quarta-feira, 20 de junho de 2012

MOQUECA PARA OS AMIGOS

Moqueca pronta para o abate...



Ainda me lembro como se fosse hoje da primeira vez que vi o mar. Melhor dizendo, a primeira vez que em que me dei conta de que aquela imensidão azul era muito, mas muito maior do que o rio a que eu estava acostumada, tinha outra cor, outro sabor e o mais estranho, não dava para andar nele de canoa.

Eu devia ter uns cinco anos e minha mãe fazia a primeira visita aos pais, irmãs, cunhado e sobrinhas que haviam arribado numa viagem inversa à que os cearenses fizeram para o Acre.  A rua em que meus parentes agora moravam era o sonho de consumo de qualquer menino soltador de papagaio, tamanho o vento, a fazer redemoinhos e levantar as saias. Em vez de tijolos, areia muito branca, a entrar metida pelas sandálias dos pequenos.

Voltando ao mar, meu tio pegava aquele bando de meninos deslumbrados e nos levava a todos para uma praia nesta época muito limpa e eu nem mesmo imagino como fazia para nos controlar e evitar que a falta de costume nos fizesse engolir muito sal.
De quando em vez, saíamos bolando, levados por ondas que empurravam tudo, até crianças magrinhas que ainda não sabiam como se comportar.

Mas, o meu maior encantamento era esperar a onda vir e de costas para o mar, em pé na praia, esperar que ela voltasse e transformasse meus pés  em pequenas pranchas de surfe, dando a nítida impressão para os meus olhos de menina, de que eu é que saía do lugar, não a água ao passar pelos meus pés. Por muito tempo naveguei nessa ilusão. Até que, já grandinha, voltei ao mar e ao tentar reproduzir aquela lembrança tão cara, percebi que havia me enganado.

Passei um bom tempo sem acreditar. Minha sensação foi aquela de quem chega já crescido num quintal que frequentava na infância, após muitos anos sem pisar naquele chão e se dá conta de que ele é infinitamente menor do que o tamanho que ficou na lembrança. Mas, optei por acreditar que sim, é possível surfar na areia. E mesmo adulta, guardei aquele encantamento como um presente, uma lembrança feliz a que eu recorro quando preciso lembrar que meus pés, ainda que sem sair do canto, podem me levar a viagens infinitas. Basta ter espírito de criança e deixar a vida fluir.

Esta semana consegui tirar alguns dias necessários de férias. Não o suficiente, mas o possível, o que já está me fazendo um bem enorme. E hoje consegui molhar os pés na água do mar e de novo lembrar a criança que fui. E também fiz a primeira visita aos pais da namorada do meu filho mais velho, uma família encantadora, que tive muito prazer em conhecer. E reencontrei velhos e queridos amigos, que sempre estarão no meu coração. Assim como as águas, a vida segue em ondas e nos mostra os começos e recomeços de cada ciclo e estou muito feliz por essa nova etapa.

Para comemorar, nada como uma boa moqueca, com o peixe e o camarão comprados fresquinhos ali perto da casa da Rosa, minha querida anfitriã, que sabe como é, não tem colher de medida nem batedeira em casa, mas adora comer. Na sobremesa, um creminho gelado, receita da Artemisa, a mãe da minha norinha, uma delícia. 


Moqueca para o jantar, à minha moda

Ingredientes

1 kg de filés de pargo (peixe de água salgada) ou equivalente, sem a pele, cortado em postas
1/2 kg de camarões sem casca
2 tomates maduros
1 pimentão verde
1 cebola grande
ramos de salsinha picados finamente, a gosto
1/2 xícara de cebolinha, picada finamente ou a gosto
1 limão
4 dentes de alho pequenos
5 a 6 colheres de sopa de azeite de dendê ou a gosto
colorau a gosto
1/2 vidro pequeno de leite de coco ou a gosto
sal a gosto
Azeite a gosto
Água quente


