calor insano, uma chuvinha persistente e a velha e boa garoa esfriaram o tempo.
  
Pitangas maduras no meio da rua, esperando pela colheita...

De cara, encontrei minha querida amiga Neide Rigo, nutricionista e blogueira das mais competentes. A Neide agora está todas as quintas no caderno Paladar do Estadão, com a coluna Nhac! e também pode ser acompanhada nos blogs www.come-se.blogspot.com e www.piqueniquepertodecasa.blogspot.com, imperdíveis para os amantes da cozinha e para quem gosta de aprender. Já falei da Neide aqui, com a ótima receita de pão de jerimum (ou abóbora), que virou o queridinho lá de casa. (Leia em http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2012/04/come-se-na-floresta.html).
Morri de pena de não ter conseguido levar para ela uma mudinha de cupuaçu, já que a companhia aérea brecou o meu desejo, mas já aprendi como fazer e na próxima, teremos muda contrabandeada para São Paulo, aguardem.

Na bagagem, levei para ela para ela a farinha de tapioca e alguns dos feijões de Cruzeiro do Sul: gorgotuba, gorgotuba roxo e manteiguinha, além das farinhas branca, com açafrão e com coco. (Leiam aqui a referência no blog dela: http://www.come-se.blogspot.com.br/2012/10/presentes-de-comer-fuba-farinha-de.html).
Sabem como é, cozinheiro que se preza vive de garimpar essas coisinhas para lá e para cá. De quebra, conheci a Dendê, uma cachorrinha muito simpática. Ainda esticamos até o Mercado da Lapa, uma versão menor e menos turística do Mercadão da Cantareira. 


Eu e a Neide no Mercado da Lapa, onde comprei fava e queijo manteiga...


O ipê branco, próximo à casa da Neide, lindo...

 Como fiquei hospedada no Centro, comecei a descobrir alguns lugares bem interessantes, imperdíveis. Contei com a  ajuda do livro Guia da Culinária Ogra - 195 lugares para comer até cair, do André Barcinski, colunista e crítico da Folha de São Paulo, Ed. Planeta, que relaciona vários restaurantes, lanchonetes e mata-fomes da cidade, espalhados pelo Centro e adjacências, além de outros bairros. A Casa Búlgara, quase na esquina do restaurante Acrópolis (leia em http://www.varaldeideias.com/1/?s=acr%C3%B3polis&submit_x=0&submit_y=0&paged=2) é imperdível: massa folhada em forma de rosquinha, com vários recheios como carne, queijo búlgaro com espinafre, gorgonzola e outros. A massa derrete na boca e já teve inúmeras citações em várias publicações culinárias e artigos de jornal. Arremate com um chocolate quente e termine com um strudel de maçã, doce na medida. Saia sem culpa e programe o retorno.

Saindo da Av. Ipiranga e entrando na 7 de Abril vá até a rua Marconi, 19. Lá está o Giramondo Caffè, dica do blog Comidinhas. É pequenininho, mas tem jeito de gente grande: o café é ótimo e também servem sanduíches e bolos, além de alguns salgados. Próximo dali, no edifício Copan, idealizado por Niemeyer está o bar da Dona Onça. Comida brasileira, tem sopa, tem sanduíche no pão francês, tem galinhada, tem massas caseiras produzidas pelo marido da chef, o Jefferson Rueda, que acaba de abrir um restaurante bem elogiado pela crítica, o Attimo. Não é barato, mas é bom...

O espresso do Giramondo Caffè, acrescido de um coraçãozinho para o Marcos

Na sexta aproveitei o feriado para dar um pulo no Mercadão da Cantareira, meu shopping preferido. Lá, experimentei tâmaras carnudas e deliciosas e grenadilla, uma espécie de maracujá, doce e suculento. Aproveitei para passear por entre as frutas, pimentas, azeitonas, queijos e os muitos produtos disponíveis no Mercadão, ponto de encontro de chefs e gourmets, além do público em geral.




Framboesas, frutas cristalizadas, pimentas biquinho e azeitonas diversas, no Mercadão da Cantareira

Próximo ao Mercadão, no Empório Akkar, tive uma triste notícia: o proprietário, seu Abílio, partiu há duas semanas. Todas as vezes em que vamos a São Paulo, o Empório é parada obrigatória, com seus produtos árabes e doces maravilhosos. Agora a família se encarrega de levar adiante a loja, com todo o cuidado e carinho do mundo.


Doces árabes e quindins do Empório Akkar

 Aos sábados, dá para se distrair na feirinha da praça Benedito Calixto. Ali, bugigangas se misturam com antiguidades, presentinhos alternativos nas lojinhas do entorno e também marcas conhecidas e mais caras. Em um dos lados da praça, uma cantina italiana serve entre outras coisas, um ótimo cannoli de ricota com nozes, uma delícia com um espresso para espantar o frio. É o Benedetto, do ladinho da praça. Depois do café, dê uma voltinha pela feira e aproveite!


O cannoli do Benedetto...











As atrações da feirinha da Benedito Calixto...


Endereços citados e/ou visitados:


Attimo: rua Diogo Jácome, 341, Vila Nova Conceição, São Paulo. Tel.: 11 5054-9999
Benedetto: Praça Benedito Calixto, 94, Jardim Paulista
Bar da Dona Onça: Avenida Ipiranga, 200,  República
Mercadão da Cantareira: Rua da Cantareira, n. 306, Bom Retiro
Mercado da Lapa: Rua Herbart, 47 - Lapa
Feira da Praça Benedito Calixto, s/n
Empório Akkar: Comendador Afonso Kherlakian, 165, Centro
Giramondo Caffè: Rua Marconi, n. 19, Centro
Casa Búlgara: Rua Silva Pinto, n. 356, Bom Retiro
Acrópolis: Rua da Graça, n. 364, Bom Retiro 

Blogs citados:

Come-se :www.come-se.blogspot.com
Piquenique perto de casa: www.piqueniquepertodecasa.blogspot.com
Comidinhas: http://colunistas.ig.com.br/comidinhas/