Modo de Fazer

Lave rapidamente os pedaços de peixe, coloque-os numa tigela e sobre eles, esprema meio limão, deixando por alguns minutos. Lave novamente, seque ligeiramente e passe sal sobre um dos lados de cada pedaço, não demais. Deixe descansar por aproximadamente meia hora. Corte um tomate, metade do pimentão e da cebola bem picados. Corte o restante em rodelas, assim como o outro tomate. Reserve, juntamente com a salsinha e a cebolinha picados, arrumados em um prato. Lave os camarões com água e limão, escorra e coloque um pouquinho de sal. Reserve. Numa panela média coloque 3 a 4 colheres de azeite e o alho amassado e deixe dourar levemente. Acrescente a cebola, o pimentão e o tomate picados, bem como um pouquinho da salsinha e cebolinha picados. Deixe refogar, acrescente 1 a 2 colheres de chá de colorau, misturando bem. Coloque algumas colheradas de água quente, para não grudar e deixe refogar mais um pouco. Arrume com cuidado as postas de peixe por cima do refogado, até preencher a panela. Coloque fatias de tomate, pimentão e cebola por cima, bem como salsinha e cebolinha picados. Regue com metade das colheres de azeite de dendê ou um pouco mais, se gostar. Faça uma segunda camada do peixe e verduras, tampe a panela e deixe cozinhar alguns minutos. Acrescente um pouco de água quente, ajuste o sal e tampe novamente. Após 5 ou 6 minutos, distibua os camarões por cima, regue com o leite de coco e deixe cozinhar mais um pouquinho, o suficiente para que os camarões avermelhem. Polvilhe cebolinha e sirva com arroz branco e pirão, se desejar. Esta aqui foi feita com um pouquinho mais de dendê, mas ele pode ser reduzido, a gosto. Deixe descansar por 5 minutos e sirva em seguida. Lembrete: peixes e camarões jamais podem cozinhar demais, bastam alguns minutos.


Sobremesa da Artemisa ligeiramente adaptada

1 lata de leite condensado
2 potes de Danette (marca registrada) de chocolate branco (pode ser do escuro)
2 caixinhas de creme de leite (1 apenas na receita original)
1/2 xícara de flocos de Ovomaltine (marca registrada) ou a gosto

Bater no liquidificador o leite condensado, os potes de Danette e o creme de leite. Forrar o fundo de um refratário com os flocos de Ovomaltine, despejar com cuidado os ingredientes batidos e polvilhar mais Ovomaltine. Levar ao congelador e servir quase congelado, em taças. Delicioso!


No jardim de amigas, Rosa e Roza e Cleide, irmã da Rosa: moqueca e vinho, sobremesa e bolo para mais tarde...


domingo, 10 de junho de 2012

COOKIES PARA O LANCHE


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Os cookies de chocolate, debaixo do pé de jambo...


Meu professor  de Inglês tem uma qualidade rara, além da competência: é muito paciente. Suas aulas são a cara da escola, divertidas e antenadas. Se não fosse, já me teria dado as contas por irromper na sala por duas vezes carregando bandejas. A primeira com pão, geléias e bolo, transformando a aula num lanche coletivo. Sabe como é, quem gosta de cozinhar termina levando os outros na banda...

Mas, acho que os colegas não reclamaram. Nem ele, é claro! Na segunda vez, resolvi assumir o lado cobaia que gentilmente meus colegas reivindicaram e apareci com uma bandeja de cookies recém-assados que provocou muitos humm-hummm...desta vez, deixamos para a hora do intervalo e foi uma festa. Os cookies são biscoitos característicos dos Estados Unidos. Os mais tradicionais levam pedacinhos de chocolate na massa, mas nele cabe de tudo: castanhas, nozes, coco, chocolate meio amargo e o que mais a imaginação mandar. São rápidos, fáceis e nem precisam de assadeira untada, apenas um pouco de atenção na hora de executar a receita.
 
Esta aqui foi ligeiramente adaptada do ótimo livro  da Heloísa Bacellar, o Cozinhando para Amigos. Como não tinha chocolate branco, usei gotas de chocolate meio-amargo da Callebaut, mas você pode perfeitamente cortar uma barrinha de chocolate em pedacinhos, o que dá o mesmo efeito. Acompanhe com um chocolate quentinho ou um copo de leite e curta esse esse restinho de frio que já está acabando!

Cookies com castanha do Pará (ou do Brasil) ligeiramente adaptado

Ingredientes

100g de chocolate meio-amargo em pedaços
1 e 1/2 xícara de farinha de trigo
1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio
1/2 colher de chá de sal (a receita original pede 1 colher)
1/2 xícara de açúcar refinado
1/2 xícara de castanhas picadinhas, levemente tostadas (a receita original pede nozes)
150g de manteiga gelada em cubinhos
1 ovo
100g de gotas de chocolate meio-amargo ou a mesma quantidade de chocolate cortado em pedacinhos pequenos (a receita original pede chocolate branco)

Modo de Fazer 

Separe duas assadeiras grandes. Derreta o chocolate meio-amargo em banho-maria e reserve. Numa tigela, acrescente a farinha, o bicarbonato, o sal, o açucar, as castanhas, junte a manteiga e misture delicadamente com as pontas dos dedos, até conseguir uma farofa. Acrescente o ovo e o chocolate derretido. Por último, misture os pedacinhos de chocolate. A tigela deve ser levada à geladeira para firmar um pouco a massa. Nesse momento, aqueça o forno a 180 graus. Após uns 15 minutos, retire a tigela da geladeira e com uma colher de chá tire porções da massa e vá colocando na assadeira, mantendo uma distância de 3 a 4 cm entre elas, pois ao assar, o biscoito se espalha. Leve ao forno moderado por uns 10 a 12 minutos. os biscoitos saem ainda moles do forno e devem esfriar um pouco antes de serm descolados da assadeira. Após esfriarem por completo, guarde-os em potes bem fechados. Bom apetite! 


sábado, 2 de junho de 2012

DIETA, MAS NEM TANTO

A rua dos meus pais, ao cair da tarde...

Depois de uma semana de muita correria e uma alteração na pressão nada desejável, resolvi tomar vergonha e coragem: como hoje não é segunda-feira, penso que a decisão se manterá por mais tempo, assim a saúde agradece e a família idem. Portanto, tênis no pé e assim que amanheceu o dia, pus-me a passear pelo bairro. Claro, não posso nem pensar em virar atleta e sair correndo por aí. Pensei então que a primeira negociação é com este corpinho sedentário: sair da zona de conforto e da tapioca com manteiga e café preto logo de manhã.


A segunda é convencer este cérebro preguiçoso. Sim, porque caso isso não esteja resolvido, vocês sabem, a probabilidade de sabotagem é imensa. Daí o começo pelas ruas tranquilas do bairro onde moro, olhando as plantinhas nas calçadas, ouvindo o cachorrão doido pra dar o bote, devidamente resguardado pelo portão imenso. No meio da caminhada, vejo uma senhora cortar de forma furtiva galhos de uma planta na calçada. Olhando para os lados, enfiou tudo numa sacola plástica e saiu rápido.


Atravessei a rua, curiosa. Peguei uma folhinha e o cheiro de cidreira me invadiu as narinas. lembrei de imediato que quando criança, gostava de sair pelas casas, pedindo flores. Zínias, cravos, rosas, onze-horas abundavam nos nossos quintais de antigamente. Chegava nas casas e pedia galhos, flores e plantas e em casa, arrumava tudo com cuidado. Havia um pequeno beco, meio escondido, por onde se ia para uma ruazinha paralela onde não passava carro. Lá, em todas as residências as flores explodiam em cores, formando na minha memória de criança uma das mais lindas lembranças.


Era como um jardim encantado. Até hoje, amo plantas e flores, é onde me sinto em casa, quando estou perto delas. Aqui em casa, a lateral começa a se cobrir de rosa choque por causa das flores de jambo, que sem pudor nenhum se esparramam pelo chão, fazendo inveja aos estilistas. É de chocar de tanta boniteza, mesmo.





Mas, a vida não é só dieta e exercício. E como sou completamente adepta da comfort food, aquela comidinha de alma que ajuda a equilibrar o dia, preparei o bolo de laranja para tomar com café. Se sobrar, o que acho difícil, corte em fatias de espessura média, coloque-as numa assadeira sem untar e leve-as ao forno. Você terá torradas de bolo deliciosas para tomar com chá, café ou chocolate. Esta é uma das receitas que você pode fazer, ligeiramente adaptada do ótimo site La Cucinetta (www.lacucinetta.com.br). Aproveite!




Bolo de Laranja  (ligeiramente adaptado)

Ingredientes

1 copo de iogurte natural, integral e mais um pouquinho para completar 180ml
1 copo (use o do iogurte) de azeite ou óleo de boa qualidade (usei azeite)
2 copos de açúcar cristal (usei refinado, pois não tinha do outro em casa)
3 copos de farinha de trigo branca
2 colheres de chá de fermento para bolo
raspas de 1 laranja
1 a 2 colheres de sopa de suco de laranja (não constantes da receita original)

Modo de Fazer

Ligue o forno a 180 graus. Passe manteiga e farinha em uma forma média, de buraco no meio e reserve. Misture os ingredientes líquidos, acrescente os ovos, batendo um pouco até ficar homogêneo. Acrescente a farinha, o fermento e as raspas e misture bem. Coloque na forma e no forno até dourar. Se desejar, polvilhe açúcar de confeiteiro para dar um charme. Bom apetite!